Evo Morales renunciou ao cargo de presidente da Bolívia neste domingo (10). O vice, Álvaro García Linera, também já informou que vai deixar o posto.
Morales enfrenta manifestações desde o dia 21 de outubro, após as eleições gerais do país. Com uma apuração confusa e suspeitas de fraude eleitoral, ele conquistou, em primeiro turno, seu quarto mandato consecutivo. “Eu decidi, escutando meus companheiros, renunciar ao meu cargo da presidência”, disse Evo em pronunciamento.
Em publicação, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) comentou a queda de Evo no país vizinho. “Denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do Presidente Evo Morales. A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, contagem de votos que possam ser auditados”, disse.
Eleição polêmica
As eleições presidenciais bolivianas ocorreram em 20 de outubro. Morales obteve 47,07% dos votos, enquanto seu principal concorrente, Carlos Mesa, alcançou a 36,51%. Pelas regras eleitorais bolivianas, Morales foi declarado eleito, por ter obtido mais de 10% dos votos além de Mesa.
A apuração, no entanto, foi acompanhada por polêmica, com acusações de ambos os lados. Uma comissão de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou problemas como a falta de segurança no armazenamento das urnas e a suspensão da contagem dos votos. Já na ocasião, o coordenador do Departamento de Observação Eleitoral, Gerardo de Icaza, disse que a credibilidade da Justiça Eleitoral no país estaria em dúvida e, por isso, mesmo que alcançada a diferença de 10%, deveria ser assegurado o segundo turno.
Diante da polêmica, Morales e líderes oposicionistas sugeriram que a OEA auditasse o resultado das eleições – e Morales convidou países como Colômbia, Argentina, Brasil e Estados Unidos a participarem do processo. Desde então, os protestos populares se acirraram, com oposicionistas chegando a estabelecer um prazo para que o presidente deixasse o cargo.
Protestos
Segundo a imprensa boliviana, nas últimas horas, houve ataques a residências, incluindo de familiares de Morales, e a prédios públicos. No Twitter, o presidente denunciou que “fascistas” incendiaram a casa dos governadores de Chuquisaca e Oruro, e também de sua irmã, Esther Morales. Emissoras de rádio e TV estatais, como a Bolívia TV, foram alvo de protestos.
Com Agência Brasil