‘Fiquei muito feliz’: Idosa deficiente, que era carregada por motorista, ganha cadeira de rodas

Lacre do Bem + Facebook/Divulgação

A história de um motorista de ônibus da linha 1730 (Estação Diamante), no bairro Industrial, em Contagem, na região metropolitana de BH, que carrega uma idosa deficiente todos os dias, há mais de 10 anos, viralizou na última semana. Após a grande repercussão, a idosa, que não tinha uma cadeira de rodas para sua locomoção, ganhou uma.

“Só de lembrarem de mim fico muito feliz!”, conta Maria Gonçalves Cunha, ou simplesmente Marinha, como gosta de ser chamada, ao BHAZ, sobre o momento em que descobriu que ganharia a cadeira. A responsável por entregar a doação foi Ivette Macedo, do projeto social Lacre do Bem, de Belo Horizonte.

“Fiquei sabendo da história após a reportagem do BHAZ. E, na hora, minha intenção foi de resolver o problema o mais rápido possível. Fiquei muito feliz e emocionada em atender a esse pedido”, conta Ivette ao BHAZ.

Entrega da cadeira de rodas

A entrega foi feita na segunda-feira (12), na banca de revistas da idosa, que fica localizada na Cidade Industrial, em Contagem. Quando Ivette chegou com a doação, Dona Marinha se emocionou muito, chorou e agradeceu. “Ela chamou os amigos para ver a cadeira, me agradeceu, ficou muito feliz. E eu fiquei muito mais!”, relata Ivette. “Fiquei muito contente! Agradeço a Deus por ter colocado pessoas boas em meu caminho”, conta Dona Marinha.

Ivette encontra Dona Matinha seus amigos Paulo César e Eustáquio (Lacre do Bem/Divulgação)

A idosa tem 78 anos e perdeu o movimento das pernas devido à paralisia infantil e à meningite quando criança. Como não tinha cadeira de rodas, a situação era ainda mais difícil. Mesmo assim, trabalha de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, em sua banca de revistas.

Gratidão

Seu Alcides Tabelini, motorista do ônibus, se dispôs a carregá-la todos os dias. O profissional pega a idosa no colo e a coloca sentada dentro do ônibus. Ao chegar na banca, mais uma vez, a pega no colo e a leva para seu destino. O “pagamento” que o motorista recebe é um beijo no rosto. Essa rotina se repete há uma década e o Dona Marinha é só gratidão por tudo o que Alcides tem feito por ela.

“Ele é tudo na minha vida, um filho mesmo, amo de todo meu coração”, conta a idosa. Ela diz que, mesmo com a cadeira, não vai dispensar a ajuda de Alcides. “Ele continua me carregando, porque ainda preciso, mesmo com a cadeira”, explica.

Ao BHAZ, Alcides conta que a amizade com Dona Marinha vem de longa data. “Comecei a carregá-la há mais de 10 anos. O irmão dela que ajudava, mas ele ficou doente e não conseguiu mais estar presente. Faço com a maior boa vontade, porque sei que ela precisa e é uma boa pessoa”, explica.

O motorista está quase se aposentando, e a maior preocupação dele era deixar Dona Marinha sem nenhum tipo de auxílio. “Eu não tinha condições de dar uma cadeira de rodas. Então, eu tentei ajudar de outras formas. Até meu lanche eu divido com ela, pois sei como é a situação”, completa.

“Lacre do Bem” leva solidariedade para quem mais precisa

A campanha “Lacre do Bem”, criada em 2013, tem o objetivo de doar cadeiras de rodas novas para pessoa carentes ou para instituições que atendam a esse público. Para conseguir o dinheiro suficiente para a compra das cadeiras, são arrecadados lacres de latas de alumínio, que depois são vendidos para empresas de reciclagem.

O projeto foi idealizado por Julia Macedo, quando ela tinha 9 anos. Hoje a adolescente tem 14. Após fazer uma doação à creche da cidade e receber um origami em agradecimento, Julia sensibilizou-se e resolver juntar mais lacres e potencializar a campanha. Essa ação transformou-se em uma grande corrente do bem, que envolveu a escola e a comunidade em que a menina vive, em Belo Horizonte.

A cada 105 quilos de lacres doados, o que equivale a aproximadamente 140 garrafas pet de 2 litros cheias, o “Lacre do Bem” consegue doar uma cadeira de rodas para a comunidade. Desde o início da campanha, já foram doadas mais de 385 cadeiras de rodas, e recicladas mais de 37 toneladas de lacres de alumínio graças à solidariedade de todos.

Hoje, o projeto “Lacre do Bem” conta com pessoas, empresas e organizações parceiras em várias partes do Brasil que ajudam a recolher as doações de lacres das latinhas e a entregar as cadeiras de rodas.

Pontos pelo Brasil

Existem pontos de coleta de lacres espalhados por várias regiões do Brasil e todos os endereços estão cadastrados no site oficial da campanha: www.lacredobem.com.br. Também são aceitas doações enviadas via Correios para o galpão da campanha, localizado em Belo Horizonte.

Para receber uma cadeira de rodas, é preciso preencher o formulário que também está disponível no site. As solicitações são analisadas por uma equipe de assistentes sociais e fisioterapeutas e colocados em uma fila de espera de acordo com a prioridade do caso.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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