Bolsonaro ataca o Congresso pelas redes e cria crise institucional; líderes saem em defesa da democracia

Bolsonaro envia convocação por whatsapp
Apoio do presidente tem sido criticado por teor antidemocrático da manifestação (Valter Campanato/Agência Brasil + @veramagalhaes/Twitter/Reprodução)

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), enviou mensagens de convocação para ato anti congresso de seu próprio celular. O vídeo que o mandatário compartilhou apresenta Bolsonaro como um herói nacional e pede que os apoiadores vão às ruas no dia 15 de março. O teor antidemocrático da manifestação tem gerado reações no cenário político, após a revelação de que o próprio presidente apoia o ato.

As informações foram divulgadas pela jornalista Vera Magalhães nessa terça-feira (25) e já foram confirmadas por outros veículos, como Folha, Uol e Estadão. O vídeo retrata a superação de Bolsonaro, desde a facada de setembro de 2018, até os dias atuais. “Dia 15.3 vamos mostrar a força da família brasileira. Vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos”, diz um trecho do vídeo.

Vídeo mostra Bolsonaro como um herói que “combateu a esquerda corrupta” (Whatsapp/Reprodução)

O vídeo também mostra algumas manifestações anteriores a favor do presidente. As imagens são acompanhadas do hino nacional tocado em um saxofone. “Somos sim capazes e, temos um presidente trabalhador, incansável, cristão, patriota, capaz, justo, incorruptível”, ressalta outro trecho do vídeo, enquanto diferentes momentos de Bolsonaro são mostrados.

Ato contra a democracia

A manifestação apoiada por Bolsonaro tem como alvo o Congresso brasileiro. Como esta é uma instituição democrática, o ato está sendo apontado por diversas figuras do cenário político como um ataque à democracia.

“A ser verdade, como parece, que o próprio Pr [presidente] tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto de tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, escreveu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Torna-se urgente e necessária forte resposta das instituições ou o País mergulhará, mais uma vez, na escuridão das ditaduras”, escreveu a ex-presidente Dilma Rousseff. “É urgente que o Congresso Nacional, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque para defender a democracia”, publicou o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Se o próprio presidente da República convoca manifestações contra o Congresso e o STF, não resta dúvida de que todos aqueles que prezam pela democracia devem reagir”, disse Ciro Gomes.

“O momento é gravíssimo e exige posições e medidas claras do Congresso e do STF em defesa da democracia. Que todos os democratas se posicionem e se aliem, e que os generais tenham mais juízo que o capitão, respeitando as instituições democráticas e a nossa CONSTITUIÇÃO”, afirma Marina Silva.

No entanto, diversas pessoas usaram as redes sociais para defender o presidente. No Twitter, o assunto “Eu apoio Bolsonaro” foi o mais comentado na manhã desta quarta-feira (25). Enquanto isso, outro assunto também entre os mais comentados foi o pedido de “impeachment de Bolsonaro”.

Mesmo que tenha recebido o apoio de parte do público, o presidente negou que tenha utilizado seu Whatsapp para espalhar mensagens de convocação à manifestação. “No Whatsapp, tenho algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, publicou o presidente pelo Twitter.

Ataques ao jornalismo

Após a revelação de como o presidente tem usado o Whatsapp, a jornalista Vera Magalhães tem sofrido duros ataques pessoais nas redes sociais. Mesmo que diversos veículos de comunicação tenham confirmado a notícia divulgada por Vera, a jornalista tem sido questionada nas redes sociais, principalmente depois da resposta de Bolsonaro.

Em suas redes sociais, Vera tem reafirmado as notícias publicadas e reforçado algumas atitudes de Bolsonaro contra as instituições democráticas. “‘Se caísse uma bomba H no Parlamento, pode ter certeza, haveria festa no Brasil’. Jair Bolsonaro em 2018”, publicou ela, acompanhado de um vídeo em que o atual presidente critica o congresso.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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