O Mineirão, administrado pela Minas Arena, realizou, nesta quarta-feira (7), um treinamento para colaboradores terceirizados. A capacitação integra as ações da campanha “Todos contra a Importunação Sexual”.
Participaram das atividades, os representantes do estádio, da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), da Defensoria Pública de Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) e do Instituto Casa da Palavra, grupo que convoca homens para o debate sobre violência de gênero.
Clique no botão para entrar na comunidade do BHAZ no Whatsapp
De acordo com a organização, o encontro é uma oportunidade de aprendizado e um passo para promover um ambiente mais seguro e respeitoso, especialmente para as mulheres. Em pesquisa realizada pelo estádio em 2022, 55% das frequentadoras do espaço disseram já terem sofrido ou presenciado algum ato de importunação sexual nos jogos.
Durante a capacitação contra a importunação sexual, em que participaram cerca de 100 pessoas, foram abordados temas para identificar, prevenir e agir contra diferentes formas de assédio. “O encontro é de fundamental importância para pensarmos no acolhimento da vítima, como se comportar em casos de importunação e, ao mesmo tempo, capacitar essas pessoas para que estejam atentas às provas e possam gerar uma responsabilização mais efetiva”, ressaltou a promotora Ana Tereza Giacomini.
De acordo com a gestora de comunicação e marketing do Mineirão, Barbara de Faria, “o treinamento é muito importante para a capacitação dos profissionais que atuam no estádio, com certificação da campanha ‘Todos Contra a Importunação Sexual’, assinada pelo projeto #Repense”. Ela conta que, para a mensagem da campanha continuar a reverberar de forma positiva, servindo de espelho para outros estádios e fazendo do Mineirão um espaço cada vez mais acolhedor para as mulheres, a campanha está passando por uma reformulação, com um visual “mais moderno e uma linguagem mais imperativa, deixando claro que importunadores não são bem-vindos”.
No encontro desta quarta, os colaboradores puderam tirar dúvidas, especialmente com relação ao registro de ocorrências policiais e de acolhimento das vítimas. A tenente Blenda Amaral, da Polícia Militar, alerta que os casos devem ser denunciados, preferencialmente, assim que acontecem para que as autoridades tomem providência.
“Caso a pessoa não queira fazer o registro no momento da partida, ela pode procurar uma delegacia da Polícia Civil ou um quartel da Polícia Militar para o registro posterior. Mas é importante que naquele momento que ocorra a agressão, para fins de flagrante e de condução desse autor, a vítima procure de imediato qualquer funcionário do Mineirão para que ele possa fazer o encaminhamento da ocorrência para os demais procedimentos. Mas fica à critério da vítima”, explicou a tenente.
De acordo com a Minas Arena, o estádio tem no estacionamento G2, próximo à saída da avenida Antônio Abrahão Caram, o Juizado Especial Criminal (Jecrim), onde funciona a delegacia do estádio. Vítimas de importunação sexual, LGBTQIA+fobia ou injúria racial podem fazer o boletim de ocorrência no local durante as partidas. Os vigilantes e funcionários do estádio são instruídos de como agir no acolhimento das vítimas. Eles têm uma cartilha que os orienta a acalmar a vítima, se mostrar disponível para ajudar, não julgar, questionar, criticar ou banalizar o relato e a incentivá-las a realizar a ocorrência policial. Também é possível fazer denúncias através dos QRs Codes disponíveis em cartazes espalhados pelo estádio.
“O acolhimento é importante porque é a gente consegue que essa mulher nos acesse, que não tenha medo, que ela se abra e começar o tratamento dessa denúncia. é importante mostrar que tem uma porta aberta, sem preconceito, com escuta e se sinta encorajada de apresentar essa denúncia de importunação ou outro tipo de violência”, afirmou a defensora pública Diana Fernandes de Moura.