Vereador quer desobrigar uso de máscaras em cidade mineira, mas especialista alerta: ‘Desserviço’

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PL tramita na Câmara de Uberlândia (FOTO ILISTRATIVA: Amanda Dias/BHAZ)

Um vereador de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, quer retirar a obrigatoriedade do uso da máscara de proteção contra o novo coronavírus. Um PL (Projeto de Lei) foi apresentado na Câmara Municipal. A medida é vista por especialista entrevistado pelo BHAZ como um “desserviço para a saúde”, além de contrariar as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde).

A proposição do parlamentar Thiarles Santos (PSL) visa desobrigar a utilização do acessório. Duas condições foram colocadas para que isso aconteça: quando a população estiver com 70% de vacinados, ou já tiverem contraído a doença. “Fim do uso das máscaras. Jamais irei fazer qualquer distinção entre vacinados e não vacinados”, disse em postagem nas redes sociais.

O uso da máscara é obrigatório em Uberlândia como forma de combater o contágio pelo vírus. O vereador destacou que o PL visa “desobrigar, e não impedir que alguém use” o acessório. A cidade registra, segundo a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), 113.848 casos confirmados do novo coronavírus e 2.928 mortes. Os dados são do Boletim Epidemiológico desta sexta-feira (20).

Thiarles é um dos infectados pelo vírus na cidade do Triângulo Mineiro. Também pelas redes sociais, ele informou que não precisou ser hospitalizado. “Estou me recuperando bem da Covid-19, e me tratando em casa”, esclareceu.

vacinômetro uberlândia
Dados da vacinação na cidade (Reprodução/Prefeitura de Uberlândia)

‘Desserviço’

O médico infectologista Leandro Curi disse ao BHAZ que o PL é um “desserviço para a saúde pública”. “Vai contra tudo que a OMS regulamenta e os conhecimentos atuais apontam. Acreditamos que poderemos pensar em retirar a máscara quando tivermos por volta de 90% do público-alvo imunizado com duas doses”.

O especialista deu exemplo de um país que tentou tirar a máscara, mas acabou recuando. “Os Estados Unidos tiveram uma tentativa precoce e os casos subiram. As máscaras são necessárias, pois nenhuma vacina tem 100% de eficácia, ou seja, ela é um complemento da imunização”, diz.

O surgimento das variantes é outro fator importante para a continuidade do uso das máscaras. “Apesar de tirar a máscara ser o desejo de muitos, não é uma estratégia sanitária segura. O projeto do vereador vai contra todos os ensinamentos e esforços. É um desserviço para a saúde. A máscara é o maior instrumento para frear a pandemia”.

Curi finaliza lamentando a proposição apresentada. “Ideias como esta só atrasam a pandemia. Vamos esperar toda população-alvo ser vacinado e observarmos como a Covid vai se comportar. Não é a gente querendo que a pandemia vai acabar. Até lá todo mundo que tomou duas doses ou pegou a doença precisa manter o uso de máscara”, conclui.

Edição: Vitor Fernandes
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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