Ataques a ônibus provocam redução de horários em BH: ‘População sofre’

ônibus queimado e passageiros embarcando em coletivo
Ataques a ônibus vão impactar no serviço prestado à população (Imagem Ilustrativa/Redes Sociais + Amanda Dias/BHAZ)

A população sofrerá os efeitos dos ônibus incendiados em Belo Horizonte e região metropolitana nos últimos dias. Segundo o Setra-BH (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros), somente em 2020, foram sete veículos queimados. O sindicato alega dificuldade para repor os carros que custam em torno de R$ 400 mil. Enquanto isso, dezenas de usuários serão impactados pela redução do serviço no horário noturno.

Em menos de uma semana, três ônibus do sistema de BH foram incendiados. Os crimes ocorreram entre a última quarta (9) e sábado (12). Na noite desta segunda (14), um coletivo da linha 5605, do sistema metropolitano, foi queimado por volta das 23h, em Vespasiano, na Grande BH, totalizando quatro ataques em menos de uma semana.

Redução dos horários

Na estação de ônibus São Gabriel, na região Nordeste da capital, as viagens serão realizadas até às 22h, por conta dos ataques. O Setra-BH exige escolta aos coletivos para que as viagens entre às 20h e 22h sejam realizadas. Os horários seguirão o cronograma abaixo, na estação São Gabriel, nesta terça (15):

  • Linhas alimentadoras : até 22h
  • Linhas troncais para o centro: até 21h15
  • Linhas troncais para área hospitalar: até 21h
  • Linhas troncais para Savassi via hospitais: até 21h
  • Linha troncal para o Barreiro: até 21h
  • Linha troncal do Barreiro para o São Gabriel: 20h30
  • Linha troncal de ligação com corredor Antônio Carlos: até 21h

Procurada, a BHTrans, gestora do transporte na capital, afirmou que monitora a redução de horários e que agentes estarão na estação para orientar as pessoas e acompanhar a operação. “O restante dos serviços está funcionando normalmente, inclusive as linhas as linhas 62 e 66, que passam próximo à estação São Gabriel e atendem as estações Venda Nova e Vilarinho, e também o metrô”, afirma a autarquia.

‘Quem sofre é a sociedade’

Os incêndios foram provocados a mando de presos que cobram melhorias em presídios. Segundo o ex-presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Minas, Fábio Piló, os detentos têm direito de protestar, mas não podem prejudicar a população.

“É claro que existe violência nos presídios, que a Covid-19 se espalhou, que o estado e a Justiça são omissos e que a alimentação é nojenta. Mas, queimar ônibus não vai chamar a atenção da população para esse fato, pelo contrário, vai causar mais repulsa e indignação. Nesse tipo de manifestação, a maior prejudicada é a sociedade que precisa do transporte público”, afirma Piló.

De acordo com o especialista, os ataques podem provocar o efeito contrário do que se espera. “Os detentos querem chamar a atenção para as mazelas dentro do sistema prisional, mas a melhor forma de fazer isso é manifestar como fazem os familiares na porta da Cidade Administrativa, na porta dos presídios, em fóruns, não depredando. Os ataques vão gerar represálias por parte do governo e uma revolta social em relação à causa do preso”, diz.

Em nota, a Sejusp-MG (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais) diz que acompanha os ataques a coletivos e que as motivações serão investigadas. “Todos os procedimentos de apuração já foram instaurados pela Polícia Civil, com a cooperação das inteligências do sistema. A Polícia Militar também reforçou o policiamento ostensivo nas áreas de interesse, para prevenir e combater a reincidência de tais práticas”, afirma a secretaria.

Operação

A Polícia Militar iniciou, nesta terça-feira (15), uma operação de combate aos incêndios a ônibus. Segundo o major Rafael Coura, chefe da comunicação do CPC (Comando de Policiamento da Capital), a ação contará com policiais infiltrados nos coletivos, blitzes e escolta aos ônibus. A operação deve durar uma semana, podendo ser reavaliada ou estendida.

“Essa ação visa coibir, realizar ações preventivas para combater incêndios a coletivos e identificar e prender os autores dos ataques dos últimos dias. Em BH e região metropolitana, serão 42 viaturas, 80 policiais empenhados, em revesamento durante 24h, com apoio do Batalhão de Transito, o Choque e um helicóptero”, explica.

Nota de Sejusp-MG

“A Segurança Pública de Minas Gerais está acompanhando atentamente os episódios recentes de queima de coletivos urbanos na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De forma integrada, Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar e Departamento Penitenciário de Minas Gerais trabalham diuturnamente na questão, tendo como princípio o cumprimento da lei.

Todos os procedimentos de apuração já foram instaurados pela Polícia Civil, com a cooperação das inteligências do sistema. A Polícia Militar também reforçou o policiamento ostensivo nas áreas de interesse, para prevenir e combater a reincidência de tais práticas.

A Segurança Pública mineira trabalha de forma integrada e com prioridade na questão e espera, em breve, finalizar as apurações de identificação dos autores e mandantes destes crimes, que serão punidos com o rigor da lei”.

Edição: Aline Diniz
Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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