Não abandonem nossos idosos!

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Por Adriana Buzelin*

Em muitas culturas, o idoso é tratado como um sábio e reverenciado por sua experiência, frequentemente sendo chamado, após aposentado, para prestar serviços de aconselhamento ao governo e às empresas. No Brasil e em outros países do mundo ocidental estabeleceu-se uma cultura de consumo que desvaloriza as pessoas antigas, como se elas fossem dispensáveis e um fardo para a sociedade.

Nada mais errado, primeiro porque a vivência vale muito mais que a instrução. E depois porque, segundo pesquisa do IBGE, 3 em cada 10 idosos sustentam toda a sua família, e o Censo de 2000 mostra que 27% dos idosos respondem por 90% dos rendimentos de suas famílias (em 2016, este número aumentou significativamente, dado ao enorme índice de desemprego que assola o país, mais de 10%). Nas áreas rurais, a proporção de idosos provedores ainda é maior. Ainda segundo técnicos do IBGE, no ano 2050 o Brasil terá 259 milhões de habitantes, dos quais serão 49 milhões com mais de 65 anos e 43 milhões entre zero e 14 anos, ficando evidente o envelhecimento da população brasileira.

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O idoso, como qualquer cidadão, que vive no município cada vez mais depende dos equipamentos urbanos para se locomover, alimentar, divertir-se, cuidar da saúde, atualizar-se tecnologicamente, obter informação, ter uma habitação digna e outras questões básicas para uma vida digna. Porém, as cidades, de uma maneira geral não se preocupam com esta questão.

Algumas cidades, entretanto, no Brasil já estão trabalhando com a inclusão do idoso e servem de exemplo para copiarmos em Belo Horizonte, que já possui alguma coisa neste sentido, mas tem muito a melhorar, especialmente nas áreas de esporte, artes, lazer, saúde, transporte e inclusão digital, dentre outras.

Maringá, Nova Odessa, Cascavel, Prainha de Anastácio, São Paulo, Arujá, Novo Horizonte do Sul, Rolândia, Campo Grande e São José dos Campos são alguns bons exemplos nesta questão.

É de conhecimento público que o Sistema de Aposentadorias do INSS é sempre indicado com deficitário e este déficit crescerá mais à medida em que a expectativa de vida do brasileiro aumenta vertiginosamente. Tal problema atinge também os Sistemas Complementares de Aposentadoria. Além disto, justamente quando está idosa, a pessoa tem maiores despesas com saúde e a aposentadoria diminui a cada ano.

Na realidade, há quem questione o déficit do INSS não como decorrente de uma questão demográfica, mas de uma irresponsabilidade na gestão associada à corrupção e desvio de finalidade, mas ainda que assim tenha sido, dificilmente será possível recompor o equilíbrio dessas contas. Portanto, é urgente que se crie novas possibilidades de renda para os idosos a nível municipal, já que hoje se atribui tal responsabilidade apenas aos governos federais e estaduais, muito pouco sensíveis às necessidades dos cidadãos. A vida acontece é nas cidades e não nos Estados e na Nação, que são meras ficções.

Investir no aproveitamento do trabalho das pessoas idosas, priorizar a construção de equipamentos urbanos orientados para as deficiências típicas da terceira idade e criar sustentabilidade à velhice deve ser uma prioridade de qualquer sociedade, mais ainda na nossa que está envelhecendo a passos largos.

Se os nossos velhos forem abandonados à sua própria sorte ou à caridade dos filhos no futuro, teremos uma grande parte da população em estado marginal propiciando o aumento de custo a Assistência Social, um aumento da violência urbana e altíssimos custos para o Sistema Público de Saúde.

* Adriana Buzelin é pessoa com deficiência, palestrante motivacional, diretora da revista digital Tendência Inclusiva, colunista da Revista Reação falando sobre esportes e aventuras radicais adaptadas, mergulhadora adaptada, artista plástica e modelo inclusivo.

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