[Coluna do Orion] Temer deixa hospital, mas seu governo terá só quatro meses de sobrevida

Deputados federais votam a segunda denúncia contra Temer

No mesmo dia em que entrou e saiu de hospital por conta de um mal-estar, Michel Temer deixou o CTI da política por uma operação política que lhe salvou o mandato. Por 251 dos 513 deputados federais contra 233 desfavoráveis, o presidente se livrou, pela 2ª vez, do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi denunciado por obstrução de justiça e organização criminosa. Por outro lado, a sobrevida conquistada é de apenas quatro meses.

Sem a possibilidade de sofrer cassação, o governo Temer entra agora numa rota de contagem regressiva. Se conseguir apoio parlamentar para votar projetos de ajuste fiscal e reformas, terá que fazê-lo nos meses de novembro e dezembro deste ano; janeiro é de recesso, restando ainda fevereiro e março para votações. A partir de abril, o país será tomado pela agenda eleitoral, no qual pré-candidatos à sucessão presidencial de 2018 serão o centro das atenções.

No mesmo período, os atuais deputados federais e senadores ficarão naquele recesso branco, sem dar quórum, viajando para suas bases (interior) a fim de garantir a própria reeleição. Não será fácil reuni-los em Brasília, muito menos em torno de pautas azedas e impopulares. O próprio governo sofrerá baixas daqueles ministros que irão disputar as eleições, razão pela qual terão que se desincompatibilizar (deixar o cargo).

Já na segunda votação da denúncia (25/10), Temer perdeu apoio em relação à denúncia anterior, por corrupção passiva. Na sessão que derrubou a 1ª denúncia, 263 deputados decidiram apoiar o presidente; agora, perdeu 12. Não quer dizer que esse mesmo desempenho se repetiria em votação de reformas, até porque a maioria ali as apoia. Os 23 dos 43 tucanos que votaram contra Temer, provavelmente, dirão sim a essas mudanças.

A seu favor, o governo ainda tem os recursos das medidas provisórias (MPs) para fazer o ajuste fiscal em vez de fazer projetos de lei. A pressa (MP impõe validade imediata) tem relação com o prazo (30 de outubro) para incluir o ajuste no orçamento do ano que vem. Ainda assim, matérias como a polêmica reforma da Previdência teriam dificuldades de avanço diante do desgaste que a chegada do ano eleitoral traria.

O mais provável é que ele sofra um enxugamento na proposta original de forma a aprovar algo como a idade mínima (65 anos) para se aposentar e regras de transição. Se muito.

Bancada mineira dá 32 votos a favor de Temer

A fidelidade da bancada federal mineira foi reafirmada na votação da segunda denúncia contra Michel Temer. Foram 32 dos 53 deputados federais a favor dele. Na primeira denúncia, eram 33.

Além das graves denúncias, os deputados mineiros ignoraram o tratamento dado por Temer ao Estado. Não há nenhum ministro mineiro; o presidente não veio a Minas desde que tomou posse; nem atendeu aos apelos para que as usinas da Cemig não fossem leiloadas.

Veja como cada um votou

O voto sim significa apoio ao relatório do deputado mineiro Bonifácio de Andrada (PSDB), contrário ao prosseguimento da denúncia.

Adelmo Carneiro Leão (PT) Não

Ademir Camilo (PODE) Sim

Aelton Freitas (PR) Sim

Bilac Pinto (PR) Sim

Bonifácio de Andrada (PSDB)  Sim

Brunny (PR) Sim

Caio Nárcio (PSDB) Sim

Carlos Melles (DEM) Sim

Dâmina Pereira (PSL) Sim

Delegado Edson Moreira (PR)  Sim

Diego Andrade (PSD) Sim

Dimas Fabiano (PP) Sim

Domingos Sávio (PSDB) Sim

Eduardo Barbosa (PSDB) Não

Eros Biondini (PROS) Não

Fábio Ramalho (PMDB) Sim

Franklin (PP) Sim

Gabriel Guimarães (PT) Não

George Hilton (PSB) Não

Jaime Martins (PSD) Não

Jô Moraes (PCdoB) Não

Júlio Delgado (PSB) Não

Laudívio Carvalho (SD) Não

Leonardo Monteiro (PT) Não

Leonardo Quintão (PMDB) Sim

Lincoln Portela (PRB) Não

Luis Tibé (AVANTE) Sim

Luiz Fernando Faria (PP)  Sim

Marcelo Álvaro Antônio (PR) Não

Marcelo Aro (PHS) Sim

Marcos Montes (PSD) Sim

Marcus Pestana (PSDB) Sim

Margarida Salomão (PT) Não

Mário Heringer  (PDT) Ausente

Mauro Lopes (PMDB) Sim

Misael Varella ( DEM) Sim

Newton Cardoso Jr (PMDB) Sim

Padre João (PT) Não

Patrus Ananias (PT) Não

Paulo Abi-Ackel (PSDB) Sim

Raquel Muniz (PSD) Sim

Reginaldo Lopes (PT) Não

Renato Andrade (PP) Sim

Renzo Braz (PP) Sim

Rodrigo de Castro (PSDB) Sim

Rodrigo Pacheco (PMDB) Abstenção

Saraiva Felipe (PMDB) Sim

Stefano Aguiar (PSD) Não

Subtenente Gonzaga (PDT) Não

Tenente Lúcio (PSB)  Sim

Toninho Pinheiro (PP) Sim

Weliton Prado (PT) Não

Zé Zilva (SD) Sim

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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