Denunciado por ‘política de extermínio’, Witzel pode ser homenageado em Minas

Fernando Frazão/Agência Brasil

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), pode ser homenageado com o título de Cidadão Honorário de Minas Gerais, na Assembleia Legislativa. O pedido foi protocolado pelo deputado estadual Noraldino Júnior (PSC) e será analisado na Casa nesta terça-feira (24).

O governador fluminense vive um momento conturbado em seu governo devido às mortes causadas por operações policiais no Rio. Diante de protestos da população, morte de policiais e inocentes, partidos de oposição anunciaram que vão à Justiça contra Witzel pela prática de “política de extermínio”.

Reprodução/Diário do Legislativo de MG

Segundo o deputado Noraldino Júnior, autor do pedido da homenagem, a motivação foi a ajuda concedida por Witzel para o Governo de Minas após a tragédia em Brumadinho.

“Governador do Rio foi o primeiro a ajudar em todas as ações em relação a Brumadinho. Ele ligou para o governador Zema, mandou equipe de bombeiros para ajudar e acompanhou de perto os desdobramentos. Além disso, trata-se de uma pessoa confiável, importante, séria e ética. A homenagem é pelo que ele fez de bom para Minas Gerais e a participação importante para Brumadinho”, disse.

Segundo o deputado, ele não levou em consideração o momento atual vivido por Witzel no Rio de Janeiro, pois fez o pedido antes – consta no diário do legislativo o requerimento de homenagem no dia 6 de setembro. Contudo, ele não se arrepende.

“Todos os governadores vivem momentos ruins. Vão existir períodos em se está bem e outros que acontecem decisão polêmicas. Eu não fiz o pedido agora. Ele será apreciado por conta do prazo regimental. Mas, não me arrependo e faria de novo. O Witzel foi solícito com Minas quando preciso. O Rio está em situação complicada há muito tempo e, com relação aos últimos episódios, é lamentável qualquer situação em que um inocente possa ser ferido, tanto civil quanto militar. Isso é algo inaceitável. Mas não tem nada a ver com o título de cidadão honorário”, afirma o deputado.

Política de Extermínio

A Reitoria da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), divulgou nota nesse domingo (22) em que enumera 1.249 mortes pela polícia no Rio de Janeiro, nos primeiros oito meses de 2019. Só este ano, cinco crianças morreram por causa do fogo cruzado.

Partidos de oposição ao Governo Witzel, anunciaram nesta segunda que vão denunciar o governador no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por “política de extermínio aplicada no estado”.

A motivação foi a morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, que foi baleada nas costas, quando estava em uma Kombi, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. O crime aconteceu na última sexta (20) e, segundo moradores da região, policiais atiraram contra uma moto que passava no local, e o tiro atingiu Ágatha.

“Os partidos de oposição, no compromisso com a democracia, com uma política de segurança pública responsável, com a defesa dos direitos da população vulnerável e com a vida das crianças, apresentam uma Notícia Crime ao Superior Tribunal de Justiça contra o governador do Estado do Rio de Janeiro Wilson Witzel, para que responda pelos crimes que vem sendo praticados pela polícia militar do estado que governa, que ocorrem sob seu aval, estímulo e fomento. A ação será protocolada nesta segunda-feira. Esperam os partidos que haja uma resposta do Poder Judiciário para fazer cessar essa guerra aberta, cuja vítima é a sociedade”, diz a nota assinada pelos presidente do PT, PCdoB, Psol, PSB e PDT.

Nesta segunda-feira (23), Witzel precisou vir à público dar explicações sobre o caso. Ele cobrou celeridade nas investigações e lamentou o ocorrido.

“A dor de uma família não se consegue expressar. Eu também sou pai e tenho uma filha de 9 anos. Não posso dizer que sei o tamanho da dor que os pais da menina estão sentindo. Jamais gostaria de passar por um momento como esse. Tem sido difícil ver a dor das famílias que tem seus entes queridos mortos pelo crime organizado. Eu presto minha solidariedade aos pais da menina Ágatha. Que Deus abençoe o anjo que nos deixou”, disse Witzel.

Além disso, Witzel aproveitou para fazer uma defesa da política de segurança implementada por seu governo, que tem gerado um alto número de mortes em confrontos e também várias vítimas inocentes.

“A sensação de segurança é nítida. Nós hoje estamos em um ritmo de trabalho como nunca houve na história do estado e isto está incomodando demasiadamente o crime organizado, pois eles sabem que vão sofrer mais perdas ainda e nós não temos a menor intenção de parar de fazer o que está sendo feito. No caso da menina Ágatha, não era uma operação. O que o tráfico e o crime organizado fazem é fustigar a polícia para que ela seja obrigada a enfrentá-los. A polícia não cria o confronto. Quem cria o confronto são as organizações criminosas”, disse.

Bombeiros do Rio

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) 80 militares participaram dos trabalhos de busca e resgate em Brumadinho, após o rompimento da barragem. Os militares receberam a “Medalha do Mérito Força e Coragem” por conta disso.

Além das duas equipes de 40 militares, que se revezaram no trabalho ao longo de dez dias em Brumadinho, uma aeronave, nove viaturas e cinco cães farejadores também foram usados na operação. Após isso, o governo fluminense continuou mantendo apoio às operações, mas com equipe reduzida.

Segundo a base de operações do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG), em Brumadinho, há pelo menos três meses, não há bombeiros do Rio de Janeiro nas operações de busca de vítimas da tragédia.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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