Caso George Floyd: Protestos contra o racismo policial se intensificam e jornalista é preso ao vivo

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Policial ficou ajoelhado sobre o pescoço de Floy por oito minutos (@ajplus/Twitter/Reprodução + @raiinhadisastre/Twitter/Reprodução + @bakarelmi/Twitter/Reprodução)

O caso George Floyd motivou uma série de intensos protestos contra o racismo policial nos EUA. A cidade de Minneapolis, onde o homem negro desarmado foi sufocado até a morte por um policial, declarou estado de emergência nessa quinta-feira (29). Manifestantes incendiaram uma delegacia e entraram em confronto com policiais.

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Na manhã desta sexta-feira (29), uma equipe de reportagem da CNN foi detida ao vivo pelos policiais. Enquanto mostrava a situação da cidade após os protestos e a atuação da segurança, o repórter foi algemado e detido pelos agentes ao redor.

Os policiais afirmaram ao jornalista que ele havia sido detido por não sair do local quando foi solicitado. Porém, na transmissão ao vivo é possível ouvir o repórter, antes da prisão, dizendo aos policiais que bastava pedir e a equipe deixaria a área. Após algumas horas, os jornalistas foram liberados.

Uma outra cena dos protestos que chamou a atenção foi a invasão de uma delegacia em Minneapolis. Os manifestantes invadiram e destruíram o prédio, inciando um incêndio no local.

A frase dita por Floyd no vídeo que flagra o assassinato, “eu não consigo respirar”, também foi a mesma proferida em outro caso de racismo por policiais. Em 2014, Eric Garner, um homem negro desarmado, disse a frase 11 vezes após ser detido por policiais e sufocado até a morte.

Desde a morte de Garner, a frase se tornou um grito de guerra contra as mortes de negros por policiais. A explosão dos protestos em Minneapolis se espalhou e manifestações já ocorreram em outras cidades dos EUA. Nova York, Los Angeles, Denver e Ohio são alguns lugares que já registram protestos.

Entenda o caso

Na última segunda-feira (25), foi publicado nas redes sociais um vídeo que mostra que um policial branco se ajoelhando em cima do pescoço do homem até matá-lo sufocado. A vítima diz várias vezes que não consegue respirar, mas o agente não diminui a força e fica sobre o homem durante aproximadamente oito minutos.

Segundo a BBC, a polícia alegou que o homem, George Floyd, estava sendo detido após uma denúncia de que ele usava cartões falsos em uma loja. Dois policiais localizaram o suspeito em um veículo e afirmam que ele “parecia estar intoxicado”.

Segundo a versão da polícia, Floyd resistiu no momento da abordagem. “Os policiais conseguiram algemar o suspeito e notaram que ele parecia estar sofrendo de problemas médicos”, informou, por meio de comunicado.

No entanto, um vídeo de 10 minutos gravado por uma testemunha mostra que o policial mantém Floyd no chão mesmo após os pedidos de socorro do homem. “Não me mate”, diz ele, em certo momento.

Pessoas ao redor pedem também ao policial que saia de cima de Floyd. Alguns observam que ele para de se mexer em um certo momento, outros notam que ele estaria com o nariz sangrando.

Autoridades se manifestam

O prefeito da cidade de Minneapolis, Jacob Frey, disse, em entrevista à emissora CBS, que Floyd “foi morto porque ele era negro”. Quando perguntado se acreditava que o incidente havia sido um assassinato, Frey respondeu afirmativamente. “Eu não sou um procurador, mas vou ser claro: o oficial de segurança matou alguém”, declarou.

“Ele estaria vivo hoje se ele fosse branco. Os fatos que eu vi, que são o mínimo, certamente me levam ao caminho que a raça estava envolvida. Eu não sei se tinha racismo implícito ou explícito envolvido, mas racismo está envolvido – vamos ser bem claros”, continuou.

Após a repercussão do vídeo, os quatro oficiais da polícia de Minneapolis envolvidos na morte de George Floyd foram demitidos. Um vídeo publicado por uma manifestante de Minneapolis mostra a segurança em torno da casa do policial responsável pela morte. Dezenas de agentes montaram um cordão em torno da residência.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que iria dar abertura e acelerar o inquérito de investigação sobre a morte de Floyd. Porém reafirmou sua intolerância com os protestos e sugeriu que militares atirassem nos manifestantes.

“Acabei de falar com o governador Tim Walz e falei com ele que os militares estão com ele até o fim. Qualquer dificuldade e nós vamos assumir o controle. Quando os saques começares, os tiros começam”, escreveu pelo Twitter.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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