Zema admite testes insuficientes, mas vislumbra relaxamento: ‘Se esperar todos pegarem, vamos ficar 20 anos [assim]’

zema entrevista relaxamento
A retomada gradual da economia idealizada pelo governo Romeu Zema (Novo) estimula a flexibilização da quarentena para até 1,2 milhão de trabalhadores (Imprensa MG + Amanda Dias/BHAZ)

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), admitiu em entrevista à Globo Minas, nesta segunda-feira (20), que o Estado não tem condições de adquirir testes para diagnóstico da Covid-19 suficientes para fazer uma testagem em massa. Apesar disso, ele acredita que Minas está indo “muito bem” no combate à doença e já projeta “reativação criteriosa e segura da economia”.

+ Zema sai em defesa de Bolsonaro ao citar ‘movimento exacerbado’: ‘Totalitarismo contra o presidente’

“Por questões financeiras, infelizmente não temos condição de adquirir, por exemplo, 500 mil testes para fazermos uma testagem em massa. Mas estamos indo muito bem no combate ao coronavírus. Temos apenas 3% dos leitos de UTI ocupados por portadores da Covid-19”, afirmou o governador.

Para Zema, isso significa que o Estado está “fazendo a lição de casa” e garante que está preparado para uma piora. “Minas Gerais está entre os cinco melhores Estados do Brasil em questão de vítimas por milhão de habitantes infectados por milhão de habitantes. Além disso, fizemos todo um aparato de retaguarda. Se tivermos uma deterioração desse quadro, ainda estamos muito bem preparados”, completou.

Relaxamento ‘criterioso’

O governador reconheceu, após pergunta da apresentadora Aline Aguiar, que o número de casos de Covid-19 em Minas Gerais pode ser consequência de um “efeito retardado” e que o relaxamento das medidas de distanciamento social poderia piorar a situação, mas ainda acredita que a situação no Estado seja diferente de outros exemplos no país.

“Quando falamos de Rio, São Paulo, e até Amazonas e Ceará, os Estados com pior comportamento, temos que lembrar que mais da metade está na capital. Aqui no Estado, a região metropolitana responde por apenas 20% da população”, explicou Zema.

Para ele, já que há menos aglomeração nas cidades do interior, o relaxamento das medidas de distanciamento social nesses locais já pode começar a ser pensado. “Temos municípios muito pequenos onde sequer tem transporte público, sequer entram em um ônibus para ir trabalhar ou voltar para casa. As pessoas vão a pé, de bicicleta, e na grande maioria desses municípios não tivemos óbitos nem casos”, completou.

O governador afirmou que o Estado está organizando um protocolo para determinar regras de segurança e orientar os prefeitos a fazerem uma “reativação criteriosa e segura da economia”. Ele ressalta que a decisão final será dos gestores dos municípios.

“O prefeito, através do protocolo, vai saber que precisa ter X leitos disponíveis, que ele não pode ter mais de X casos por mil habitantes na cidade dele. Caso alguma área da economia seja reativada, vai ter que tomar tais e tais precauções. Algo muito seguro, muito consistente, mas que vai possibilitar que algumas cidades voltem a ter atividade econômica”, explicou Zema.

“Lembrando que, em Minas, metade das cidades está funcionando mesmo que seja parcialmente. Prefeitos autorizaram porque viram que a população não corria risco, não tinha linhas de ônibus, não tinha grandes aglomerações… Cidades de 3 mil, 4 mil habitantes, e nós temos centenas dessas cidades em Minas”, acrescentou.

Visão otimista

Durante a entrevista, Romeu Zema demonstrou muito otimismo em relação aos efeitos da pandemia do novo coronavírus em Minas Gerais. O governador ressaltou o contraste com outras regiões do país e acredita que o Estado “já pode enxergar um momento pós pandemia”.

“Em Minas temos 3% dos leitos de UTIs ocupados por pessoas vítimas da Covid-19. Pode subir 10, 15 vezes que ainda vamos ter leitos suficientes. Temos um colchão de segurança muito grande. Nossa taxa de infectados tem sido quase horizontal, tem subido pouquíssimo, o que é muito bom”, afirmou.

O governador contou que, na última semana, 800 leitos do hospital de campanha no Expominas foram encaminhados. Dentre eles, cerca de um terço já está pronto e os outros 530 devem ficar prontos ainda nesta semana. Zema garante que o Estado está preparado para o pior, mas acredita que a velocidade de contaminação está controlada.

“Se formos esperar todos, na velocidade em que estamos indo, passarem pelo vírus, vamos ficar 10, 20 anos [em isolamento]”, afirmou. Ele acrescentou que, em todo o Estado, leitos e alas de hospitais que estavam desativados foram reativados para o combate à Covid-19, como um “pneu de estepe”.

Medidas para o futuro

Já vislumbrando um futuro que possibilite que alguns setores da economia voltem à atividade em Minas Gerais, o governador afirmou que o uso de máscara será obrigatório no Estado. Ele afirmou que é favorável ao uso do equipamento por todos, infectados ou não.

“Para quem trabalha no Estado e na linha de frente, vamos fornecer todo o equipamento necessário, incluindo as máscaras. Quando houver a reativação da economia, o uso de máscara será obrigatório. Todas essas medidas devem ser consideradas”, garantiu Zema.

“Vamos viver em um mundo diferente após a pandemia. O vírus vai continuar aqui anos, temos que ter essa visão. A não ser que se disponibilize alguma vacina, o que eu não tenho visto”, completou, justificando o estabelecimento de medidas para o futuro.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!