Governo de Minas não tem previsão para pagar servidores: ‘Ainda não é possível falar em escala’

Para receber salários em dia professores já fizeram "varal dos endividados"
Para receber salários em dia professores já fizeram “varal dos endividados” (Amanda Dias/BHAZ + Gill de Carvalho/Sind-UTE/MG)

Aline Diniz e Vitor Fórneas

O Governo de Minas Gerais não tem previsão de quando começará a pagar o salário dos servidores estaduais correspondente ao mês de março. Enquanto a incerteza prossegue, trabalhadores convivem com a angústia da aproximação dos vencimentos das contas e por não terem dinheiro para quitá-las (leia abaixo).

O Secretário-Geral do Estado, Mateus Simões, disse, ao BHAZ, que no momento “não é possível falar em escala de pagamento”. Isso acontece por conta da inadimplência e da queda da atividade econômica em decorrência do combate ao novo coronavírus, o Covid-19.

“A maior arrecadação do Estado vem do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Precisamos esperar o prazo final para o pagamento, que é dia 13. A pontes disso é cedo [definir a escala]”.

Simões contou que todos os esforços estão sendo feitos para pagar os servidores. Há possibilidade de que os da saúde e segurança recebam primeiro e uma ordem foi dada por Romeu Zema (Novo). “O governador determinou aos secretários a liberação de recursos para a saúde e pagamento da folha. Caberá a cada secretário avaliar onde os cortes podem ser feitos”.

O secretário-geral estima que os cortes podem gerar uma redução de R$ 6,5 bilhões ao longo dos anos, porém alguns não podem ser feitos. “Nós não podemos cortar material para a PM, alimentação nos hospitais e presídios, nem merenda das crianças, dentre outros. O corte poderá ser feito em diária de viagens, combustível e despesas com informática, energia e água”, exemplifica.

Os meses de abril e maio são considerados os mais difíceis para o governo, principalmente devido à paralisação da atividade econômica por conta do novo coronavírus. Exonerações de servidores designados não são descartadas.

‘Como vou fazer?’

Diante da incerteza de não saber quando vai receber, a professora Marisa da Silva vive com a angústia de não poder pagar as contas e de não ter dinheiro para sustentar a família.

“Não tenho de onde tirar dinheiro. Como vou fazer para pagar água, luz e telefone? Tenho três filhos que estão desempregados. A gente já convive com o sofrimento de não receber em dia e agora muito mais com a questão do corona e nem de poder sair de casa”, lamenta.

A servidora da educação cobra respeito do governo, pois, segundo ela, não se pode priorizar uma categoria e deixar outras de lado. “Imagina quantos servidores estão ficando doentes por causa deste desrespeito. Hoje tive que ligar para algumas pessoas falando que não vou pagar as minhas dívidas no dia estipulado, pois meu pagamento não vai cair. Ouvi de uma delas: ‘Vender pra professor é a pior coisa. Vocês nunca sabem quando terão dinheiro”.

A indefinição quanto à publicação da escala de pagamentos também é questionada por Marisa. “Será que as minhas latas vão ficar vazias até o dia 14 esperando o governador decidir quando vou receber? Será que vou ter sanidade mental para combater o Covid-19 e a fome da minha família até o dia 14?”, questiona.

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