E se os objetos tivessem consciência? Exposição DE GRAÇA em BH revela resultado

Divulgação

“Eu não sou aquilo para o que parece que eu fui feito”. Se pudessem falar, os objetos de Los Carpinteros diriam isso. Os belo-horizontinos vão ficar intrigados com a exposição “Los Carpinteros: Objeto Vital”. Em exibição no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), são mais de 70 obras, dentre desenhos, aquarelas, esculturas, instalações, vídeos, que trazem um novo significado para os objetos do dia-a-dia.

Através da arte, de forma crítica, bem-humorada e criativa, os artistas confrontam o público sobre os objetos do cotidiano e suas supostas funções, explorando a arquitetura, a escultura e o design em suas obras. Depois de passar por Brasília e São Paulo, a mostra chegou a BH. As visitas são gratuitas e podem ser feitas de quarta a segunda, das 9h às 21h.

Los Carpinteros
Foto: Divulgação

Camas que se abraçam, propostas de parquets (montagem de mosaico) com geografia lunar, armas que viram um pacífico mobiliário… Esses são alguns exemplos de como os objetos ganham uma nova função. Demonstrando que é possível que eles mudem de gênero, ideologia, alterem o sentido da vida, denunciem fatos, entre outras utilidades.

Los Carpinteros
Foto: blog Dionísio Arte

O diálogo entre o preciso encaixe de madeiras polidas à perfeição e uma tela pintada com domínio clássico gera obras como “Marquilla Cigarrera”, que tem a narrativa pictórica inserida no objeto. Convertem-se em objetos também os edifícios: inicialmente as emblemáticas construções de Havana, como o Focsa, transformadas em móveis de madeira, cheios de gavetas vazias.

Los Carpinteros
Foto: blog Dionísio Arte

Logo mais, monumentos internacionais são ‘replicados’ utilizando peças de lego no “VDNKh Toy”. O jogo de escalas continua e recria ferramentas cotidianas como estruturas arquitetônicas: “Casa-Pinza”, por exemplo, usa o formato de um alicate como base de uma planta para um espaço residencial.

Los Carpinteros
Obra VDNk Toy (Foto: Divulgação)

Exposição

O coletivo urbano Los Carpinteiros trouxe para BH mais de 70 obras, formando a maior exposição que já fizeram. A obra foi dividida em três eixos. O primeiro, “Objeto de Ofício”, volta ao passado, ao começo da trajetória dos cubanos, para trazer a questão da manufatura artesanal de objetos, que tantos os inspiraram.

Los Carpinteros
Foto: Divulgação

No segundo eixo, “Objeto Possuído”, a territorialidade é um dos temas explorados, e está associada à representatividade do grupo, que desponta de Cuba para o mundo, falando, através de suas obras, de questões existenciais universais. Além de carregar a ideia de que o objeto é dono de si mesmo.

Já na terceira apresentação, “Espaço-Objeto”, as questões anteriores são abordadas e inseridas dentro da realidade urbana. A funcionalidade do objeto é problematizada. Neste núcleo é dedicada atenção especial à arquitetura e às estruturas, temáticas constantes na obra dos artistas.

Confira o vídeo da exposição no CCBB de São Paulo. As mesmas obras também estão aqui em BH:

Contexto

Na mostra “Objeto Vital”, os cubanos dizem, implicitamente, da relação que têm com artigos e materiais. Na Cuba socialista, fechada politicamente, muitos objetos e produtos eram restritos ao conhecimento da população cubana.

O que não impediu os artistas de expandirem sua arte para o mundo. Ainda que muitos artigos e materiais fossem distantes de suas realidades, isso se tornou um ponto questionar a vitalidade daquele objeto, e do objeto como fruto da arte.

Los Carpinteros

Os cubanos Dagoberto Rodríguez e Marco Castillho formam hoje o coletivo “Los Carpinteros”. Fundado em 1992, já realizaram exposições no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, na Tate Gallery em Londres, além de países como México, Japão, Suiça, França, entre outros. Dessa vez fazem um giro pelo Brasil, passando por São Paulo, Brasília e agora, Belo Horizonte.

Los Carpinteros
Marco Castillho e Dagoberto Rodríguez (Foto: blog Sara Puerto)

O trabalho em arte contemporânea lembra, a um olhar descuidado, o ofício da carpintaria. Esse caráter não é negado e está relacionado ao contexto e trajetória traçada pelos artistas. As primeiras obras foram criadas quando ainda eram estudantes, no Instituto Superior de Arte de Havana, a partir de madeiras que encontravam. Em Cuba, o nome Los Carpinteros foi ganhando adesão por várias pessoas e pelo havanês Gerardo Moquera, um crítico e historiador de arte, que acabou por consagrar assim o coletivo.

SERVIÇO

Exposição “Los Carpinteros: Objeto Vital”

Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Praça da Liberdade, 450 – Funcionários
Quando: até dia 3 de abril; aberto à visitação de quarta a segunda, das 9h às 21h
Valor: gratuito

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!