Moradores em situação de rua, dentre os quais nove crianças e adolescentes, foram retirados nesta quarta-feira (31) do entorno da região da Savassi, especificamente na área com intensa presença de comércios. Moradores e comerciantes afirmam que a intervenção ocorreu após “solicitações constantes”, enquanto a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirma se tratar de uma ação rotineira.
Ao BHAZ, a prefeitura informou que foram abordadas 13 pessoas em situação de rua, dentre as quais nove crianças e adolescentes, que foram levadas ao Conselho Tutelar “para que medidas de proteção sejam tomadas”. A ação da PBH nesta quarta focou a rua Alagoas, na Savassi.
“A prefeitura esclarece que o trabalho de gestão do espaço urbano é realizado diariamente em toda a cidade por nove equipes compostas por profissionais com formação nas áreas de humanas, fiscais, agentes de campo, guardas municipais e agentes de limpeza urbana”, informou a administração, por nota.
‘Desumaniza’
“A ação deve ser feita de forma consciente pelos órgãos públicos. Repressão nunca resolveu nada, você apenas desumaniza ainda mais a pessoa. Muitas pessoas querem sair dessa situação, mas não conseguem sozinhas”, afirma a supervisora de projetos da Pastoral de Rua de BH, Claudenice Rodrigues Lopes.
A profissional, que trabalha com moradores em situação de rua na Área Hospitalar, analisa as ações de forma genérica, já que não acompanhou a retirada dessas crianças e adolescentes na Savassi. “Trabalhamos a questão do encaminhamento, da autoestima e coletivo. O primeiro passo é criar um vínculo com a pessoa em vulnerabilidade social e, a partir daí, vamos construindo projetos para sua saída das ruas”, relata.
A PBH, por sua vez, alega que “é garantida a posse dos pertences pessoais, sendo assegurado ao cidadão fazer a separação, a desmontagem, o recolhimento e a guarda dos objetos que possa portar consigo em seus deslocamentos, admitido o auxílio de um veículo de tração humana de pequeno porte”. “Os materiais identificados pelo cidadão como inservíveis são devidamente recolhidos pela SLU”, complementa.
Para o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, a questão das pessoas que ocupam os espaços públicos passa pela vertente social e precisa ser solucionada pelo poder público. “É preciso garantir ao morador em situação de rua acesso aos serviços públicos, pensando na dignidade e na melhoria das condições de vida de todos eles”, disse. “É importante que esta população viva de maneira digna, fora das ruas”, afirma.
A intervenção aos moradores teve a participação dos seguintes órgãos: Secretaria de Politica Urbana, por meio da Subsecretaria de Fiscalização, com apoio da Superintendência de Limpeza Urbana e retaguarda da Secretaria de Segurança e Prevenção. “Quando necessário, são acionadas outras Secretarias conforme definido na Portaria mencionada acima. Nesta ação específica foi acionada a Secretaria de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania por ter sido constatada a presença majoritária de menores de idade.