O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, publicou em seu Twitter nesta quarta-feira (12), que o episódio de vazamento de troca de mensagens via o aplicativo Telegram entre ele e o procurador da República Deltan Dallagnol, da operação Lava Jato, não vai interferir na missão de sua gestão, que inclui a aprovação do projeto anticrime no Brasil.
Moro citou ainda os números divulgados nesta quarta pelo Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), que apontam para a redução da criminalidade no país.
Dados do Sinesp (estatísticas criminais baseadas em boletins de ocorrência estaduais e distrital). Comparativo do primeiro bimestre com o ano anterior. Crimes caindo em todo o país. 23% de homicídios a menos. pic.twitter.com/bESJ68V1H8
— Sergio Moro (@SF_Moro) 12 de junho de 2019
Ressalvas: 1 – precisamos trabalhar para a redução ser permanente e constante; 2 – muitos fatores influenciam a queda, o mérito não é só do Governo Federal, mas também dos estaduais e distrital;e 3 -mesmo com a redução, os números ainda são altos, precisamos trabalhar muito mais.
— Sergio Moro (@SF_Moro) 12 de junho de 2019
Entenda as denúncias
As denúncias envolvendo o atual ministro, e então juiz em Curitiba, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, além de vários outros promotores envolvidos na operação Lava Jato, vieram à tona no domingo (9), por meio da divulgação de uma série de reportagens especiais do site The Intercept Brasil.
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Na série de reportagens, o site mostra a troca de inúmeras mensagens entre eles, insinua que integrantes da Lava Jato operaram com base em motivações políticas, partidárias e ideológicas, mesmo com a força-tarefa negando veementemente. E mais: que Sergio Moro agiu como se fosse superior hierárquico dos procuradores da República e da Polícia Federal, sugerindo troca nas fases da Lava Jato, cobrando agilidade em novas operações, dando pistas informais da investigação e antecipando decisões. O então juiz teria até mesmo ‘puxado a orelha’ de Dallagnol.
Entre as denúncias mais graves estão uma conversa sobre como impedir a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa, antes das eleições de 2018, temendo que o fato pudesse ajudar a eleger Fernando Haddad (PT); e a dúvida do procurador Deltan Dallagnol sobre as fracas provas da relação de Lula com o triplex do Guarujá, horas antes de a denúncia ser apresentada.
O desenrolar das denúncias
O caso ainda está se desenrolando nos bastidores da política brasileira. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) chegou a pedir o afastamento de Moro e Dallagnol de suas atividades, até que o caso seja completamente elucidado.
A teoria de que os telefones celulares dos envolvidos nas denúncias foram ‘hackeados’ está sob judicie, uma vez que o aplicativo Telegram divulgou nota negando qualquer anormalidade em seu sistema.
Na segunda-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarou apoio e confiança irrestritos a Moro. Nessa terça-feira, no entanto, o presidente se esquivou com veemência da pergunta de um jornalista durante uma coletiva de imprensa em São Paulo, ao lado do governador João Dória (PSDB): “Presidente, como o senhor avaliou as questões envolvendo o ministro Sérgio Moro. O senhor não pode falar sobre isso presidente?”, pergunta o jornalista. E Bolsonaro responde: “Está encerrada a entrevista, viu? Obrigado”.
Na próxima semana, quarta-feira (19), Sergio Moro vai ao Senado dar explicações sobre o caso.
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