Rodízio de milk shake irrita internautas; mulher ‘de verdade’ paga menos

Lanchonete, uma das mais tradicionais de BH, fica na Praça da Liberdade (Reproducão/Street View

Um rodízio de milk shake por si só rende bastante assunto entre fãs da guloseima gelada. Mas, um rodízio de mil shake com um regulamento controverso rende muito mais. E é o que puderam perceber internautas belo-horizontinos e moradores da região metropolitana depois que o Xodó, rede lanches no bairro Funcionários, Zona Sul da cidade, divulgou um evento com a proposta.

O 1º Rodízio de Milk Shake do Xodó provoca polêmica por definir uma diferenciação de preços para homens e mulheres e, principalmente, por deixar claro que o gênero válido para pagar menos, ou pagar mais, é o que está definido nos documentos das pessoas. Ou seja, travestis e transexuais podem sofrer constrangimento, já que nem todas alteraram os nomes e gêneros com os quais foram designados ao nascer. “Nos dias 22 e 23 de julho nossos deliciosos milk shakes serão servidos à vontade por apenas R$ 17,99 (mulher), R$ 21,99 (homem) e R$ 36,00 (casal)”, diz um trecho da descrição do rodízio. “Além disso, aproveite para saborear seu rodízio com fritas, por R$ 4,20* (batata pequena) e R$ 7,90*(batata grande)”, completa.

Já a definição de gênero que justifica a diferenciação de valores aparece na capa utilizada como destaque no evento. Veja abaixo:

Ao todo, mais de mil pessoas confirmaram interesse no evento por meio do Facebook. Mas, a maioria dos comentários deixa evidente a indignação de internautas atraídos pela iniciativa. Jovens de diferentes idades apontam a proposta como preconceituosa, a partir do argumento de que a diferença de valores cobrados para homens e para mulheres se baseia em estereótipos de gênero. Homens comem mais do que mulheres, mulheres são mais fracas do que homens, azul é cor de menino e rosa de menina, são alguns dos exemplos.

“Ei Xodó, são outros tempos viu?! Acorda!!! Não quero nem pensar na definição de casal para vocês”, escreveu uma internauta. “Estamos em 2017 e até para tomar Milk Shake tem diferença de preço para gênero! Desrespeito e exclusão total com os trans! Conseguiram ser babacas com uma promoção de milk shake!”, comentou outra. Então quer dizer que eu terei que levar minha certidão de nascimento pra provar que eu sou homem e não uma mulher(trans) pra poder entrar num rodízio? what estamos em que século? XV? totalmente desrespeitoso, vocês devem ter comido bosta pra fazer uma coisa dessa”, se revoltou outro.

Procurado pelo Bhaz, o gerente do Xodó, Paulo Regadas, se limitou a informar que a rede não possui interesse em rebater as críticas que o rodízio de milk shake tem recebido ou se posicionar em relação ao assunto. O evento está mantido até segunda ordem.

Atualização:
https://bhaz.com.br/2017/07/18/xodo-nota-desculpas-populacao/

Xodó pede desculpas à população por gafe em promoção de milk shake

Preços diferenciados para homens e mulheres é ilegal

A diferenciação de preços por gênero no setor de lazer e entretenimento é ilegal, afirma o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Casas noturnas, os bares e os restaurantes terão de se adequar à determinação em um prazo de 30 dias a contar do dia 3 de julho, quando a novidade começou a valer. A partir daí, o consumidor poderá exigir o mesmo valor cobrado às mulheres, caso ainda haja diferenciação. Os órgãos de defesa do consumidor poderão ser acionados.

De acordo com o secretário nacional do Consumidor, Arthur Rollo, serão feitas fiscalizações até as práticas abusivas serem banidas. “A utilização da mulher como estratégia de marketing é ilegal, vai contra os princípios da dignidade da pessoa humana e da isonomia. Os valores têm de ser iguais para todos nas relações de consumo”, afirmou.


A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) elaborou nota técnica para que associações representativas desses setores ajustem seus comportamentos à legalidade. Os estabelecimentos que não cumprirem a determinação podem ser punidos com as sanções previstas no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

A Senacon coordena o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e tem a missão de apurar as infrações aos princípios ou às normas de defesa do consumidor, além de articular com os outros integrantes a coibição eficiente de práticas abusivas.

Com Agência Brasil

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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