No laudo toxicológico da morte do fisiculturista Alan Pontelo, de 25 anos, que morreu em uma casa noturna de BH, consta a presença de uma substância usada como alucinógeno e nocivo à vida. A morte ocorreu na boate Hangar 677, no bairro Olhos d’Água, na região do Barreiro, no começo de setembro.
A ketamina, substância encontrada no exame, é um anestésico para cavalos, também conhecida como “Special K”, “Kit Kat”, “Cat Valiums”, ou “Vitamina K”.
As investigações sobre o caso ainda não foram concluídas. Sendo assim, o laudo não é conclusivo, já que o laboratório responsável pela análise não tinha meios para mensurar a quantidade ingerida o que seria de suma importância para elucidar o acontecido. Os seguranças da boate disseram à polícia que o jovem foi abordado com ecstasy e papelotes de uma substância semelhante à cocaína. O advogado da empresa de segurança da boate fez uma divulgação sobre o assunto em sua rede social:
Efeitos
Segundo o professor em psicofarmacologia da UFMG, Amadeu Cruz, a substância é usada em animais de grande porte, como cavalos, girafas e elefantes. “Alguns malucos usam essa substância como alucinógeno. É uma substância pesada e uma alta dosagem pode ser fatal”, afirma.
O professor explica que a ketamina também pode ser usada em humanos. “Pessoas que tiveram queimaduras em graus mais altos usam essa substância em pequenas doses para aliviar a dor e, também, para facilitar o convívio com a deformação. Isso, devido ao potencial antidepressivo da substância”, explica.
Entretanto, não há uma definição de dosagem que possa ser fatal. “Isso depende muito de caso a caso. Mas, pode acontecer de alguém morrer por um erro de dosagem”, afirma o professor.
Além do efeito alucinógeno, o simples uso em dose normal de Ketamina pode ser fatal em alguns casos. O batimento cardíaco pode ficar desacelerado. A pessoa pode apresentar problemas respiratórios, inchaço na garganta, no rosto, na boca e na língua. A pessoa não tem noção de suas atitudes, não consegue controlar a fala nem os movimentos dos olhos.
O caso
As versões apresentadas para a morte do jovem até o momento são distintas. De acordo com a Polícia Militar (PM), o jovem foi detido por seguranças da boate por ter comercializado e feito uso de drogas no banheiro da casa noturna. Quando a corporação chegou ao local, o jovem já estava recebendo atendimento pela equipe médica. A vítima estava entubada e massagens foram feitas com o intuito de reanimá-lo.
Já um amigo da vítima que estava no momento da abordagem conta outra versão do caso. Segundo ele, os seguranças chegaram fazendo uma abordagem violenta ao jovem. Ao se aproximar para ver o que estava acontecendo, teve uma arma apontada no peito e foi obrigado a “sumir” do local.
Ele disse ainda que o amigo foi levado para um cômodo e que só conseguiu ter notícias após ele estar recebendo atendimento. O amigo relata que a vítima estava aparentemente tranquila e que não aparentava ter usado drogas.
Polícia Civil
“A PCMG reafirma que o laudo toxicológico da vítima deu negativo para o uso de substâncias ilícitas. O exame de constatação de álcool também deu negativo.
A substância detectada no laudo, a cetamina, é usada como anestésico para procedimentos cirúrgicos, sedação e analgesia, sendo de uso estritamente médico.
As investigações estão em andamento, com o delegado Magno Machado”