Vereador de Uberlândia que era contra uso de máscara e defendia cloroquina morre por Covid-19

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Vereador tinha 34 anos e deixa esposa e quatro filhos (Aline Rezende/Câmara de Uberlândia)

O vereador de Uberlândia Thiarles Santos (PSL), de 34 anos, morreu na manhã desta sexta-feira (17) em decorrência de complicações da Covid-19. Natural de Teixeira de Freitas, na Bahia, Thiarles defendia o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para tratar a doença e chegou a se posicionar a favor da suspensão do uso de máscaras. Ele é o segundo membro da Câmara de Uberlândia a morrer neste ano por causa da doença e deixa quatro filhos e a esposa.

O vereador chegou a publicar em suas redes sociais, no dia 19 de agosto, que estava se recuperando da Covid em casa, e afirmou que estava tomando hidroxicloroquina, medicamento que não é indicado para o tratamento da doença. Em julho, o vereador também publicou em seu Instagram que não iria se cadastrar para a vacinação. “Irei aguardar toda a população ter acesso as doses da vacina, depois procuro saber sobre o cadastro”, afirmou na época.

“Graças a Deus estou conseguindo vencer a Covid”, disse o vereador, à época. No entanto, a Câmara Municipal de Uberlândia afirmou que Thiarles foi internado um dia após a publicação do vídeo, no dia 20 de agosto, no Hospital Santa Clara em Uberlândia.

Vereador precisava passar por traqueostomia

Devido ao estado delicado de saúde por conta da agressividade do vírus no organismo, o vereador chegou a precisar passar por uma traqueostomia, tratamento que é feito com a abertura parede da traqueia para que o paciente possa respirar através de um tubo.

“Estava programado para a data de ontem (terça-feira, 14) uma traqueostomia, porém, devido a uma instabilidade, não foi possível realizá-la. Os órgãos vitais seguem preservados e em funcionamento, porém os pulmões ainda precisam responder ao tratamento. Foi iniciado um novo antibiótico e o quadro clínica, embora delicado, foi estabilizado”, disse a assessoria em comunicado.

O vereador testou positivo para a doença no dia 17 de agosto deste ano, morrendo um mês depois do diagnóstico. O velório estava marcado para a manhã deste sábado, no cemitério Parque dos Buritis, no bairro Novo Mundo, em Uberlândia. Detalhes do enterro não foram divulgados pela assessoria do vereador.

Câmara lamenta perda

Por nota, a Câmara Municipal de Uberlândia lamentou a perda do parlamentar. “O vereador Thiarles Santos deixou sua história e legado na Câmara Municipal de Uberlândia nestes 7 meses e 20 dias que passou conosco. Como integrante do Poder Legislativo Municipal, o vereador teve como função primordial representar os interesses da população perante o Poder Público, ouvindo o que os seus eleitores e o povo de Uberlândia desejavam, propondo e aprovando esses pedidos na Câmara Municipal e fiscalizando se o prefeito e seus secretários estavam colocando essas demandas em prática”, diz a nota.

O presidente da Câmara, o vereador Sergio do Bom Preço, também prestou as condolências à família de mais uma vítima de uma pandemia que ainda não acabou. “O vereador Thiarles Santos era um jovem parlamentar admirável. Ele lutava pelo que acreditava com garra e coragem. Seu legado com certeza ficará eternizado em nossa cidade. Pedimos a Deus que Thiarles descanse merecidamente em paz, depois de ter cumprido a sua missão na terra”, disse.

Vereador defendia desobrigação do uso de máscaras

O vereador tentou retirar a obrigatoriedade do uso da máscara de proteção contra o novo coronavírus. O PL (Projeto de Lei) chegou a ser apresentado na Câmara Municipal. A medida é vista por especialista entrevistado pelo BHAZ como um “desserviço para a saúde”, além de contrariar as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde). Em publicação nas redes sociais, o vereador afirmava que o uso de máscaras é “chatice” e que “não presta para nada”.

A proposição do parlamentar Thiarles Santos tinha o intuito de desobrigar a utilização do acessório. Duas condições foram colocadas para que isso aconteça: quando a população estiver com 70% de vacinados, ou já tiverem contraído a doença. “Fim do uso das máscaras. Jamais irei fazer qualquer distinção entre vacinados e não vacinados”, disse em postagem nas redes sociais, à época.

O uso da máscara é obrigatório em Uberlândia como forma de combater o contágio pelo vírus. Na época, a cidade tinha, segundo a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), 113.848 casos confirmados do novo coronavírus e 2.928 mortes (leia mais aqui).

Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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