Homem atravessa o oceano em veleiro para reencontrar o pai

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Ele partiu de Portugal em direção à Argentina e enfrentou desafios em três continentes (Reprodução/New York Times)

O avanço do coronavírus provocou mudanças drásticas em todo o mundo e acabou aumentando o distanciamento entre amigos e familiares. Foi justamente para encurtar essa distância que um homem que estava passando férias em Portugal teve uma ideia inusitada: sem poder viajar de avião por causa dos voos cancelados, ele resolveu cruzar o oceano de barco para chegar na Argentina a tempo para o aniversário de 90 anos do pai.

A história surpreendente é do argentino Juan Manuel Ballestero, que viajou sozinho durante 85 dias em uma embarcação de pequeno porte apenas para conseguir celebrar ao lado do pai. Conforme contou ao New York Times , o homem de 47 anos não conseguiu suportar a ideia de passar o que parecia ser “o fim do mundo” longe dos familiares, especialmente do pai.

“Eu não queria ficar como um covarde em uma ilha onde ainda não tinha nenhum caso, eu queria fazer o possível para voltar para casa. A coisa mais importante para mim era estar com a minha família”, contou. Então, Juan decidiu agir: ele encheu o pequeno barco de atum enlatado, arroz e algumas frutas e partiu na jornada para retornar ao país de origem.

Jornada desafiadora

Alguns amigos tentaram dissuadir Juan da ideia e as autoridades de Portugal chegaram a avisá-lo de que ele poderia não ter autorização para entrar novamente no país caso surgisse algum problema e ele precisasse retornar. Mas nada disso foi suficiente. Em meados de março, ele partiu em direção à família, que só veria novamente depois de quase três meses: “Eu comprei uma passagem só de ida. Não tinha retorno”.

Os familiares de Juan, já acostumados com seu estilo de vida de viajante, nem tentaram argumentar, mas também ficaram inquietos com a decisão. “A incerteza de não saber onde ele estava durante todo esse tempo foi muito difícil, mas eu não tinha dúvidas de que ele conseguiria se virar”, contou o pai, que acabou comemorando os 90 anos enquanto o filho ainda estava em alto mar.

Juan Manuel contou que o desafio foi enorme: quando precisou ancorar em Cabo Verde, na África, para abastecer a embarcação e encher os estoques de comida, não recebeu permissão das autoridades, chegou a ser “perseguido” por um outro barco e foi forçado por uma maré forte a fazer uma parada de 10 dias em Vitória, capital do Espírito Santo. 

Finalmente, depois de longos 85 dias, ele conseguiu chegar na terra natal e conta que a sensação fez tudo valer a pena: “Entrar no meu porto, onde meu pai tinha o veleiro dele, onde ele me ensinou muitas coisas, onde eu aprendi a velejar e onde tudo isso se originou me deu uma grande sensação de missão cumprida”. Ainda nas docas, ele fez um teste de Covid-19 e, assim que recebeu o resultado negativo, correu para estar junto da família.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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