Barragem da Vale em Barão de Cocais entra em alerta e três comunidades são evacuadas na madrugada

Pessoas obrigadas a abandonar suas casas foram encaminhadas a ginásio; exploração de minério no local começou no século 19 (Diário de Barão/Reprodução + Gemas do Brasil/Divulgação)

A Agência Nacional de Mineração (ANM) determinou a evacuação de área a jusante da barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), a cerca de 100 quilômetros de Belo Horizonte, depois de ser informada pela Vale que a empresa estaria dando início ao nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (Paebem).

A ação teve início na madrugada desta sexta-feira (8) e envolve a retirada de cerca de 500 pessoas nas comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras, todas situadas em Barão de Cocais. Grande parte delas foi levada para o ginásio poliesportivo da cidade, e parte para hotéis da região.

Uma guarnição do Corpo de Bombeiros e equipes da Defesa Civil já estão no local.

Em nota, emitida às 3h41 desta quinta, a Vale ressaltou que a decisão é preventiva e ocorreu após a empresa de consultoria Walm negar a Declaração de Condição de Estabilidade à estrutura.

Como medida de segurança, a empresa informou que está intensificando as inspeções da barragem Sul Superior. “Também será implantado equipamento com capacidade de detectar movimentações milimétricas na estrutura. A Vale está trazendo consultores internacionais para fazer nova avaliação da situação no próximo domingo (10)”, diz a nota da empresa.

“A barragem Sul Superior é uma das 10 barragens a montante inativas remanescentes da Vale, e faz parte do plano de aceleração de descomissionamento anunciado em 29 de janeiro de 2019. A referida barragem suportava a produção da mina de Gongo Soco, cuja produção de minério de ferro foi paralisada pela Vale em abril de 2016”, explica a Vale, em nota.

Há exatos 15 dias, em 25 de janeiro, uma barragem se rompeu e afetou outras duas estruturas menores da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte. A tragédia da Vale deixou rastro de lama, com saldo de 157 mortos, 182 pessoas ainda desaparecidas e 133 desabrigadas. Mais de 300 homens, entre bombeiros militares e defensores civis, além de voluntários, atuam na área na busca pelos corpos. Novo balanço das buscas será divulgado nesta sexta.

A mina e a barragem

A mina de Gongo Soco é uma das mais antigas em operação no Brasil. Sua exploração teve seu início no século 19, durante o ciclo do ouro, da chegada dos ingleses e mecanização das minas no país.

De acordo com nota do Governo de Minas Gerais, a barragem faz parte do complexo Mariana-Brucutu, e nesta madrugada, teve a sirene acionada para a remoção da comunidade local como medida de segurança, devido a elevação do nível da barragem para nível 2, segundo informou o coordenador-adjunto de Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Flávio Godinho Pereira.

Procurada pelo BHAZ, a Vale, às 11h07 desta sexta, não confirmou o alerta de nível 2.

As ações de controle e prevenção já foram realizadas pela Defesa Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros e a comunidade já está em local de segurança.

Segundo o coronel Godinho, “as operações na Mina de Gongo Soco estão temporariamente suspensas e só retomarão as atividades após a Vale apresentar o laudo comprovando a estabilidade da barragem”. O BHAZ procurou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) para confirmar que as operações da mina estão paralisadas.

Segundo a nota do Governo de Minas, a barragem tem 83 metros de altura e capacidade para 9.405.392 de metros cúbicos de rejeitos.

Bairros que foram evacuados

Em Barão de Cocais:

Três Moinhos, São João Batista, Vila Brandão, Vila São Geraldo, Centro, Vila Regina, Sagrada Família.

Em Santa Bárbara
Barra Feliz

Local seguro
Escola Estadual Efigênia de Barros Oliveira

Com informações da Secretaria de Estado de Comunicação do Governo de Minas Gerais

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