Zema muda o tom, abre diálogo e tanqueiros estudam suspender greve

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Zema anunciou que vai criar um grupo de trabalho para solucionar o problema dos tanqueiros (Henrique Coelho/BHAZ)

Após afirmar não ser possível reduzir o ICMS – principal reivindicação dos tanqueiros -, o Governo de Minas decidiu recuar na noite desta sexta-feira (26) e abrir diálogo com os trabalhadores que iniciaram uma greve hoje. O governador Romeu Zema (Novo) anunciou a criação de um grupo de trabalho para solucionar a questão. Procurados pelo BHAZ, os transportadores afirmaram que analisam, ainda nesta noite, suspender o movimento.

“Preocupado com a situação que levou os transportadores de combustíveis a promover uma manifestação e com a corrida da população aos postos de combustível, pedi a equipe que se reunisse com os envolvidos no movimento e reafirmasse nossa disposição para o diálogo”, publicou Zema, no Twitter, por volta das 20h, após um dia em que BH e outras cidades mineiras registraram falta de combustível em alguns postos.

“Reduzir impostos é um desejo meu e um compromisso desse governo, vamos continuar perseguindo esse objetivo tão logo a situação fiscal do Estado e as limitações legais trazidas por ela nos permitam. Até lá, temos de construir alternativas e vamos buscá-las em conjunto”, complementou o mandatário estadual, após anunciar a criação do grupo do trabalho na próxima semana.

Suspensão da greve?

A mudança de postura do governo era justamente a condicionante dos tanqueiros para que a greve fosse suspensa. “São mais de 2 mil caminhoneiros participando, 100% da categoria aderiu à paralisação. Aguardamos um posicionamento do Governo de Minas. Enquanto não se manifestar, a greve dura por tempo indeterminado”, afirmou mais cedo ao BHAZ Irani Gomes, presidente do SindTanque-MG (Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais).

Procurado novamente após a publicação de Zema, Gomes afirmou que estava se reunindo com os trabalhadores justamente para definir os novos rumos do movimento. A suspensão do movimento, que coloca em risco o abastecimento de combustível em todo o estado mineiro, não estava descartada.

Sexta-feira caótica

Esta sexta-feira (26) comecou caótica para os mineiros que precisavam utilizar o transporte justamente por causa da greve, motivada pelo aumento do imposto estadual sobre os combustíveis a partir do dia 1º de março. Depois de promover uma carreata de caminhões nessa quinta-feira (25), que saiu de Betim, na região metropolitana de BH, e terminou na Cidade Administrativa, o SindTanque-MG definiu a paralisação da categoria.

O movimento dos trabalhadores não completou nem um dia e vários estabelecimentos já ficaram sem combustível – especialmente após uma corrida por gasolina durante todo o dia. As cidades da região Central de Minas foram as mais afetadas, conforme o Minaspetro. O sindicato registrou postos sem o produto em Divinópolis, Sete Lagoas, Contagem, além de Juiz de Fora, na Zona da Mata.

Recuo

Inicialmente, o Governo de Minas, por meio de nota (leia na íntegra abaixo), afirmou que as mudanças nos preços dos combustíveis “não são em função do ICMS, mas sim da política de preços praticada pela Petrobras”, e descartou a possibilidade de redução da alíquota no momento, “em virtude da situação financeira do estado”.

“Sobre a manifestação realizada ontem na Cidade Administrativa, o Governo esclarece que esteve disponível para ouvir as demandas dos tanqueiros, mas não houve pedido de reunião por parte dos manifestantes”, completa o comunicado da administração estadual.

Mais tarde, no entanto, Zema publicou o pronunciamento pelo Twitter sinalizando abertura de diálogo com a categoria.

Nota do Governo de Minas

“O Governo de Minas esclarece que as recentes mudanças no preço dos combustíveis não são em função do ICMS, mas sim da política de preços praticada pela Petrobras. O Estado reafirma seu compromisso de não promover o aumento de nenhuma alíquota de ICMS até que seja possível começar a trabalhar pela redução efetiva da carga tributária. No momento, em virtude da situação financeira do estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal exige uma compensação para aumentar receita em qualquer movimento de renúncia fiscal, o que não torna possível a redução da alíquota.

Informamos ainda que o Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF) é atualizado mensalmente levando-se em consideração os preços praticados pelos postos revendedores em todas as regiões do Estado. O resultado da pesquisa realizada pela Secretaria de Fazenda é baseado nas Notas Fiscais emitidas por 4.272 postos revendedores distribuídos em 828 municípios mineiros.

Sobre a manifestação realizada ontem na Cidade Administrativa, o Governo esclarece que esteve disponível para ouvir as demandas dos tanqueiros, mas não houve pedido de reunião por parte dos manifestantes”

Edição: Thiago Ricci
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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