Evento em defesa dos direitos das mulheres em BH termina com denúncia de agressão contra mulher

Reprodução/Google Street View

Um evento para arrecadar fundos para uma entidade cujo objetivo é defender os direitos das mulheres terminou em denúncia de agressão justamente contra uma das coordenadoras do órgão. Já os proprietários do local onde a festa foi realizada negam as acusações. A festividade, promovida pela Casa de Referência da Mulher Tina Martins, ocorreu na casa de shows A Fábrica, no Centro de BH, no último sábado (31).

A festa palco da confusão, que se tornou caso de polícia, chama-se GRL PWR, e estava marcado para começar às 22h logo após a Calourada de Arquitetura da UFMG, sediada no mesmo local. No final do evento universtiário, as pessoas presentes foram convidadas a permanecerem para a festa da Casa de Referência da Mulher Tina Martins.

A confusão teve início no final da calourada. Uma das organizadoras do evento e coordenadora da casa de referência, Camila Bastos, acionou a Polícia Militar juntamente com outro integrante, Aiano Mineiro. Na versão dos dois, eles foram agredidos por seguranças da casa de shows a mando de um dos proprietários do estabelecimento, Lucélio Henrique da Silva.

Já o empresário nega e sustenta outra versão. Segundo Silva, não houve qualquer violência por parte dos seguranças. E a Camila Bastos e o Aiano Mineiro foram retirados da casa de shows porque estariam acusando injustamente o sócio dele, Alex Henrique Murta.

O caso está sendo investigado na 1ª Delegacia de Polícia Civil, no Centro. O segurança Emanoel Cardoso Mendonça foi encaminhado no mesmo dia para a delegacia adjunta do Juizado Especial Criminal. O profissional assinou um termo e comparecerá a uma audiência para ser ouvido e determinar sua culpabilidade ou não.

Entenda

A coordenação da casa de referência publicou um vídeo no Facebook relatando o ocorrido. “Foram agredidos pelo segurança do espaço a mando do dono do espaço. É inadmissível que a festa continue acontecendo depois de uma mulher ser agredida [em um evento] beneficente para uma casa de referência da mulher. A gente repudia esse tipo de ação”, diz Isabella Sturzeneker, uma das coordenadoras da entidade.

O Bhaz tentou contato com os envolvidos na confusão, Camila Bastos e Aiano Mineiro, mas não teve êxito até a publicação desta matéria. A reportagem também conversou com a coordenação da Tina Martins, que preferiu não se manifestar.

Procurado pelo Bhaz, o proprietário da casa noturna A Fábrica, Lucélio Henrique da Silva, diz que seu sócio Alex Murta não estava presente no momento das fotos. “Ele (Alex) estava trabalhando no jogo entre Cruzeiro e Atlético, no Mineirão. Temos como comprovar. Ele só chegou por volta das 22h30, e o ocorrido foi por volta das 18h. Além disso, ele não se parece fisicamente com a pessoa que estava tirando as fotos e foi retirada da casa”, comenta.

Segundo o empresário, a confusão teria ocorrido porque os dois organizadores do evento GRL PWR estariam insatisfeitos com um fotógrafo. O homem estaria tirando fotos de forma irregular e, para Camila e Aiano, o autor das imagens seria um dos proprietários da casa de shows.

Sobre as agressões, o dono do empreendimento afirma não ter havido nenhuma. “Os seguranças foram solicitados para retirar as pessoas que estavam acusando o Alex de forma indevida. Pedi então que os contratados conduzissem o Aiano e a Camila em direção à saída. Como eles não quiseram sair por vontade própria, os seguranças pegaram os dois pelo braço e os colocaram para fora. Porém, no meio da confusão, todos caíram. Depois disso, a Camila Bastos alegou que havia sido agredida, mas não houve nada. Tanto que no boletim de ocorrência, não consta nenhuma lesão”, completa o proprietário de A Fábrica.

A casa chegou a soltar duas notas sobre o acontecimento no Facebook, inclusive citando os nomes de pessoas que fizeram comentários na rede social sobre a festa, mas recuou e as apagou na noite de segunda-feira (3). “Resolvi tirar as notas da página por causa da repercussão negativa. Tentamos argumentar, mas ninguém quis nos ouvir. As pessoas não souberam interpretar, existe sempre um outro lado. Em nenhum momento ameacei ninguém, só citei os nomes para ter um direcionamento”, comenta Lucélio.

O vídeo feito por uma das coordenadoras da Casa de Referência da Mulher Tina Martins teve dezenas de compartilhamentos e milhares de visualizações. “Vamos tomar as medidas cabíveis em relação a esse vídeo. A pessoa que está acusando a casa nem estava presente no momento da confusão”, completa o proprietário.

De acordo com Lucélio da Silva, o caso está na Justiça. “Temos câmeras de segurança que poderão comprovar e mostrar tudo o que realmente aconteceu. Iremos levar essas imagens ao tribunal”, comenta o proprietário.

Questionado, no entanto, o empresário se negou a passar as imagens ao Bhaz sob a justificativa que as apresentará apenas no processo judicial.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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