[Bhaz nas Eleições 2016] Pacheco promete apoio do governo federal e ironiza alcunha de golpista

O presidente Michel Temer (PMDB) terá de passar por um acerto de contas com Belo Horizonte caso o deputado federal Rodrigo Pacheco venha a ser o próximo prefeito da capital. Ao menos é o que garante o candidato peemedebista, que promete a retomada dos atendimentos do Hospital do Barreiro e a execução das obras de melhoramento do metrô e do Anel Rodoviário. Ele assegura ainda a construção de 70 novas Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis) e a integralização do sistema de transporte público com o uso de bicicletas. Na área da saúde, contudo, o candidato é mais comedido: a construção de novas unidades de atendimento está fora das prioridades em um eventual governo administrado por ele (leia a transcrição na íntegra).

Advogado criminalista, Pacheco pretende ainda colocar em prática a sua experiência, coordenando de perto as ações voltadas para segurança pública. A despeito do pouco tempo na vida pública — eleito pela primeira vez, em 2014 — o deputado federal afirma ter experiência suficiente para a administrar a capital mineira, e, por fim, se defende dos eleitores que o definem como “candidato golpista”. “Isso está soando como música para os meus ouvidos”.

Rodrigo Pacheco é o sexto candidato a participar da série de entrevistas realizada pelo Bhaz com os postulantes à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH).

“Vou ser o melhor prefeito da história de Belo Horizonte. Nós temos a preferência do presidente da República e, portanto, há portas abertas do Governo Federal para gente colocar Belo Horizonte no cenário que não podia ter perdido, que é o cenário de protagonismo das três principais capitais do país”.

Exaltando o alinhamento com o Governo Federal, Rodrigo Pacheco garante que conseguirá tirar do papel o projeto de expansão das linhas de metrô em Belo Horizonte, contando com repasses federais. A otimização do uso dos recursos próprios da prefeitura e as concessões à iniciativa privada também serão necessárias, segundos os planos do candidato.

“Vou fazê-lo [Michel Temer] pagar a dívida histórica que o Governo Federal tem com BH, especialmente nessa questão da mobilidade urbana”, afirma. “Ninguém tem o direito de enterrar a nossa esperança, o nosso sonho, em relação ao metrô. E eu tenho dito o seguinte: o metrô já está planejado, é possível de ser realizado, desde que haja combate de desperdício de dinheiro público no orçamento de R$ 12 bilhões, parcerias público-privadas e concessões públicas, que é um tônica hoje mundial que nós temos que adotar. E, fundamentalmente, incentivos do Governo Federal com uma prefeitura que seja alinhada com o Governo Federal do novo presidente da República”, diz.

Ainda contando com repasses do Governo Federal, o candidato espera conseguir executar obras de revitalização do Anel Rodoviário, de construção de alças viárias no Rodoanel e, inclusive, viabilizar a implantação de novos modais de transporte na capital, como o monotrilho.

Outra aposta do candidato nessa relação com o Governo Federal é a liberação de recursos para a retomada dos atendimentos do Hospital do Barreiro, que opera em apenas 10% de sua capacidade total, deixando de realizar cerca de 1,2 mil internações ao mês.

Pacheco, no entanto, afirma que a construção de novas unidades de saúde, por ora, estariam fora dos planos do seu governo. Para ele, investir no funcionamento pleno dos equipamentos de saúde do município seria o mais certo a se fazer.

“A saúde de BH eu tenho como base de governo a não construção de novas unidades por enquanto. Fazer funcionar realmente as que existem, as 148 Unidades Básicas de Saúde, as nove UPAs. Uma vez funcionando todos os equipamentos, as 580 Equipes de Saúde da Família, Núcleo de Assistência à Saúde da Família, todos esses equipamentos de saúde pública e, ainda assim, houver demandas da saúde, aí nós podemos pensar em construção de novas unidades”, diz.

Candidato ‘golpista’?

“Eu votei de acordo com a minha consciência e votaria na admissibilidade do impeachment de novo”. Apesar de integrar a base do Governo Federal na Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco garante que sua atuação parlamentar é independente, pautada essencialmente em convicções pessoais.

“Votei contra o meu partido várias vezes na Câmara dos Deputados. Várias mesmo: contra a atividade-fim, a terceirização da atividade-fim, a redução da maioridade penal e o financiamento dos candidatos, na reforma política. Eu votei contra, o meu partido era a favor”. Ao votar pela admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff, em 17 de abril último, ele afirma que foi orientado por “convicções pessoais e jurídicas”.

Contudo, ele ataca aqueles que o chamam de golpista, avaliando ser uma manifestação incitada por “segmentos derrotados da sociedade”.

“Votei pela admissibilidade do impeachment, votei pela cassação do Eduardo Cunha e vou continuar votando de acordo com a minha consciência, independente do título que queiram me dar determinados segmentos derrotados da sociedade”. Ele dispara: “soa como música para os meu ouvidos”, diz, referindo-se aos que o chamam de candidato golpista.

