Tensão e descontentamento. Este foi o clima dos presentes à Câmara Municipal de Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (20), com a aprovação dos destaques ao Projeto de Lei 378, que restringe alguns direitos dos servidores municipais.
Em entrevista ao Bhaz, a professora Vânia Godinho disse que o que aconteceu foi uma falta de respeito aos servidores. “Fomos maltratados e tivemos nossos direitos retirados. A política do Kalil, mais uma vez, venceu, mas continuaremos lutando”, afirmou.
Entre os direitos que os profissionais reivindicam a permanência, estão a venda das férias prêmio, o quinquênio e a licença para acompanhar parentes em caso de doença. “Esperávamos mais dos nossos vereadores, pois eles nos representam aqui na Câmara. A categoria fica estremecida com isso, mas não vamos abaixar a cabeça em momento algum. É inaceitável que os vereadores se aliem a um prefeito que nem se diz político. Estou muito decepcionada”, relatou a servidora Maria Aparecida.
O período da manhã foi o de maior tensão. Como diversos servidores foram até a Câmara, todos desejavam entrar para acompanhar a votação. Porém, como a capacidade da galeria é de 300 pessoas e esse número já havia sido excedido em 50 pessoas, os seguranças precisaram conter os presentes. Servidores relataram que alguns seguranças se excederam no uso da força. “Agressão gratuita, desrespeitosa com os servidores”, relatou Selma Costa.
Passado o momento de tensão, os que não pudera entrar ficaram acompanhando, de um telão, o que ocorria no interior da Casa Legislativa. Durante a votação dos destaques, com são chamados os pontos de maior polêmica, servidores lançaram notas falsas no plenário. Além disso, foram espalhados cartazes nos corredores com a foto de cada vereador acompanhado da pergunta: “Você vai votar a favor da educação?”
Com 24 votos favoráveis e 15 contra, os destaques foram aprovados e uma assembleia foi marcada para esta terça-feira (21) a partir das 13h, na porta da Prefeitura. Com isso, os servidores desejam pressionar o prefeito Alexandre Kalil a rever a decisão de restringir os direitos dos servidores.
Entre os vereadores que votaram com os servidores está Doorgal Andrada (PSD). Em conversa com o Bhaz, ele afirmou: “Defendi os professores, pois esses direitos foram decorrentes de muita luta. Infelizmente, perdemos essa batalha e, com isso, os salários serão afetados”.
O líder de governo na Câmara, vereador Léo Burguês (PSL), afirmou que o resultado foi “uma grande vitória do governo Kalil”, conforme ele classifica. “Quem vence com isso é a cidade de Belo Horizonte”, disse. Com a aprovação dos destaques, apenas professores que estiverem em sala de aula poderão trocar as férias prêmio pela quantia em dinheiro. Algo que também revolta os servidores.