[Farsa ou Fato] Parque Municipal se tornou dormitório para moradores de rua?

Jéssica Munhoz/Portal Bhaz

Visitar o Parque Municipal Américo René Giannetti e encontrar pessoas descansando nas gramas é algo comum. Muitos cidadãos passam pelo parque e acabam parando por ali para admirar a paisagem. Entre os visitantes, há também moradores de rua, o que acabou levantando boatos entre transeuntes. Os rumores eram de que alguns sem-teto estariam dormindo no local durante a noite, tornando-se moradores do ponto turístico.

A portaria do parque é aberta diariamente das 6h às 18h, exceto nas segundas-feiras, dia reservado para a manutenção do local. De acordo com a chefe do departamento operacional do parque, Doralita Reis, todos os dias, por volta das 17h45, a Guarda Municipal faz uma varredura total para se certificar de que não fique ninguém ali durante a noite.

O guarda municipal Douglas Martins Soares reforça a informação. “Os moradores de rua que habitam aqui sabem que às 18h eles tem que ir embora. Somente aqueles que estão muito alcoolizados é que ficam aí”.

Soares justifica que caso o morador de rua esteja muito alterado, a guarda noturna fica responsável até que ele possa retomar os sentidos. “A gente deixa até eles se restabelecerem e saírem, até porque, se eles saírem muito alcoolizados lá pra fora, o risco de sofrer um acidente e perder a vida é muito grande”.

Contudo, o guarda certifica que antes dos portões se fecharem, a maior parte dos andarilhos já começa a se retirar sem problemas. “Isso aí é lenda urbana, nunca tivemos esse tipo de ocorrência dentro do parque. São falácias da vida! O pessoal constrói os mitos e espalham por aí”.

Isaías, de 39 anos, é morador de rua há 10. Sem alternativas, ele passou um quarto de sua vida dormindo sem um teto. O homem afirma que costuma frequentar o parque durante o dia, e a noite procura por marquises ou viadutos. “A gente fica aqui porque nem todo mundo tem lugar melhor pra ficar”.

O morador de rua confessa que o parque é um local onde pode encontrar um instante de paz. “O tempo que a gente tá aqui deitadinho, não estamos pensando em nada de ruim. Pode até pensar… Mas tá de boa. Só que se a gente for pra rua… Aí já viu! Tudo pode acontecer!”

Situação

De acordo com Doralita Reis, muitos dos moradores de rua que frequentam o parque acabam também cuidando dele. “Eles prezam pelo lugar, informam sobre vazamento de água, vigiam o parque”.

A funcionária afirma que é raro ocorrer algum problema, apesar de alguns casos de vandalismo. “Eles preferem aqui do que o albergue. Mas é necessário tentar uma solução, porque a população fica coibida de ir ao parque. A maioria deles não traz ameaça alguma, mas, quando estão embriagados, ficam fora de si”.

A chefe de departamento diz que pretende apresentar uma proposta para o próximo governo municipal sugerindo que essas pessoas que já frequentam – e zelam – pelo parque possam trabalhar nele. “Seria bom dar atividades para eles porque assim eles podem se sentir úteis”.

Portanto, diante das informações, a permanência noturna de moradores de rua no Parque Municipal é uma FARSA.

Jéssica Munhoz

Jessica Munhoz é redatora do Portal Bhaz e responsável pela seção Cultura de Rua.

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