Velocidade da lama é de menos de 1km/h, mas pode chegar a Três Marias; primeiras análises saem na quarta

Rio Paraopeba, tomado pela lama da Vale (CBMMG/Divulgação)

Os resultados das análises químicas da água, colhida em 47 pontos de captação do Rio Paraopeba pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), devem ficar prontos até quarta-feira (30). O avanço da onda de lama decorrente do rompimento das barragens 1, 4 e 4A da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale S.A. na sexta-feira (25), em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte, já desacelerou e atingiu velocidade de menos de um quilômetro por hora. As informações são do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto.

Com isso, a expectativa de técnicos é que os rejeitos atinjam a usina de Retiro Baixo, localizada entre Pompéu e Curvelo, na região Central de Minas, nos primeiros dias de fevereiro.  “Se ultrapassar e chegar à barragem de Três Marias, será em velocidade ainda mais baixa”, afirmou Canuto em entrevista no domingo (27).

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Água do Rio Paraopeba foi coletada em 47 pontos  (Defesa Civil/Betim)

Com a grande avalanche de lama e água lançadas no Paraopeba, todos os sedimentos que estavam no fundo do rio foram remexidos e podem vir à tona. “Verificamos que a lama está caminhando lentamente e como o reservatório da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo é grande, ela pode se espalhar e ser amortizada. Se passar ou chegar até Três Marias, consideramos que o volume e a velocidade serão bem menores”, informou o ministro no domingo (27).

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que opera a Usina Hidrelétrica de Três Marias, informou que monitora o movimento da lama pelo Rio Paraopeba, mas que a usina está operando normalmente.

De acordo com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), estações da Copasa, CPRM/Agência Nacional de Águas e Igam já realizam monitoramento rotineiro no Rio Paraopeba, o qual será intensificado devido ao evento. “Nesses pontos, o monitoramento será diário ou várias vezes por dia, por período indefinido, até quando se julgar necessário. O monitoramento contemplará parâmetros básicos de qualidade de água (temperatura, oxigênio dissolvido, turbidez e pH), a série de metais, além de concentração de sedimentos”, diz nota do Igam.

O instituto acrescentou que “dados históricos de monitoramento do Igam apontam para valores médios de turbidez de 87,16 UNT, cerca de 20 quilômetros a jusante do acidente. A medição realizada pela Copasa no sábado (26), às 8h, no local de sua captação, distante 19 quilômetros a jusante do acidente, resultou em 63.700 UNT, enquanto às 16h30 a turbidez foi de 34.220 UNT. Já as medições da CPRM em Ponte Nova do Paraopeba, situada 57 quilômetros a jusante do acidente, apontaram turbidez de 27 UNT às 17h20 de sábado, mostrando que os rejeitos ainda não haviam atingido o local até aquele momento. A extensão do monitoramento é do local do acidente, percorrendo o Paraopeba a jusante até o reservatório da UHE Três Marias”.

Revisão de normas para barragens

Outra questão importante ressaltada pelo ministro do Desenvolvimento Regional é necessidade de revisão de normas e marco regulatório da Política Nacional de Segurança de Barragens(PNSB), instituída pela Lei 12.334, em 2010. O ministro Canuto informou que um comitê está sendo instalado para revisar a PNSB. Desde a tragédia de Mariana, em novembro de 2015, várias propostas de atualização foram apresentadas, mas não houve um ajuste definitivo além de resoluções a respeito de categorização de níveis de risco.

“É preciso uma revisão dos processos que tratam desde a autorização de instalação e funcionamento até a fiscalização dos empreendimentos. Os licenciamentos ambientais de barragens são feitos pelos Estados e a fiscalização, pelo Governo Federal, por meio da Agência Nacional de Mineração (ANM), que recebe dados das próprias mineradoras, além de produzir análises. Então, existe uma parcela de responsabilidade conjunta para evitar novos desastres”, disse.

Ele citou também uam revisão proposta pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), que propõe maior endurecimento na categorização de riscos e dano potencial associado. “É preciso aperfeiçoar esses itens para termos uma classificação mais refinada.

Técnicos da ANM estão em Brumadinho analisando indicadores e instrumentos de segurança das barragens 1, que se rompeu na sexta-feira (25) e atingiu duas barragens menores, a 4 e 4A.

 

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