Estudante de medicina suicida em BH; segundo caso, em um mês, na mesma instituição

Um mês após o suicídio de um aluno do curso de medicina, a Faculdade de Minas (Faminas) perdeu novamente outro estudante, de 21 anos, que suicidou na madrugada desse sábado (17).

Ao Bhaz, estudantes da instituição relataram que a vítima cursava o quarto período. Amigos contaram que ele estava muito exausto e que se sentia muito cobrado pela faculdade. Outro fator que fez com que o estudante ficasse muito abatido foi o suicídio do amigo relatado no começo da matéria e que cursava o nono período.

Os estudantes questionam a Faminas por ter aumentado a média de aprovação para a nota sete mesmo após outros alunos suicidarem e alguns tentarem. Eles denunciam um possível “comércio de dependência”, como definem, no curso. Pois, no semestre passado 40 alunos foram para a prova final de Biofísica, mas somente dois conseguiram aprovação. “O valor da mensalidade aumenta R$ 1,6 mil sendo que já é pago mais de R$ 8 mil por mês”, contou um estudante.

Nas redes sociais foram postadas mensagens de solidariedade pela morte do estudante:

Mensagens foram postadas no Instagram (Reprodução/Instagram)

Assim como na Faminas estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também relatam casos de suicídio e tentativas de estudantes.

Faminas

Ao Bhaz, a Faminas enviou uma nota sobre o caso:

Recebemos a notícia no último sábado com muita tristeza, pois cada aluno representa uma família que lutou e luta muito para formar um filho médico e sua história vai muito além da trajetória dele no curso de Medicina.

Os fatos,  infelizmente,  são reflexo de uma sociedade moderna, onde a depressão se tornou uma doença muito comum entre jovens e adultos e os casos têm aumentado expressivamente a cada ano. 

Em Minas Gerais, houve mais  1.100 casos de suicídio registrados só no ano passado, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. Mais de 380 casos são de pessoas dos 20 a 30 anos; faixa etária dos nossos alunos.

Diante disso, reforçamos a importância do papel da família no acompanhamento destes jovens. Pois a maioria deles se desligam muito cedo dos familiares para morarem sozinhos em uma cidade desconhecida,  além da pressão de um curso que exige uma grande dedicação. Afinal, eles vão cuidar de outras vidas. 

A instituição ressalta que respeita as diretrizes e a carga horária estabelecidas pelo Ministério da Educação – MEC e sempre que possível passa por adaptações para melhor atender aos alunos. Também se preocupa com a formação integral desses jovens, que envolve as questões técnicas, humanas e sociais, mas além disso, é necessário um  apoio incondicional da família, engajamento e participação efetiva  dos alunos nos projetos desenvolvidos pela instituição.

Os reajustes das mensalidades acompanham os índices econômicos. A instituição nega o número excessivo de reprovações, inclusive, na disciplina de Biofísica, conforme noticiado na matéria.

A Faculdade também está trabalhando para mobilizar profissionais de diversos segmentos, dentre eles, Escolas de Medicina e o Conselho Regional de Medicina para tratarmos, juntos, sobre o assunto. 

Saúde mental em discussão

Para a psicóloga social e presidente da Comissão Institucional de Saúde Mental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria Stella Goulart, a faculdade ou o ambiente de estudo não pode ser considerada como única causa de suicídios. “Temos que tratar essa questão com muito respeito e diálogo. É preciso que a faculdade conheça cada aluno e entenda suas necessidades. Muitas vezes, a universidade, os estudos, a pressão são o limite para pessoas que já sofrem com outras crises”, diz.

Para ela, não é possível comprometer a faculdade, pois um suicídio está mais ligado à história do sujeito. “Muitas pessoas ligam o suicídio a problemas mentais, mas, nem sempre é assim. As pessoas podem suicidar por fraqueza, por força ou, até mesmo, por acidente. É preciso combater a solidão, com muito diálogo e coletividade. E isso não é só para os alunos de diversas áreas. As faculdades têm diversas complicações como assédio (moral, sexual etc), problemas com servidores, professores, além do cenário desfavorável atual da educação”, explica a especialista.

Em relação à influência dos casos de suicídio sobre os alunos, Maria Stella explica que é importante que a faculdade não naturalize o problema. “Não podem agir como se fossem máquina e seguir em frente. É o momento de parar, analisar a situação e respeitar o luto dos alunos. O suicídio, apesar de ser pessoal, tem enormes proporções coletivas. Ele afeta familiares, amigos, conhecidos etc. É preciso tempo para organizar tudo”, sugere.

Ajuda

O Centro de Valorização da Vida (CVV) também ajuda com suporte a pessoas que precisem. Você pode entrar em contato pelo número 141 ou pelo site da CVV, o atendimento é feito via chat, email, Skype, 24 horas por dia. Tudo feito sob sigilo.

Matéria atualizada às 13h40m para acréscimo do posicionamento da Faminas

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