Jovem que ostenta vida luxuosa em BH é alvo de denúncias de estelionato; Polícia Civil investiga

Reprodução/SacBorella/Instagram

Um jovem de 20 anos, conhecido nas festas da alta sociedade belo-horizontina, é suspeito de cometer estelionato. Além de ser investigado pela Polícia Civil, Rodrigo Borella é alvo de dezenas de denúncias de golpes após um perfil em rede social ter sido criado para esse fim – o canal já possui mais de mil seguidores em menos de um mês no ar. A defesa do rapaz rebate as acusações e afirma ter processado o perfil.

O canal criado no Instagram é o SacBorella. “Espaço para atendimento direto aos clientes insatisfeitos da empresa Borella Calotes & Empreendimentos Ltda. Reclamações por DM [sigla em inglês para mensagem direta], sigilo absoluto”, diz, ironicamente, a descrição do perfil. Entre as denúncias, em sua enorme maioria anônimas, estão dezenas de casos de calote (veja mais abaixo), frequentemente com o mesmo modus operandi: o jovem pede um dinheiro emprestado e/ou simula uma transferência online, mas a devolução da grana não é concretizada.

 

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Tira onda por aí de porsche mas não conta pra ninguém que o carro e recuperado de pt ?

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Segundo a Polícia Civil, no entanto, apenas uma dessas denúncias foi registrada como Boletim de Ocorrência – e está sendo apurada pela corporação. O Bhaz localizou a vítima, que pediu para não ser identificada. “Eu conheço o Rodrigo de vista, por frequentar alguns lugares em comum. Em agosto, eu estava em um aeroporto em São Paulo e ele me reconheceu. Conversamos um pouco e ele disse que havia perdido a carteira com todos os cartões. Me disse que precisava de R$ 1,5 mil em dinheiro e que me faria a transferência online na hora, na minha frente”.

A vítima explica que sacou o dinheiro, entregou para Rodrigo e o viu fazendo a transferência. “Ele fez tudo na minha frente e me enviou o comprovante, mas o dinheiro nunca caiu. Com isso, eu o cobrei e ele não me pagava. Resolvi fazer um boletim de ocorrência na Polícia Militar e avisei para ele. A história aconteceu no dia 29 de agosto e, por três vezes, ele me enviou comprovantes de transferência, mas o dinheiro não caía. Quando eu disse que entraria com um processo contra ele, R$ 1 mil caíram na minha conta nesta segunda-feira (17)”, completa.

Procurada sobre esse caso específico, a defesa do jovem preferiu não se manifestar, mas questionou a veracidade das denúncias do perfil SacBorella. “Quanto ao Boletim de Ocorrência, não temos conhecimento do registro e, por isso, não vamos nos posicionar a respeito. Em relação ao perfil, existem muitas alegações contraditórias que envolvem calúnia e difamação. Todas essas declarações devem ser provadas e discutidas em juízo. São várias postagens e apenas um boletim, o que é estranho”, afirma ao Bhaz o advogado Vinícius Marques.

SacBorella

O dono do perfil contou, pelos Stories, que já recebeu mais de 100 casos de golpes que envolvem Borella. “Por muito tempo fui amigo do Rodrigo e ele nunca conseguiu me passar a perna, mas sempre fiquei incomodado com as coisas que ele fazia com os outros. […] O que mais me assusta é que, de todos essas pessoas que ele roubou, ninguém faz nada”, escreve o fundador da página.

O jovem estudante, de 20 anos de idade e residente de Belo Horizonte, é acusado por diversas pessoas da cidade no perfil. “Certa vez, no Carnaval, o caloteiro consagrado pediu 300 conto de cada integrante do grupo do whats pra alugar uma casa em Abaeté, acabou que ninguém foi. Mas quem disse que alguém viu o dinheiro de novo?”, diz uma das denúncias anônimas postadas no perfil.

“Borella saiu pedindo dinheiro para todo mundo para comprar ovos de páscoa [para crianças carentes]. Ele não aceitava que você comprasse os ovos, ele queria era o dinheiro mesmo. Aí, um dia, ele entregou tudo, mandou uma foto de um combo com o áudio embaixo: ‘Olha o dinheiro das doações aí!'”, diz a mensagem, acompanhada com a foto abaixo.

 

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Bombou mesmo essa campanha de páscoa

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“Novidade de Escarpas desse feriado: alugou uma lancha de um amigo da minha mãe, que não é de BH, parece que deu uma entrada e fez uma transferência que não caiu (novidade). Chegou no flutuante e ficou devendo R$ 2.300. Parece que deram uma prensa nele e conseguiram receber um pouco do dinheiro da lancha. Está faltando R$ 1.300! Agora, já do flutuante, não sei o que rolou”, diz outro relato.

 

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Outra denúncia

A reportagem conversou, ainda, com uma segunda pessoa que alega ter sido vítima de golpe, aplicado em outubro do ano passado. Rodrigo teria pego um dinheiro com a suposta vítima, dizendo que iria para Miami (EUA) comprar iPhones. Os dois se conheceram em Escarpas do Lago, condomínio luxuoso no Sul de Minas Gerais. “Como ele tinha uma viagem marcada com um conhecido meu, um cara de confiança, transferi o dinheiro para ele. Porém, os celulares nunca chegaram. Eu descobri depois que ele nem tinha saído do Brasil”.

O denunciante, que também não quis se identificar, explicou que Rodrigo começou a enrolar e desconversar. “Quando eu vi que ele não ia me pagar, gravei a conversa e mostrei para o pai dele, que me pagou em prestações”. Ele acredita que o jovem faz isso por ‘hobbie’, já que não precisa do dinheiro. “No primeiro contato, ele é uma pessoa normal, tranquila. Aí você vê que ele se aproxima somente de quem ele pode conseguir alguma coisa, algum dinheiro. Então, ele aplica o golpe e some”, completa.

A defesa do suspeito registrou um Boletim de Ocorrência por calúnia e difamação. “Também entramos com uma ação judicial para que o perfil seja retirado do ar e que os proprietários sejam responsabilizados dentro da lei”, completa Marques.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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