Bolsonaro e Mandetta trocam farpas em meio à pandemia: ‘Nenhum ministro é indemissível’

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Ministro da saúde e presidente se desentendem em meio à pandemia (Isac Nóbrega/PR + Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, trocaram farpas em entrevistas concedidas à rádio Jovem Pan e à Folha de São Paulo nessa quinta-feira (2). Em meio à crise do novo coronavírus, o presidente chegou a dizer na rádio que “nenhum ministro é indemissível” e que os dois já andavam “se bicando há algum tempo”. Já Mandetta afirmou à Folha “que quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”.

A discordância entre as autoridades tem relação com a medida de isolamento social. Bolsonaro quer o afrouxamento, enquanto Mandetta entende que é hora de ficar em casa. No país, ao menos 299 pessoas já morreram em decorrência do Covid-19, e outras 7.910 estão contaminadas.

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No último dia 25 de março, o mandatário do Executivo fez um pronunciamento em rede nacional no qual defendia o afrouxamento do isolamento social. No entanto, a medida é a única barreira que, comprovadamente, pode frear o novo coronavírus.

A iniciativa é recomendada pela OMS (organização Mundial de Saúde) e por vários órgãos de saúde do mundo todo. A situação deixou a relação entre Mandetta e Bolsonaro estremecida, já que o ministro tem pedido para que as pessoas fiquem isoladas.

‘Falta humildade ao ministro’

Jair Bolsonaro afirmou, durante a entrevista para a rádio, que não pretende demitir ninguém “no meio da guerra”. No entanto, ele acrescentou que Mandetta teria “extrapolado”. Para o mandatário, o responsável pela Saúde deveria “ouvir um pouco mais o presidente da República”.

O presidente acrescentou que o ministro pode até estar certo, porém ele considera que “falta humildade” para o cabeça do ministério. “O Mandetta já sabe que a gente está se bicando há algum tempo, já sabe disso, eu não pretendo demiti-lo no meio da guerra, não pretendo. Agora, ele é uma pessoa que (…) em algum momento, ele extrapolou. Ele sabe que tem uma hierarquia entre nós, eu sempre respeitei todos os ministros”, disparou Bolsonaro.

O mandatário, entretanto, admitiu que precisa do chefe do Ministério da Saúde para vencer o novo coronavírus. “A gente espera que ele dê conta do recado. Tenho falado com ele. Ele está numa situação meio… Se ele se sair bem, sem problema”, desafiou.

‘Quem não tem mandato, trabalha’

Mais tarde, Mandetta concedeu uma breve entrevista à Folha de São Paulo. Ele disse que não comenta as afirmações de Bolsonaro. “Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”, alfinetou.

Depois, o ministro da Saúde declarou que prefere estar errado sobre a disseminação do Covid-19. “Eu acho que estamos frente a uma doença nova, e está todo mundo aprendendo com essa doença. Vamos saber o que ela vai fazer com nosso sistema de saúde. Rezo a Deus que nada disso aconteça aqui, que eu esteja absolutamente errado, que toda a ciência esteja absolutamente errada”, declarou para a Folha.

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