Caso Marielle: Porteiro diz que suspeito entrou em condomínio alegando ir à casa de Bolsonaro

Jair Bolsonaro/YouTube/Reprodução + Renan Olaz/ Câmara Municipal do Rio

Um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes entrou no condomínio onde Jair Bolsonaro (PSL) tem uma casa, no Rio de Janeiro, no dia do crime. Segundo o depoimento do porteiro do imóvel, ao se anunciar na entrada, o homem alegou que iria até a casa do “Seu Jair”. O caso foi revelado, com exclusividade, pelo Jornal Nacional.

Apesar do porteiro ter dito que a entrada de Élcio de Queiróz – indicado pela polícia como o motorista do carro usado no crime-, teria sido autorizada pelo próprio Jair Bolsonaro, registros da Câmara dos Deputados apontam que o parlamentar estava em Brasília nesse dia.

Em depoimento, o porteiro contou que, no dia 14 de março de 2018, ele escreveu no livro de controle dos acessos ao condomínio que Élcio tinha entrado às 17h10 e que iria para a casa de número 58, a de Bolsonaro. O homem ainda afirmou que a autorização foi dada pelo “Seu Jair”, por meio do interfone.

As imagens do circuito interno de segurança, analisadas pela polícia, mostram que, ao entrar no condomínio, Élcio teria ido para a casa de Ronnie Lessa, principal suspeito de matar a vereadora e o motorista. Com a ida para outro imóvel, o porteiro afirma que ligou novamente para a casa 58 e disse que o homem, que ele identifica como “Seu Jair”, teria dito que sabia para onde Élcio iria.

Registros da Câmara dos Deputados apontam que Jair Bolsonaro estava em Brasília no dia do crime. A lista de presença aponta que ele participou das votações de 14h e 20h30.

O STF (Supremo Tribunal Federal) vai precisar analisar se o caso sai da instância estadual para a Suprema Corte.

A matéria do JN deixou o presidente irritado. Em uma transmissão nas redes sociais, ele ofendeu a emissora e falou sobre a renovação da concessão do canal de TV (veja abaixo).

“Canalhice”

Na live feita por meio do Facebook, Bolsonaro apresentou extrema irritação com a matéria da Globo. “Isso é uma patifaria, TV Globo. É uma canalhice o que vocês fazem. Uma ca-na-lhi-ce, TV Globo. Uma canalhice fazer uma matéria dessas em um horário nobre, colocando sob suspeição que eu poderia ter participado da execução da Marielle Franco, do PSOL”, disse.

Durante a transmissão, o presidente, que está na Arábia Saudita, lembrou que, em 2022, a emissora carioca precisará renovar a concessão e que isso será autorizado somente se o processo estiver “enxuto”, sem explicar, exatamente, o que isso quer dizer.

“Temos uma conversa em 2022. Eu tenho que estar morto até lá. Porque o processo de renovação da concessão não vai ser perseguição, nem pra vocês nem para TV ou rádio nenhuma, mas o processo tem que estar enxuto, tem que estar legal. Não vai ter jeitinho pra vocês nem pra ninguém”, falou.

Após a transmissão, a Rede Globo divulgou uma nota lamentando o fato do presidente “não conhecer a missão do jornalismo de qualidade”.

“A Globo não fez patifaria nem canalhice. Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. […] A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro”, diz em um dos trechos.

Witzel contou sobre porteiro

Ainda na live, Bolsonaro disse que as informações do depoimento do porteiro foram “vazadas” para a imprensa pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. “O processo está em segredo de Justiça. Quem vazou para a Globo? Segundo a Veja, foi o governador Witzel. Que ele se explique sobre isso”.

Bolsonaro disse que, durante uma festa de aniversário no Clube Naval, no Rio de Janeiro, no dia 9 de outubro, Witzel contou para ele que o processo estava no STF, pois o nome dele havia sido citado. O governador Witzel e chegou perto de mim e falou o seguinte: ‘o processo está no Supremo’. Eu falei: ‘que processo?’ ‘O processo da Marielle.’ ‘Que que eu tenho a ver com a Marielle?’ ‘O porteiro citou teu nome.’ Quer dizer: Witzel sabia do processo que estava em segredo de Justiça. Comentou comigo”, comentou.

Novo depoimento

Bolsonaro defendeu que o porteiro seja ouvido novamente, pois segundo ele, o profissional “ou se equivocou ou não leu o que assinou”. O presidente sugeriu que o novo depoimento seja colhido pela PF (Polícia Federal).

“Estou conversando com o ministro da Justiça [Sergio Moro] o que pode ser feito pra gente tomar, via Polícia Federal, o depoimento novamente. O depoimento agora desse porteiro pela PF, pra esclarecer de vez esse fato, de modo que esse fantasma, né, que querem colocar no colo como possível mentor da morte da Marielle seja enterrado de vez.”

Repercussão na web

Nas redes sociais, o assunto tem sido uma dos mais comentados desde a noite de terça. Enquanto alguns apoiam o presidente, outros defendem a continuidade das investigações.

Veja algumas das repercussões:

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