O inusitado sonho de quatro estudantes mineiras está mais perto de se realizar. As jovens se classificaram para a final da Olimpíada Nuclear Mundial, que será realizada entre 28 de outubro e 2 de novembro em Viena, na Áustria.
O grande desempenho das garotas prodígio, porém, não é suficiente para levá-las ao evento no país europeu. Anna Flávia Peluso, de 24 anos, Edilaine Silva, de 25, Luciana Ribeiro, de 26, e Nathália Medeiros, de 22, precisam de uma ajuda de custo. A organização do campeonato cobre apenas as despesas do quinto integrante da equipe, Vitor Fernandes de Almeida, de 25 anos. Isso porque ele é o representante do grupo na competição.
O jeito foi dar início a uma vaquinha online, por meio de sites de colaboração coletiva. Ao BHAZ, a sabarense Edilaine Silva explicou que o objetivo é utilizar o dinheiro arrecado para custear passagens, hospedagens, alimentação e demais custos da viagem. Apesar disso, a quantia de R$ 22 mil solicitada no site, deverá ser o suficiente apenas para as quatro passagens.
Olimpíada Nuclear Mundial
Os estudantes se conheceram no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). Segundo Edilaine, todos recebem auxílio, entre bolsas mestrado, doutorado, e iniciação científica.
A Olimpíada Nuclear é descrita como um desafio internacional para estudantes de graduação e pós-graduação para uma comunicação pública eficaz da ciência e tecnologia nuclear. Segundo a estudante, o objetivo principal é “mostrar os benefícios do uso da radiação para a sociedade”.
A notícia de que o time havia sido selecionado para a final veio após um árduo trabalho em várias etapas. Para a primeira parte da competição, o grupo produziu um vídeo que ensina sobre a radiação de forma direta e didática. Confira:
Na segunda, a gravação foi avaliada e votado pelo público. Já na terceira parte da competição, Vitor, que é o representante do grupo, foi entrevistado em inglês. Na quarta etapa, os estudantes desenvolveram um relatório, com dados coletados poe eles, avaliando o quanto a falta de conhecimento sobre a tecnologia nuclear pode afetar na aceitação do assunto.
O desafio da final será uma apresentação oral, de 15 minutos, na qual o relatório será avaliado sob critérios como desenvoltura, relevância, a abordagem do assunto, entre outros.
‘Quebrar o preconceito’
Edilaine lembra que o interesse em competir cresceu após descobrir que outra brasileira que já havia ganhado o prêmio da Olimpíada Nuclear – a engenheira nuclear Alice Cunha, em 2015. “Então pensei ‘se uma brasileira já levou esse prêmio porque a gente também não pode?”.
A estudante conta ainda que o principal objetivo da equipe é quebrar o preconceito contra a área nuclear. “As primeiras coisas que as pessoas pensam quando se fala de energia nuclear é bomba, morte e doença, infelizmente. Mas é algo que pode salvar vidas”, diz.
Cortes de bolsas CNPQ
Durante a entrevista, Edilaine lembra com pesar dos cortes feitos pela Capes às bolsas CNPQ, há poucas semanas (lembre aqui).
Para a estudante, é “muito triste ver pessoas que já não terão mais as bolsas”. “É um incomodo ver a ciência ser abandonada no nosso país. Isso é o que nos motiva a ir para fora, para mostrar que ainda há esperança, e que temos potencial”, desabafa a bolsista.
Vamos ajudar? As doações podem ser feitas por aqui.