Em assembleia da ONU, Bolsonaro mentiu sobre auxílio e queimadas

Bolsonaro em discurso na assembleia da ONU
Bolsonaro fala sobre auxílio emergencial (Reprodução/TV Brasil)

A Assembleia Geral da ONU, realizada a distância nesta terça-feira (22), foi aberta pelo pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro. Em seu discurso, o mandatário fez ataques à imprensa, mentiu sobre as queimadas e exagerou os valores do auxílio emergencial. O presidente ainda disse que o mundo “depende do Brasil para se alimentar” e defendeu o combate à “cristofobia”.

Segundo o chefe do Executivo, o governo federal tomou medidas econômicas de sucesso para “evitar o mal maior” durante a pandemia do coronavírus. Bolsonaro afirmou que parte da imprensa brasileira politizou o vírus e disseminou o pânico na população. “Sob o lema ‘fique em casa’, quase trouxeram o caos social para o país”, disse.


Auxílio emergencial

Entre as medidas econômicas que o governo tomou, Bolsonaro citou a concessão do auxílio emergencial. O presidente afirmou que o benefício foi concedido “em parcelas que somam aproximadamente mil dólares, para 65 milhões de pessoas”. No entanto, o valor está acima do que foi concedido na realidade.

Mesmo quem recebe o auxílio desde o início de sua concessão, em abril, recebeu até o momento R$3.000, em cinco parcelas de R$600. Esse valor está abaixo do que o especificado pelo presidente, de mil dólares, o que equivale a aproximadamente R$5.400. Mesmo levando em consideração, as quatro parcelas de R$300 previstas até dezembro, o total chegaria a R$4.200, ainda menor do que o valor informado por Bolsonaro.

Incêndios na Amazônia

Sobre os incêndios na floresta amazônica, o presidente negou que a situação seja grave. Segundo ele, a alegação de que os focos de fogo têm grandes proporções trata-se de uma campanha para difamar o governo brasileiro. “Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior”, afirmou.

“Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”, acrescentou.

No entanto, uma nota técnica do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) revela que a explicação do presidente não condiz com a realidade no bioma. Segundo o centro de pesquisa, os incêndios naturais na floresta são realmente raros pela umidade. No entanto, o fogo causado pelo homem se espalha com facilidade pela floresta e causa grandes danos à vegetação, que não é adaptada para queimadas.

Bolsonaro também mentiu ao dizer que os fogos seriam causados por indígenas. O Ipam, a partir de dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostrou que somente 7% dos focos de calor no ano passado aconteceram em terras indígenas.

Focos de calor e desmatamento amazonia ipam 2019
(Reprodução/Ipam)

Incêndios no Pantanal

Bolsonaro também afirmou que o Brasil é referência na preservação ambiental, mas mentiu mais uma vez ao falar sobre os incêndios no Pantanal, cujas imagens causaram impacto internacional. “As grandes queimadas [no Pantanal] são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição”, disse.

No entanto, uma perícia divulgada pelo Ciman-MT (Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional) apontou que o fogo que atinge o Pantanal em Mato Grosso é causado por ações humanas, como a queima de pasto, incêndios em máquinas agrícolas e o uso de fumaça a fim de retirar os favos de mel.

Cristofobia e relação com Israel

O chefe do Executivo também sugeriu que o momento é propício para trabalhar novos horizontes mais otimistas para o Oriente Médio. “A nova política do Brasil de aproximação simultânea a Israel e aos países árabes converge com essas iniciativas, que finalmente acendem uma luz de esperança para aquela região”, disse.

Ao fim do discurso, o presidente afirmou que a liberdade é o maior bem da humanidade. “Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia. O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base”, declarou.

Edição: Marcela Gonzaga
Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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