O Brasil é um dos candidatos para sediar a Copa do Mundo Feminina em 2023, mas não se esforçou para enviar uma representante feminina para a apresentação à União das Federações Europeias de Futebol, a UEFA, em mais uma etapa da candidatura nessaa segunda-feira (2).
Um repórter esportivo do jornal The New York Times, Tariq Panja, chamou a atenção da decisão da delegação no Twitter. “A Confederação Brasileira de Futebol veio à Uefa para tentar o direito de sediar a Copa do Mundo feminina de 2023. Só ficou faltando uma pessoa na delegação: uma mulher”, escreveu ele.
Expandindo a crítica a delegações de outros países, ele não apontou o problema apenas no Brasil. “Para falar a verdade, o Japão é o único concorrente que merece algum crédito. A delegação de três pessoas incluía duas mulheres. A Austrália/Nova Zelândia levou dois homens e uma mulher. A Colômbia achou adequado mandar um delegado: um cara chamado Andres”, completou o jornalista.
To be honest Japan the only bidder to come out with any credit. Its 3 person delegation included 2 women.
— tariq panja (@tariqpanja) March 2, 2020
Australia/NZ showed up with 2 men and a woman.
Colombia saw fit to send one delegate: a chap called Andres
A confederação justificou a ação, em nota, dizendo que a visita foi apenas para uma apresentação técnica e que a técnica da Seleção Brasileira Feminina, Pia Sundhage, não conseguiu ir ao compromisso. “Ainda assim, gravou um vídeo especialmente para o momento, assim como a Rainha Marta”, diz um trecho do comunicado (leia na íntegra abaixo).
A CBF não tem nenhuma mulher entre os cargos de diretoria, presidência e vice-presidência. A confederação conta com um presidente, 8 vice-presidentes, um secretário-geral, um vice-presidente jurídico e 13 diretores: todos homens.
No Twitter, jornalistas esportivos brasileiros e usuários da rede social criticaram a decisão da CBF. “É uma Copa do Mundo feita pra mulheres e não ter ao menos uma mulher cuidando de alguma coisa aí é sacanagem”, escreveu um internauta.
A incompetência não tem limites.
— Ana Thaís (@anathaismatos) March 2, 2020
O presidente da CBF tem muita boa vontade com o FF, porém, é cercado de MUITAS pessoas que nao estão nem ai pra modalidade e então os processos são falhos. Isso é só um retrato do tanto que não aprenderam nada com 2019! https://t.co/z1fIRLXYI3
Em março de 2019, a FIFA oficializou a candidatura do Brasil para sediar a Copa do Mundo Feminina. O país concorre com a Áustrália/Nova Zelândia, Colômbia e com o Japão e quer sediar os jogos em oito cidades: Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
? The #FIFAWWC 2023 has reached an important milestone, with these member associations submitting bids to host the tournament:
— FIFA Women’s World Cup (@FIFAWWC) December 13, 2019
????? Australia & New Zealand (joint submission)
?? Brazil
?? Colombia
?? Japan
Find details on each bid and more here ?
Nota da CBF
“A Confederação Brasileira de Futebol esclarece que a visita à entidade europeia se trata apenas de uma apresentação técnica. Cada país tem somente 10 minutos para mostrar o livro de intenções para sediar a competição. Pelo Brasil, foram Ricardo Trade, responsável pelo projeto e que também quem esteve à frente da Copa de 2014, além da Rio 2016, e André Megale, diretor de Compliance da CBF, que visa à garantia do bom andamento da gestão. A técnica Pia Sundhage também iria à visita, mas, por ter compromisso com a Seleção Feminina no Torneio da França, não esteve presente. Ainda assim, gravou um vídeo especialmente para o momento, assim como a Rainha Marta. Também esteve presente Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, mas ele foi como membro do conselho da FIFA.”