Ainda não há pistas dos presos que fugiram da Nelson Hungria; revoltados pela falta d’água detentos divulgam vídeo

A Seap informou que ainda não há pistas dos fugitivos mais de 24 horas após a fuga

A Secretaria de Defesa do Estado de Minas Gerais ainda não tem pistas e nem informações sobre os oito presos que fugiram na manhã de sábado (27) da Penitenciária Nelson Hungria, que fica em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os fugitivos são considerados presos de alta periculosidade.  A fuga do complexo de segurança máxima foi descoberta no horário de visitas.

Segundo o vice-presidente da Associação Mineira dos Agentes e Servidores Prisionais, Luiz Gelada, agentes foram verificar porque os presos não compareceram para as visitas. Chegando a cela localizada no anexo 3, próxima a muralha da penitenciária, eles encontraram um buraco na parede.

Com a descoberta as visitas que já estavam no pátio foram suspensas e um grupo de intervenção do Sistema Prisional foi acionado imediatamente para fazer a vistoria em todas as celas e a contagem dos presos.  A informação de Gelada  é que as fugas estariam acontecendo há pelo menos dois dias.

Conhecido como Jiraya, o traficante Felipe Souza da Cruz, é um dos fugitivos. Ele foi condenado por tráfico e por adquirir drogas diretamente como o Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa do Estado de São Paulo. Ele também é conhecido por torturar seus desafetos com uma espada.

Na página da Secretaria de Administração Prisional ( Seap) uma nota foi publicada às 19h46 de sábado confirmando que a fuga foi descoberta por volta das 10h da manhã por agentes de segurança penitenciários. A nota informa ainda que o secretário de Estado de Administração Prisional, Francisco Kupidlowski, determinou apuração rígida relativa ao acontecido. Uma equipe da Seap foi mobilizada para apurar as circunstância em que ocorreu a fuga.

“Um procedimento interno será instaurado para apurar as circunstâncias e responsabilidades pelo ocorrido. As investigações criminais ficam a cargo da Polícia Civil”, finalizou a nota.

Detentos colocam fogo e enviam vídeo

Ainda na noite desse sábado vídeos foram divulgados mostrando que presos da Nelson Hungria colocaram fogo em celas revoltados pela falta d’água no local. As imagens foram compartilhadas em redes sociais e por aplicativos de mensagem. Eles estariam indignados com a situação que a atribuem a uma espécie de castigo coletivo pela fuga dos oito presos.

No vídeo é possível ouvir um dos presos dizendo que eles estão a mais de 24 horas sem água. “Descaso com os presos . Merece isso não. Sem  uma gota d’água para beber ou tomar banho. Ninguém vem dar uma satisfação. Morrer de sede? É melhor morrer de fogo!”, comenta. Assista o vídeo

 

A autenticidade dos vídeos e a falta d’água foram confirmadas pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, William Santos. “Com um calor desses o sujeito ficar preso em uma cela imunda lotada, não quer que fique revoltado? Estamos achando que se trata de um ‘castigo aos presos pela fuga recente de oito deles”, comentou, afirmando que os parentes do presos também confirmaram a situação, quando foram fazer visitas e não havia água nem mesmo para beber.

Em um outro vídeo, dois presos aparecem com os rostos cobertos. “A cena é o seguinte: está rolando pressão no sistema. O ‘boi’ cheio de necessidade. Deixando a gente sem água. Hoje tinha criança chorando no pátio querendo água para beber”, fala um deles.  Eles ainda afirmam que podem responder com violência à situação. “Se não melhorar as condições, ‘nois’  vai é acabar com a cidade. Fogo no canavial, fogo em ônibus. O bagulho vai ficar é doido mesmo. Eles não estão nos dando dignidade. A gente só quer água para lavar a cela, dar baixa nas necessidades”, ameaçaram. Veja o vídeo completo.

No início da tarde deste domingo a Seap também publicou em sua página na internet explicando a falta d’ água no complexo. Segundo o órgão, houve falta d’água  no bairro Nova Contagem, onde fica a penitenciária, o que ocasionou o desabastecimento durante o dia de ontem (27).  No início deste domingo (28)  o fornecimento de água foi restabelecido parcialmente e foi normalizado no final da manhã.  Apesar dos transtornos as visitas programadas para o domingo ocorrem normalmente, com exceção do pavilhão onde ocorreram as fugas, informou o órgão.

A nota também informa que a Seap está apurando por meio de uma equipe a gravação dos vídeos feitos por celular dentro da unidade.

Jefferson Lorentz

Jeff Lorentz é jornalista e trabalhou como repórter de pautas especiais para o portal Bhaz.

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