Garis e motoristas que transportam lixo farão greve nesta terça em BH

Garis correndo onibus de lixo BH
O sindicado dos garis alega que os profissionais estão em constante contato com o vírus (Amanda Dias/BHAZ)

Belo Horizonte deve ficar com a coleta de lixo e limpeza urbana suspensas na noite desta terça-feira (30). Uma paralisação dos garis e de motoristas dos caminhões que transportam lixo está programada para ser realizada a partir das 17h na capital mineira caso a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) não envie uma resposta positiva para o Sindeac e o Simeclodif, sindicatos dos profissionais da área, com um cronograma de vacinação para os trabalhadores.

O Sindeac havia enviado um comunicado à prefeitura na última sexta-feira (26). Dois dias depois, a PBH anunciou a preparação do cadastro para a imunização de garis, fiscais e agentes da força de segurança do município. O sindicato argumenta, no entanto, que além da administração municipal não ter realizado um contato direto com eles, ela não estabeleceu as datas para a imunização. Por isso, a paralisação está mantida.

“Nós precisamos de uma resposta efetiva e não de calendário. Calendário o Brasil já tem, pra todo mundo, inclusive pra quem não é prioridade”, disse ao BHAZ Natanael Dias de Moura, presidente do Simeclodif. “Nós somos considerados como [serviço] essencial para o trabalho, mas na vacinação somos deixados de fora”, argumenta.

A entidade, que representa os motoristas de caminhão de lixo, foi chamada pelo Sindeac para participar da greve. “Decidimos aderir à paralisação, a convite do Sindeac. Como um gari trabalha sem motorista e como um motorista trabalha sem gari?”, explica. Desta forma, a ideia é que nenhum motorista saia da garagem para transportar o lixo esta noite.

Governo federal

Apesar da paralisação afetar exclusivamente BH e região, a exigência não se direciona apenas para o Executivo municipal. O Sindeac informou que está, desde agosto do ano passado, tentando contato não só com a PBH, mas com o governo federal, que não incluiu os profissionais no PNI (Plano Nacional de Imunização), e o governo estadual, que decidiu seguir as determinações da União.

O presidente do Simeclodif informou que a vacinação precisaria incluir aproximadamente sete mil profissionais. “O Sindeac já está em tratativa com o governo, a prefeitura, e nos chamou pra solidarizar com essa causa e nós estamos juntos no final das contas. São mais ou menos quatro mil garis e três mil motoristas. Queremos que as autoridades e empresários façam um esforço pra colocar eles na vacinação, porque têm condições de fazer isso”, afirma.

‘Covardia’

Natanael Dias lembrou do episódio polêmico divulgado na última semana, em que um empresário do ramo do transporte de Belo Horizonte comprou doses de vacina para imunizar ilegalmente amigos e parentes. “Nós estamos vendo aí até empresários, isso é uma falta de respeito, porque empresários do transporte vão lá, se vacinam, vacinam as suas família, mas aqueles que levam dinheiro pra dentro da casa deles, eles não estão nem aí, não estão preocupados com absolutamente nada desses trabalhadores”, lamenta.

“Então estamos atentos a isso, estamos aqui para salvar a vida desses trabalhadores, para que eles não levem essa doença pra dentro da casa deles. Isso é uma covardia, um absurdo, o trabalhador estar trabalhando e ainda contaminando pessoas que não tem nada a ver”, finaliza o presidente.

O que diz a PBH?

A Prefeitura de Belo Horizonte, procurada pelo BHAZ, informou que está em negociação com o Sindeac, e já está preparando o cadastro para definir as doses necessárias para vacinar os garis. Em nota (veja na íntegra abaixo), a PBH argumentou que o registro deverá ser feito para posterior vacinação dos profissionais.

Nota da PBH na íntegra

“A Prefeitura de Belo Horizonte está preparando cadastros para verificar qual o público de trabalhadores das forças de segurança (Guarda Municipal, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal) que atuam em Belo Horizonte, além de agentes da BHTrans e militares do Corpo de Bombeiros. O registro deverá ser feito para posterior vacinação dos profissionais.

O formulário, que será disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde ao longo desta semana, será preenchido também por trabalhadores que atuam na linha de frente nas unidades e serviços de atendimento à população das áreas de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania. Além de fiscais de Controle Urbanístico e Ambiental, da Secretaria Municipal de Política Urbana, e garis.

O formulário deverá ser entregue devidamente preenchido pelos órgãos.”

Edição: Giovanna Fávero

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