Drag queen viraliza em dueto com crianças que desmascara o preconceito

Crianças e drag queen
Joe escancarou o preconceito com vídeos divertidos na internet (Reprodução/@luacrla_/Twitter)

O que as crianças pensam de uma drag queen? Joe Veloso, uma drag paranaense, viralizou nas redes sociais nos últimos dias depois de publicar um vídeo direcionado aos pequenos. A influencer pretendia obter a resposta para essa questão e propôs aos pais que colocassem os seus filhos para assistir ao seu vídeo e filmar as respostas para cada pergunta. O resultado encantou a todos e mostrou que o preconceito é um mal construído.

Em primeiro momento, a drag se apresenta para os pais. “Oi, aqui é a Jojô. Se você tem uma criança, coloque esse vídeo, para a gente ver o que elas pensam de uma drag queen”, começa. Joe aparece com cabelos longos e ruivos, cílios postiços, maquiagem colorida e um vestido vermelho.

Depois, ela pede para a criança falar o próprio nome e inicia uma série de perguntas sobre si mesma. “Como você acha que é o meu nome?”, questiona. Várias crianças respondem: “Maria”, “Juju”, “Lolô”, nomes considerados femininos. Logo após, Joe mostra o seu vestido: “O que você acha da minha roupa vermelha? Gostou?”, pergunta. Todas as crianças elogiam a vestimenta escolhida pela drag queen.

Em uma das últimas perguntas, Joe questiona as crianças sobre a sua profissão. “O que você acha que é meu trabalho?”, pergunta. Professora, modelo, maquiadora, “cuidar” de um shopping são algumas das respostas dos pequenos. Por fim, um questionamento com respostas quase unânimes arrancou gargalhada dos internautas. “Onde você acha que eu moro?”, perguntou Jojô. O que as crianças responderam? “Na sua casa!”. Simples, não é?!

Vamos entender?

Para quem não é criança e quer entender um pouco mais sobre as perfomances de drag queens, o BHAZ conversou com Azilton Viana, presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG). O professor explicou que as “queens” não tem relação com identidade de gênero ou orientação sexual.

“Drag queen nasce como uma questão artística. Não é uma identidade de gênero, não é orientação sexual, porque na verdade foi uma forma que os artistas LGBTI pensaram para estabelecer críticas sociais, para caricaturar o preconceito, a violência e a própria ignorância das pessoas”, começou.

“Os próprios artistas foram ressignificando isso e acabaram fazendo inclusive uma intervenção política, para o debate político. Uma drag queen que faz perguntas para as crianças sobre o preconceito é por causa disso. Porque nasce na cultura LGBTI como forma inclusive de combate a esse preconceito e ignorância das pessoas – ignorância que não é algo ruim, é simplesmente o desconhecimento de algo, de alguma coisa”, complementou.

Azilton contou que as “drags” surgiram justamente para fazer uma ressignificação sobre os papeis de gênero. “Em outros países do mundo, você tem também os drag kings. Atribui-se ao feminino, masculino, papéis sociais e a cultura LGBTI inclusive criou esses personagens no sentido exatamente de subverter um pouco essa lógica”.

Drags ≠ trans

Azilton Viana ressaltou, contudo, que trans, travesti e drags são completamente diferentes. “Nós estamos falando de arte/cultura LGBTI, orientação sexual e identidade de gênero. São três questões completamente diferentes. Mas que em algum momento se cruzam. Uma coisa não é a outra, é isso que tem que ficar claro na cabeça das pessoas”.

“Trans e travesti são identidades de gênero, como as pessoas se reconhecem, se sente no mundo. A orientação sexual é onde o desejo da minha sexualidade e afetividade se direciona, aí tem gays, lésbicas, bissexual, heterossexual. E por fim a questão da arte, as/os drag queens/kings, que podem ser trans ou não, não importa, são artistas”, finalizou.

Edição: Thiago Ricci

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