Pedreiro aprende a dançar balé para ajudar filhas com autismo: ‘Pai não é só falar’

Marina Silva/Cedida pelo CORREIO*

O pedreiro Joilson Santos de 52 anos tem praticado aulas de balé para ajudar as filhas de 8 e 10 anos que têm autismo. Enfrentando preconceitos e adversidades, ele conta que tem se dedicado ao máximo às filhas. “Pai não é só falar que é pai. Para mim, nada mais importa se minhas filhas estiverem bem”, diz.

De acordo com o pedreiro, há aproximadamente 1 ano ele ingressou no projeto Arte de Viver, mantido pela Prefeitura da cidade de Feira de Santana, na Bahia. O programa conta com aulas de balé para crianças com autismo. “Minhas filhas têm autismo nervoso, então elas precisam de alguma atividade para acalmar. O projeto surgiu na nossa vida por indicação da psicóloga e das médicas que atendem as minhas filhas. Elas ficaram sabendo e incluíram os nomes das minhas meninas”, conta.

Joilson começou a dançar para ajudar as filhas Isabele e Iasmin
(Marina Silva/Cedida pelo CORREIO*)

No projeto, os pais aprendem balé para acalmar os filhos com autismo por meio da dança. “Chegando lá só tinham nove mulheres e 10 crianças, pois minha mulher dançaria com uma das minhas filhas e a outra ficaria sem ninguém. Foi aí que eu comecei a participar das aulas para ajudar minha filha mais velha, que é grudada comigo”, diz.

A atitude do pedreiro repercutiu e encantou muita gente. Apesar disso, ele também tornou-se alvo de preconceito e críticas. O pedreiro começou a ouvir piadas homofóbicas pelo fato de dançar balé com as filhas. “Eu não me importo com isso. Na minha opinião, não era para ter preconceito no Brasil, isso é algo ruim demais. Eu escuto muitas piadinhas, ficam me zoando, de gozação, mas eu deixo passar. O importante são minhas filhas, se elas estão bem, não ligo para nada” diz.

Luta diária

A família de Joilson mora em Feira de Santana, na Bahia e ele, atualmente, tem passado mais tempo na cidade de Candeias, também na Bahia, a 106 quilômetros de casa. “Estou ficando 15 dias longe das minhas filhas para trabalhar, pois preciso manter os tratamentos delas. Eu estava desde janeiro sem emprego, por isso precisei aceitar esse serviço aqui”.

No entanto, mesmo distante, ele continua comparecendo às aulas de dança das filhas. “Eu não consigo ir nas quartas-feiras, mas todas as sextas eu volto para casa só para participar da aula. Faço tudo por minhas filhas”.

Antes de se tornar pedreiro, Joilson trabalhava como motorista de ônibus, mas precisou deixar o emprego. “Tenho que sobreviver de bicos e empregos sem CLT, pois uma empresa não vai me liberar para cuidar das minhas filhas”, relata.

Joilson conta que a vida tem sido uma luta diária. “Estou vivendo de bicos e correndo atrás. Já pensou eu chegar no dia das crianças sem presente para as minhas filhas? E digo mais, preparei uma surpresa e vou dar um presente muito bom para elas”, conta orgulhoso.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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