Pessoas, monumentos, lendas, amores, momentos… O que forma a história de uma cidade? É possível registrar um século de desenvolvimento? Em 1997, no aniversário de cem anos de Belo Horizonte, uma série de ações da Prefeitura culminaram no Baú do Centenário, que reunia elementos históricos da cidade.
A caixa de metal foi enterrada no centro da capital, com a promessa de só ser aberta cem anos mais tarde, em 2097. Em celebração aos 126 anos de BH, comemorados nesta terça-feira (12), o BHAZ relembra o caso do Baú do Centenário e outras curiosidades que permeiam a história belo-horizontina.
Baú do Centenário
Em 1997, o prefeito de Belo Horizonte Célio de Castro (PSB) enterrou no Parque Américo Renné Giannetti, mais conhecido como Parque Municipal, o chamado Baú do Centenário de BH. Produzida pela siderúrgica Acesita, a caixa reunia um exemplar da moeda comemorativa do centenário, uma carta de Célio, exemplares de jornais locais publicados naquele 12 de dezembro, uma cópia do orçamento da PBH, mensagens de moradores, livros lançados sobre a cidade e outros elementos.
“Foi um ano inteiro de ações comemorativas, até que no dia do aniversário o Baú foi enterrado. O momento contou com a presença do prefeito, de escolas municipais e muitas pessoas interessadas, ali perto do Caródromo, outro monumento histórico, que homenageia os fundadores da cidade”, conta Yuri Mesquita, historiador e diretor do Arquivo Público da capital.
Os símbolos que marcaram a festa do primeiro centenário de BH só poderão ser conhecidos pelo público em 74 anos (se contarmos a partir do aniversário de 126 da capital), entretanto. Com o enterro da caixa de memórias, ficou a promessa de que o Baú do Centenário só seria aberto em 12 de dezembro de 2097, nas celebrações do bicentenário da cidade.
Copa Centenária
Além do Baú, o aniversário de cem anos de Belo Horizonte foi marcado pela Copa Centenário. Elaborada pela Federação Mineira de Futebol, em parceria com a PBH, a competição oficial internacional reuniu oito clubes de futebol de quatro países diferentes.
Participaram da Copa os mineiros Cruzeiro, Atlético e América, o time paulista Corinthians, e o carioca Flamengo. Na ala internacional, a disputa trouxe a BH o Olimpia, do Paraguai, Benfica, de Portugal, e o Milan, da Itália, considerado à época o melhor time de futebol do mundo.
Diante de um público de quase 40 mil pagantes, o Atlético levantou a taça da Copa Centenário, em final disputada contra o Cruzeiro. O campeonato também marcou a despedida do meio-campo Toninho Cerezo, ídolo do Galo, como jogador de futebol, aos 42 anos.
Baús de outros aniversários…
Apesar de intrigante, a ideia de enterrar uma caixa com lembranças não foi original dos organizadores do centenário de BH. Ela teve inspiração no Baú do Cinquentenário, enterrado em 12 de dezembro de 1947. Curiosamente, ao contrário da caixa dos cem anos, não se sabe onde o Baú de 47 está.
“Belo Horizonte não tinha autonomia administrativa até 1947. Era como um órgão do governo do estado de Minas Gerais. Então havia uma certa ‘bagunça’ administrativa naquela época, que atrapalhava alguns registros. Felizmente, no centenário nós já tínhamos uma estrutura condizente, que permitia a documentação desses fatos”, aponta Yuri.
O pesquisador destaca que o cinquentenário de BH também contou com uma Copa de futebol, mas que os registros são difusos. E quanto ao baú perdido, sobrevivem as expectativas de historiador. “Seria preciso uma pesquisa histórica bem detalhada, um resgate de documentos. É remoto, mas é possível. Quem sabe um dia a gente acha?”, ri.
