[Coluna do Orion] Traição no PP fortalece terceira via na eleição para governador

Fernando Pimentel, Rodrigo Pacheco e Marcio Lacerda

Período pré-eleitoral é sempre assim: traições, punhalada pelas costas, rachas, tapas e beijos na luta pelo poder e, principalmente, pela sobrevivência política. Mais do que cadeia e rejeição, políticos odeiam ser derrotados e ficar sem mandato pelo que isso representa em termos poder, desde o foro privilegiado e outras vantagens do cargo. Há exceções, claro, mas não é delas que estamos tratando neste artigo.

A destituição do ex-governador Alberto Pinto Coelho da presidência do PP estadual não foi o primeiro caso de infidelidade nem será o último. A bancada federal do PP, formada por seis deputados assustados com o risco de derrota próxima, destronou o presidente estadual e admitiu preferir apoiar a pré-candidatura a governador do deputado federal Rodrigo Pacheco, que, nos próximos dias, deixará o MDB para filiar-se ao DEM.

Ao dar essa rasteira, atingiram em cheio a pré-candidatura a governador de Dinis Pinheiro, do próprio partido, que há três anos o incentivou nesse projeto. (Após a destituição, Alberto Pinto desfiliou-se do PP; leia abaixo sua carta e desabafo).

Com isso, empurraram Dinis para uma aliança com o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB), que já estava sendo construída. Se Dinis perde, Lacerda se fortalece. Um dos dois será o candidato a governador, o outro, a vice ou candidato ao Senado. A tendência é Lacerda na cabeça dessa chapa. Esse foi o segundo racha nesse início de ano eleitoral. O primeiro foi o do MDB, após manobra do grupo majoritário para garantir o apoio à candidatura de reeleição do governador Fernando Pimentel (PT), o que levará Pacheco a sair do partido.

Se houve racha do lado governista, agora, o oposicionista também se quebra com a traição no PP. Tudo somado, a sucessão caminha, até o momento, para viabilizar a terceira via. A primeira, com o petista Fernando Pimentel, na aliança PT e MDB; a segunda, com Rodrigo Pacheco numa coligação do DEM com o PP e parte dos tucanos. Sim, se o senador Antonio Anastasia não aceitar ser o candidato, os tucanos vão rachar. E a terceira via deverá ser encabeçada por Lacerda e Dinis, somando o PSB, com o PTB, PPS e PSD. O resultado deve desagradar a Pimentel, que tudo faz para impedir o crescimento de uma terceira opção.

Correndo por fora, buscando meios de ficarem conhecidos, os pré-candidatos João Batista Mares Guia (Rede) e Romeu Zema (Novo). Tem mais? Pode ser: a pressão, agora, crescerá sobre Anastasia para que aceite disputar. E só, porque os prefeitos Alexandre Kalil (PHS), de Belo Horizonte, e Vittorio Medioli (Podemos), de Betim, Grande BH, tendem a ficar onde estão.

Alberto Pinto acusa desmando e oportunismo

(Reprodução/Agência Minas)

Em sua carta de desfiliação, o ex-governador e ex-presidente do PP, Alberto Pinto Coelho, denuncia os desmandos das bancadas federais, que, pela legislação, controlam o fundo partidário, o tempo de televisão e o fisiologismo perante os governos. Ou seja, fazem o que querem. Leia aqui o comunicado na íntegra:

Belo Horizonte, 22 de fevereiro de 2018

Comunico que já informei, de maneira irrevogável, ao Diretório Nacional minha desfiliação do Partido Progressista. Em minha decisão está, por um lado, o repúdio ao oportunismo e a visão personalista que têm levado partidos ao descompromisso com sua história e com aqueles que integram as suas fileiras, deixando lideranças regionais e municipais à mercê de interesses congressuais.

De um outro lado, deixo a certeza da missão cumprida e a tranquilidade que cabe aos homens e mulheres que de fato têm a vida pública como farol do bem comum e da construção de uma sociedade mais justa. Como já bem disse o poeta, é tempo de travessia e se não ousarmos a fazê-la ficaremos à margem de nós mesmos.

Aos mineiros e mineiras fica o meu compromisso permanente e contínuo da minha atuação na boa política, e do breve reencontro. No ensejo, faço um resumido balanço da nossa gestão à frente do PP/MG que por meio de ações modernas, democráticas, transparentes e em sintonia com os anseios da sociedade, conquistamos o respeito e a confiança dos mineiros. Fato é que o Partido Progressista ocupa, hoje, a quarta posição em número de prefeitos e vereadores em Minas Gerais.

Ressalto que nos últimos anos, e pela primeira vez na história, o PP participou como protagonista dos destinos do nosso Estado- consequência de um caminho trilhado com respeito, diálogo, responsabilidade e compromisso com o povo mineiro. Caminho este que me conduziu em minha vida pública, como parlamentar, líder de governos, como presidente da Assembleia de Minas em dois mandatos e, finalmente, como governador.

Deixo aos amigos desta caminhada de mais de duas décadas no Partido Progressista um forte abraço, e o chamamento à toda classe política: Temos no horizonte uma responsabilidade que está além de qualquer desejo ou projeto pessoal. É hora, sobretudo, de olharmos para frente e para o alto, como aprendemos a fazer em Minas, visando a construção de um futuro melhor, mais justo, mais equilibrado, mais próspero, mais digno para a nossa gente.

Alberto Pinto Coelho
Ex-governador do estado de Minas Gerais

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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