Criminalista vs. criminalidade

“A pessoa tem que entender mais de educação do que o prefeito, mais de saúde do que o prefeito. Mas de segurança pública eu vou cuidar pessoalmente”. Advogado criminal, com 16 anos de experiência, atuando inclusive na defesa de condenados no mensalão do PT — como o ex-dirigente do Banco Rural Vinicius Samarane —, Rodrigo Pacheco afirma que irá usar essa bagagem para orientar as ações de combate à criminalidade em Belo Horizonte.

“Vou usar toda a minha experiência para poder fazer um projeto de inteligência em relação à segurança pública, que passa pela prevenção e pela repressão”. Ele declara, contudo, ser favorável ao armamento da Guarda Municipal, corporação que ele define como o “DNA” do sistema municipal de repressão.

“São cerca de 2,2 mil homens, que precisam ser valorizados, treinados, integrados com outras forças policiais, inclusive do Estado, aparelhados devidamente com armamento”, diz. “Nós vamos treiná-la para que seja uma guarda municipal que constitua uma força policial efetiva”.

A prevenção é outra frente de atuação na segurança pública defendida por Pacheco. Para o deputado federal, é necessário ampliar os investimentos, que, conforme diz, somam apenas 1% do orçamento da prefeitura voltado para a área.

“Prevenção é tudo aquilo que significa inclusão de jovens e crianças, programas sociais, maior dignidade nas vilas e favelas, com o sistema que é inteligentíssimo que nós estamos trazendo de Medellín, que é das unidades de vida articulada que vai dar mais dar mais cidadania, interação e inclusão para essas pessoas. Então, a prevenção se trabalha assim: com iluminação de vias com ocupação de espaços públicos”, avalia.

Experiência administrativa

Cumprindo o primeiro mandato como deputado federal, Rodrigo Pacheco nunca ocupou cargos do Executivo. Ainda assim, ele se mostra confiante na possibilidade de administrar a terceira maior capital do país em índice de densidade populacional.

“Considero que não me falta experiência. Eu tenho inteligência, boa vontade, sabedoria e fundamentalmente, a característica que eu tenho de saber ouvir quem entenda mais do eu de determinado assunto”, diz.

Educação integral

O candidato Rodrigo Pacheco se comprometeu a construir 70 novas Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis) caso venha a ser eleito. Questionado sobre a ineficácia desse sistema em relação ao acolhimento integral das crianças enquanto os pais trabalham, o candidato não descartou a possibilidade estender o período de atendimento das Umeis.

“A minha prefeitura é uma prefeitura integral, e o horário integral dos alunos também seria muito interessante”, avalia. “Evidentemente que nós temos que avaliar isso dentro de impactos orçamentários, mas a ideia inicial é fazer a ampliação da rede da educação infantil com essas 70 novas Umeis, atingindo quase 200”.

Cultura das ciclovias

Para Pacheco, o uso de bicicletas em Belo Horizonte deve ser integrado aos equipamentos de transporte público. Ele pretende ligar as estações do Move e de metrô ao sistema de ciclovias, e espera que a medida possa despertar uma nova cultura de mobilidade na capital. Segundo ele, ademais, a proposta contribuiria para reduzir os pontos de estrangulamento e o crescimento contínuo da frota de veículos em Belo Horizonte.

“Nós realmente temos que fazer essa gestão integral em relação ao transporte coletivo por ônibus e usar novos modais de transporte que possa dar acessibilidade às pessoas e, um deles, de fato, é a ciclovia. A população de BH tem perdido o costume de andar de transporte coletivo; antigamente, há 15 anos atrás, eram 50% dos belo-horizontino que usavam transporte coletivo. Hoje menos de 30%.”, diz.

Pacheco deixa claro, nesse sentido, que há um compromisso de sua candidatura com um sistema de transporte alternativo, reafirmando a necessidade de integração.

“Fazendo o uso da bicicleta, não só como esporte ou lazer ou recreação, mas como um meio de transporte efetivo, especialmente nos acessos às estações do BRT Move e nos acessos às estações do metrô. Criando-se essa cultura, através de equipamentos que funcionem com as ciclovias. E não é um investimento alto, é possível então a gente fazer essa integração”.

Confira o vídeo da entrevista na íntegra:

Eleito deputado federal em 2014, Rodrigo Pacheco é vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Nascido em Porto Velho, capital de Rondônia, mudou-se, quando ainda criança, para Passos, no Sul de Minas. Graduado pela PUC-Minas em Direito, Pacheco se especializou na área criminal, na qual atua há 16 anos. É a primeira vez que ele disputa ao cargo de prefeito de Belo Horizonte.

Guilherme Scarpellini

Guilherme Scarpellini é redator de política e cidades no Portal BHAZ.

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