Estuprador é ‘convidado’ a ajudar na criação de filho de vítima que engravidou: ‘Me senti ofendida’

Estuprador foi condenado a mais de 30 anos de prisão (South Yorkshire Police)

Parte da imprensa internacional repercute, ao longo dos últimos dias, um caso que mais parece ter saído das telas de cinema. Um homem condenado a 35 anos de prisão por ter estuprado várias menores foi “convidado” a participar da criação do filho de uma de suas vítimas. A mãe do garoto, hoje adolescente, a britânica Sammy Woodhouse, foi entrevistada pelo programa Victoria Derbyshire, da BBC, e disse ter se sentido “ofendida” e “chocada” com a situação.

Segundo a BBC, Sammy foi estuprada ainda quando tinha 14 anos e ficou grávida. Ela tentou esquecer o crime e teve o filho, o criando para reconstruir a vida. Mas, tudo mudou quando soube que autoridades do distrito de Rotherham, em South Yorkshire, Inglaterra, contataram o homem que a violentou para oferecer a ele “participação” no cuidado e atenção do filho.

Na Inglaterra, e no País de Gales, todos os pais devem ser notificados sobre os procedimentos de cuidados com os filhos, independente de quem sejam. “A questão aqui é a lei que, tal como está, permite que estupradores e outros criminosos participem nos cuidados e em outros aspectos da vida da criança”, explica a procuradora Denise Lester, em referência à lei “Public Law Children Act”, que dá direito ao Estado de intervir em questões familiares naquele país.

Um processo que corre no Conselho de Roterham teria motivado as autoridades a procurarem pelo estuprador. Nele, existe um pedido para que parte das responsabilidade sobre o rapaz sejam dividas com o pai. Segundo o The Times, o garoto passava por dificuldades e tinha “necessidades complexas”, o que justificaria a presença de Hussain na vida dele.
A entidade ainda prometeu informar ao homem sobre os procedimentos futuros para permitir que ele conheça e se comunique com o filho.

Agora, a mãe do adolescente, pede para que o governo britânico mude a lei para “garantir que os estupradores não tenham acesso a crianças concebidas através do crime que cometeram”. Além da entrevista para emissora, ela também comentou o assunto em um vídeo publicado no Twitter. Nas imagens, a mulher ainda fala sobre o estuprador, Arshid Hussain, e afirma que ele é um “perigo” tanto para ela quanto para crianças. Hussain foi condenado, em 2016, a 35 anos de prisão, junto com os dois irmãos, por abusar sexualmente de pelo menos 50 garotas.

“Estamos sendo constantemente revitimizadas. Como vítima de estupro, sempre me dizem: ‘Bem, na verdade ele tem seus direitos humanos’. E quanto aos meus direitos humanos? O que acontece com os direitos humanos de outras pessoas? E os nossos filhos, e o nosso direito de mantê-los seguros?”, questiona a mãe do garoto no vídeo. Ela garante ter tornado o caso público para evitar que casos semelhantes ocorram e para pedir uma mudança nas leis.

O que dizem as autoridades

Por meio de um comunicado enviado à imprensa, o Conselho de Rotherdham explica que não tinha como intenção “colocar qualquer criança em risco e ou permitir que qualquer envolvido com exploração sexual infantil condenado cuide de qualquer criança”. Já o Ministério da Justiça declarou, também em posicionamento oficial, que as autoridades podem pedir que os tribunais cancelem as notificações a pais que sejam desprovidos de “autoridade parental” em procedimentos de cuidados com os filhos.

Ainda segundo o Ministério da Justiça, o dano potencial às crianças e às mães também devem ser avaliados antes que as decisões sejam tomadas. A pasta explica ainda que o “incidente” envolvendo Sammy “é obviamente bastante lamentável e que os departamentos relacionados, bem como a autoridade local, trabalharão com urgência para entender e fazer face às falhas identificadas no caso”.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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