Vale lucra R$ 30,5 bilhões no primeiro trimestre

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Operações em minas foram suspensas após tragédia em Brumadinho (Amanda Dias/BHAZ)

Por Nicola Pamplona

Beneficiada pela escalada na cotação do minério de ferro e pelo fim de restrições a operações de minas no Brasil, a Vale fechou o primeiro trimestre com lucro de R$ 30,5 bilhões, maior do que o lucro registrado pela empresa durante todo o ano de 2020.

O resultado foi possível pela retomada de operações em minas que haviam sido interditadas após a tragédia de Brumadinho (MG), que deixou 272 mortos em janeiro de 2019. A produção de minério da companhia cresceu 14% no trimestre, em relação ao início de 2020.

A alta ocorre em um momento escalada nas cotações internacionais do minério de ferro, que atingiram nesta segunda (26) o maior patamar em 13 anos. No primeiro trimestre, diz a Vale, o preço médio foi de US$ 166,9 por tonelada, 25% superior ao quarto trimestre de 2020.

“Estou confiante de que nossos resultados financeiros positivos refletem nossa consistência no cumprimento de nossas promessas do de-risking [redução dos riscos] da Vale”, disse o presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo, no balanço divulgado nesta segunda (26).

No primeiro trimestre de 2020, a Vale havia lucrado R$ 637 milhões, resultado ainda com fortes impactos da tragédia de Brumadinho e já refletindo a queda no preço das commodities no início da pandemia do novo coronavírus.

O desempenho, porém, evoluiu ao longo do ano e a mineradora fechou 2020 com lucro de R$ 26,7 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 6,672 bilhões registrado no ano da tragédia.

Com o avanço das cotações internacionais e o aumento da produção, a Vale teve receita de R$ 69,3 bilhões no primeiro trimestre de 2021, mais do que o dobro dos R$ 31,2 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.

O aumento na produção foi garantido pela retomada gradual das operações paradas nos complexos Timbopeba, Fábrica e Vargem Grande, ao melhor desempenho de suas operações no Pará e ao aumento das compras de terceiros.

Por outro lado, a produção foi impactada negativamente pelo menor desempenho no complexo de Itabira, em Minas Gerais, que enfrenta restrições à disposição de rejeitos de mineração.

O Ebitda, indicador que reflete o potencial de geração de caixa da companhia, foi recorde para um primeiro trimestre, chegando a R$ 46,4 bilhões.

Após o resgate de 750 milhões de euros (cerca de R$ 5 bilhões pela cotação atual) em títulos da dívida, a empresa terminou o trimestre com dívida bruta de US$ 12,1 bilhões (R$ 66 bilhões), US$ 1,2 bilhão (R$ 6,5 bilhões) inferior a 31 de dezembro de 2020.

Com o caixa cheio pelo novo superciclo do minério de ferro, a Vale vem distribuindo elevados dividendos e, no início de abril, aprovou um programa de recompra de ações, operação que tem o potencial de reduzir o desconto na negociação dos papéis em relação a empresas equivalentes.

A empresa recomprará o equivalente a até 5,3% de seu capital social, reduzindo o volume de ações disponíveis no mercado, em operação vista por analistas como um bom destino para a folga de caixa da companhia.

Nos dois anos que se seguiram à tragédia de Brumadinho, a Vale já anunciou o pagamento de R$ 34,2 bilhões em dividendos a seus acionistas. Com a retomada da produção que foi paralisada após o rompimento da barragem, a expectativa é que a remuneração permaneça em alta.

A remuneração dos acionistas ocorre enquanto vítimas dos atingidos pelas duas tragédias em barragens relacionadas às empresas reclamam de atrasos em indenizações e da ausência das vítimas nas negociações para o acordo fechado pela empresa com o governo de Minas Gerais para compensar os danos.

No início de fevereiro, a empresa fechou acordo com o governo de Minas Gerais prevendo o desembolso de R$ 37 bilhões em medidas de reparação pela tragédia de Brumadinho. A previsão para 2021 é desembolsar US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8 bilhões) em pagamentos referentes ao acordo.

No início de abril, sua controlada Samarco, dona da mina que se rompeu em Mariana (MG) em 2015, decidiu pedir recuperação judicial, para evitar que ações judiciais movidas por credores inviabilizem suas operações e os trabalhos de recuperação e ressarcimento dos danos provocados pela tragédia.

A tragédia deixou 19 mortos e um rastro de destruição ambiental. A Samarco é controlada pela Vale e pela BHP Billinton.

Folhapress

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