Atualizado às 8h24 do dia 24/11/2020 para incluir o posicionamento do Cruzeiro.
Um dos integrantes do time de eSports do Cruzeiro, Senna do Boné, foi alvo de um ataque racista por meio das redes sociais, divulgado nesse domingo (22). O jogador foi chamado de “macaco” por um usuário argentino, também integrante de uma equipe de eSports, em uma mensagem enviada pelo Twitter.
O jogador brasileiro de Fifa publicou uma imagem da mensagem recebida, em que o agressor também incluiu emojis de banana junto ao xingamento. “Hahahah, os argentinos tem q começar a aguentar a perder”, escreveu Josaci Senna, o Senna do Boné, no Twitter.
O perfil oficial da equipe de eSports do Cruzeiro e a conta principal do clube se manifestaram contra o ataque racista na rede social. “Isso é triste, repugnante e criminoso”, diz a publicação do time de esportes eletrônicos. “No dia da Consciência Negra, apresentamos termos racistas que deveriam ser riscados do nosso vocabulário. Vejam o quanto é necessária essa luta! Essa palavra em forma de xingamento contra nosso atleta é uma dentre tantas outras que poderiam ter sido apresentadas. #RisqueORacismo”, publicou o Cruzeiro.
Crime
O crime de injúria racial prevê como pena, no Brasil, a reclusão de 1 a 6 meses ou multa. A injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível.
Torcedores do time também se manifestaram contra o ataque, desejaram forças ao jogador e cobraram um posicionamento formal por parte do Cruzeiro, para que o clube tomasse providências legais em relação ao crime. “Toma providências aí filho! Racismo é crime!”, respondeu um internauta. “Faz alguma coisa, deixa passar não!”, escreveu outro torcedor.
Questionado pelo BHAZ se tomaria medidas legais contra o agressor, o Cruzeiro afirmou que está esperando uma definição do jogador a respeito do que será feito agora em diante, já que, no caso de injúria racial, o próprio atleta deve fazer a denúncia.
Palhaçada o que tao fazendo mano, a quantidade de insulto racista que ta tendo da parte dos maluco contra todos os Br que jogaram ontem e hoje, é absurda ??♂️
— Julio Cesar Ribeiro (@__cesinha1) November 22, 2020
Racismo no esporte
Não é só no futebol que jogadores sofrem ataques racistas, presencialmente ou por meio da internet. O Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol de 2019, divulgado na sexta-feira (20) pelo Observatório Racial do Futebol, monitorou pela primeira vez casos de discriminação racial e outros tipos de preconceitos sofridos por atletas brasileiros não apenas em casos relacionados com o futebol.
Dos 136 casos de preconceito que ocorreram no Brasil no ano passado, 18 foram direcionados a atletas de outros esportes (atletismo, basquete, eSports, futsal, futsal 7, jiu-jitsu, rugby, surf, tênis e vôlei). Já no exterior, dos 18 casos que envolveram atletas brasileiros, 3 casos foram relacionados a outros esportes (futsal, eSports e surf). Desses três casos, dois deles contemplaram incidentes raciais e um incidente xenofóbico.
Um dos ataques registrados contra jogadores de esportes eletrônicos no relatório aconteceu em junho de 2019. Revoltados com os brasileiros que torciam para o francês Luca “Usmakabyle” na final de uma competição de PES (Pro Evolution Soccer), o italiano Ettore “Ettorito” ofendeu os jogadores brasileiros classificando-os como “porcos brasileiros” e “povo de merda”. O pai de Ettorito também xingou diversas vezes os brasileiros como “50 macacos” em uma resposta na postagem do filho.