Vacina ‘anticocaína’: Imunizante da UFMG pode proteger grávidas e bebês dos efeitos do vício

vacina gestante
Pesquisa indicou que a vacina pode ajudar a reduzir os impactos para as grávidas e para os bebês (FOTO ILUSTRATIVA: GovSP/Divulgação)

Um estudo inédito desenvolvido por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) demonstra que o uso de uma potencial vacina “anticocaína” pode proteger grávidas e seus bebês. Ainda em fase de testes, o imunizante se mostrou eficaz para inibir os efeitos da cocaína no cérebro durante a gestação e a amamentação. 

Dados citados na pesquisa revelam que apenas 25% das mulheres viciadas em cocaína conseguem interromper o uso da droga durante a gravidez. O vício nesse momento tão delicado pode trazer problemas sérios tanto para a vida criança, quanto para a mãe, que pode sofrer aborto espontâneo e parto prematuro com complicações.

“O uso de crack e cocaína na gravidez é problema de saúde pública, pois a droga afeta não só o feto, mas a mãe e a criança a médio e longo prazos”, disse Frederico Garcia, pesquisador da Faculdade de Medicina da UFMG.

Resultados animadores

Para analisar a eficácia do estudo, a vacina foi injetada em ratas grávidas. Em uma análise foi possível observar que os anticorpos gerados impediram ou reduziram a passagem de cocaína para o cérebro da mãe e para os fetos, pela placenta. Além disso, os pesquisadores identificaram que os anticorpos passam através do leite, protegendo também os lactentes.

Durante as testagens, foram feitos dois experimentos que compararam a criação de anticorpos pelo uso da cocaína e pela aplicação da vacina. Os resultados apontaram que a vacina anticocaína estimulou até seis vezes mais a produção de anticorpos.

“Os resultados são de grande relevância científica, já que não existe nenhum tratamento aprovado por agências reguladoras mundiais para esse fim”, afirma Frederico.

Abordagem inovadora

A equipe da UFMG vem desenvolvendo e testando vacinas anticocaína desde 2013. Além de tratar usuários de drogas, os pesquisadores visam também outras aplicações futuras para essa tecnologia.  Segundo o professor Frederico Garcia, essa é uma das primeiras estratégias de prevenção em saúde mental com medicamentos.

“Geralmente a prevenção em saúde mental está ligada a comportamentos, também por isso essa solução é tão inovadora. Nosso objetivo é ajudar essas mães, que sofrem tanto pelo vício, e garantir a saúde desses bebês, para que possam superar esse momento com mais tranquilidade”, disse.

O estudo completo foi publicado em uma revista científica internacional sobre psiquiatria molecular.

Com Faculdade de Medicina da UFMG

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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