Com Thomaz Albano
Pelo segundo dia seguido, o Corpo de Bombeiros de Minas se esforça para combater o incêndio que destrói o parque municipal Ursulina de Andrade Mello. O espaço fica no bairro Castelo, na região da Pampulha, e já perdeu cerca de 30% da vegetação para as chamas. Preocupados, moradores se mobilizam para tentar contribuir como podem – e até as crianças já se envolveram. As equipes que trabalham no local receberam uma cartinha de agradecimento de uma pequena belo-horizontina.
O fogo começou logo no início da manhã de ontem (5) e se alastrou rapidamente, chegando até às copas das árvores (relembre aqui). Desde então, a maioria dos focos de incêndio já foi controlada, mas, na tarde de hoje (6), os 33 profissionais mobilizados na operação – entre bombeiros, brigadistas e funcionários do parque – ainda lutaram contra um foco maior e alguns pontos que já haviam sido controlados, mas voltaram a se incendiar durante a madrugada. Agora, as equipes fazem o rescaldo da região. Ao menos dez hectares de vegetação foram destruídos pelas chamas.
‘Trabalho heroico’
Mesmo lutando contra as chamas, o calor e o tempo seco, que dificultam o trabalho, os bombeiros contaram com uma “força” especial para encarar a tarefa: a solidariedade. Belo-horizontinos de diversas regiões se mobilizaram para ajudar. Muitos faziam campanhas para que os moradores levassem doações de água e alimentos para os profissionais que trabalham no combate às chamas e os que vivem perto do parque chegaram a criar um grupo no WhatsApp para ajudar nos trabalhos.
E foi nessa onda de solidariedade que os bombeiros receberam uma surpresa. Uma garotinha chamada Beatriz América escreveu uma carta para os militares e enviou para o posto de comando da operação. “Estou enviando essa cartinha de agradecimento pelo trabalho heroico de vocês combatendo o fogo perto da minha casa. Muito obrigada pelo trabalho de vocês e que Deus abençoe suas vidas”, diz o bilhete.
Nas redes sociais, o incêndio também gerou mobilização. Vários moradores lembraram de bons momentos que viveram no parque e lamentaram a destruição do espaço pelas chamas. “É incêndio no Pantanal, na Serra do Cipó e agora ali na mata do Castelo…”, comentou um internauta. “Quando era criança adorava ir lá para brincar”, lembrou uma segunda.
‘Dói mais’
Para quem vive na região, a situação não tem sido fácil. Além da fumaça e das cinzas que invadem as casas, muitos sofrem ao ver as chamas avançarem sobre um espaço tão importante para o bairro. A bióloga Adriana Carvalho foi até o parque assim que ficou sabendo do incêndio, mas não estava preparada para o que viu. “É o cantinho verde que a gente tem perto de casa, aí acontece isso…”, disse, emocionada.
A bióloga ainda demonstrou indignação diante da suspeita levantada pelos bombeiros de que possa se tratar de um incêndio criminoso. “Não dá para a gente dizer que são só as questões climáticas que estão acontecendo. Eu vi pela internet que estava em grande proporção, mas quando você chega aqui e vê isso, é mais drástico. Dói mais. Que dia que a gente vai ter racionalidade?”, questionou. Enquanto acompanhava os trabalhos do Corpo de Bombeiros, ela também lembrou da importância de valorizar os esforços: “E agradecer essas pessoas que estão aí né?”.
Combate
Desde ontem, ao menos 20 militares já trabalhavam para conter o incêndio na região do Castelo. Eles tiveram apoio de um caminhão que esguicha água para resfriar áreas não queimadas e impedir que o fogo se alastre. Segundo a corporação, o trabalho é difícil, já que se trata de uma mata fechada em terreno íngreme.
Nesta terça, outros 13 militares dos bombeiros estiveram no local para combater o fogo. Hoje, segundo a corporação, havia somente um foco principal de incêndio no parque, e os demais já haviam sido extintos pelos bombeiros. Foi feito um acesso por outro ponto parque para facilitar o trânsito dos militares.
