Burguer x podrão? Pertencimento e identidade no cinema brasileiro e o estilo da produtora Filmes de Plástico

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Diretores falaram sobre o propósito da Filmes de Plástico, de tratar o que é regional, no podcast do BHAZ (BHAZ/Divulgação)

Já imaginou se pessoas de outros países olhassem pra um carrinho de cachorro-quente e pensassem “isso é muito Brasil”? Ou se um gringo, ao passar pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), falasse “foi aqui que fizeram aquele filme, que legal”? Pois é isso o que acontece há décadas com partes da cultura dos Estados Unidos no cinema, e que uma produtora de Contagem, a Filmes de Plástico, trabalha para criar no Brasil, e mais especificamente em Minas Gerais.

Os diretores Gabriel Martins e André Novais Oliveira foram os convidados do Arreda pra Cá, podcast do BHAZ, e falaram sobre a decisão de criar, pela Filmes de Plástico, obras de cinema de sucesso aqui pertinho, em Contagem, na Grande BH. Junto com Maurílio Martins e Thiago Macêdo Correia, eles criaram a Filmes de Plástico em 2009 e, desde então, representam, nos filmes, o que a gente tem de mais Brasil.

“É essa coisa da identificação, né? De mostrar a periferia do jeito que a gente gosta. Com respeito e para as pessoas realmente se identificarem com aqueles lugares, com aquelas pessoas que estão ali também”, destaca André. Já Gabriel afirma que, além de uma questão de identificação, as formas de representação que eles escolhem usar são uma tentativa de criar, do cotidiano em Minas Gerais, uma identidade universal.

Brasil sil sil sil

“Por exemplo, a gente tem a nossa memória de muitos filmes norte-americanos de várias épocas que têm essas diners, né, que são tipo lanchonetes de lá, que são essas poltronas com estofado, a jukebox, que inclusive lanchonetes aqui copiam muito esse estilo”, lembra. “Isso foi um estilo que o cinema, as artes criaram na nossa mente e a gente entende o que isso significa”.

“A gente vê esse cachorro-quente com cadeira de plástico na frente, às vezes o espetinho ali na frente, com o cara fazendo… isso é uma identidade que pode ser universal. Eu imagino um cara olhar isso lá em Bangladesh e entender que existe toda uma atmosfera de uma história que circula em torno dessas características e desse ambiente”, pontua o diretor.

Gabriel afirma ainda que a ideia de colocar todos esses elementos na tela, além de um aspecto de identificação, traz junto a intenção de memória: “De construção de uma ideia mesmo sobre um lugar”.

Dorzinha de cabeça

Os caminhos para conseguir realizar isso, no entanto, nem sempre são fáceis. É que as produções precisam ser gravadas em espaços públicos que exigem um tipo específico de autorização e, muitas vezes, nas casas de pessoas comuns.

“Quando é um espaço institucional, como a UFMG, já tem às vezes um veículo de comunicação próprio para você fazer um evento. O que não significa que é fácil, tem processos que são burocráticos. Mas você filmar na casa de uma pessoa pode ser muito difícil”, avalia Gabriel.

O cineasta cita como exemplo o filme Temporada, dirigido por André Novais Oliveira e disponível na Netflix: “É um filme de muitos quintais, muitas casas. Foi um processo longo, de gente que às vezes nem quis receber muito o Maurílio nessa pesquisa. Às vezes, quando você vai filmar num condomínio fechado, é muito difícil também, porque as pessoas não querem que sejam perturbadas por aquilo, não entendem o que é aquilo, tem gente que acha legal, tem gente que não acha”.

Confira o papo na íntegra abaixo:

Arreda pra Cá

Se tem duas coisas que o mineiro gosta de verdade, elas são: Minas Gerais e uma boa conversa. Se juntar os dois então, já viu… E foi exatamente isso que o BHAZ fez: o Arreda pra Cá, nosso podcast, recebe personalidades mineiras e figuras importantes que têm tudo a ver com a história do nosso estado. Tem esporte, internet, arte e uma bebidinha que não pode faltar, né!?

Pra conferir tudo sobre o podcast e assistir os papos com os demais convidados, acompanhe aqui.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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