Mercado Novo e storytelling: Como uma história bem contada gera valor para o ‘point’ de BH

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Rafael Quick, uma das principais figuras da reocupação do Mercado Novo, conta a história do espaço (BHAZ/Divulgação)

Storytelling isso, storytelling aquilo… O termo do marketing ganhou de vez os holofotes, mas a pulga atrás da orelha continua pra muita gente. Você sabia que storytelling nada mais é do que contar uma história bem contada, coisa que mineiro sabe fazer há anos? E um exemplo claro existe bem no Centro de BH: o Mercado Novo. O Arreda pra Cá, podcast do BHAZ, conversou com Rafael Quick, um dos idealizadores do projeto de ocupação do mercado sobre a história que transformou a trajetória do local.

Rafael e os sócios são os responsáveis por abrir as duas primeiras lojas do segundo andar do Mercado Novo, que hoje é um rolê disputado: a Distribuidora Goitacazes e a Cozinha Tupis. Donos do bar Juramento 202, que já era sucesso na região Leste de BH, eles decidiram expandir, mas sem aumentar o espaço.

“Mercado Novo é um lugar que tem muitas coisas em comum com o Juramento. Ele é um lugar fácil de chegar, central, então o Jura, por mais que não está dentro do Centro, é fácil de chegar. É um lugar antigo, com uma história muito importante que pouca gente sabe. Então esses são os elementos que o Jura tinha e que a gente conseguiu usar eles bem”, lembra Quick.

Os sócios já conheciam o Mercado Novo – tinham o hábito de comprar insumos para o negócio lá, no andar térreo e no primeiro andar. Vendo os andares superiores vazios, tiveram um estalo. “A gente entendeu que o lugar era muito legal e falou ‘mas qual é a história daqui?’. E aí a gente perguntava lá e ninguém sabia direito qual era a história do lugar, olhava na internet e não tinha quase nada sobre a história do Mercado Novo”, conta.

“Caramba, o lugar é um quarteirão no Centro da cidade e ninguém sabe falar direito o que é, como pode isso?”, lembra Quick sobre a dúvida que impulsionou os sócios. Ele então decidiu entrevistar várias pessoas e traçar uma linha do tempo da história do Mercado Novo.

E qual é a história do Mercado Novo?

“Basicamente, nos anos 60, a prefeitura, a liderança de BH, queria tirar o Mercado Central de onde ele é, demolir e levar para um lugar novo. O Mercado Central, na época, representava um lado que a galera não se orgulhava, que era o lado mais simples e rudimentar de Minas. E aí a ideia era tirar o Mercado Central e fazer o Novo Mercado Municipal, que seria o lugar de acordo com esse ideal de futuro”, narra o empreendedor.

E o projeto do Mercado Novo, à época, era arrojado. “Era pra ser o maior mercado da América Latina, um mercado com mil lojas, todo modernista, então se você olhar a construção, ele tem um pilotis, todo de cobogó e tudo mais”. Uma série de problemas, no entanto, levou o Mercado Novo à situação em que ele estava até 5 anos atrás: de abandono.

“No meio do processo, os lojistas do Mercado Central falaram ‘não, espera aí, a gente não quer sair daqui, isso não é justo’. Fizeram uma cooperativa e conseguiram comprar o terreno e pleitear com a prefeitura de eles não saírem de lá”, conta Quick. Além disso, no meio do caminho, sem que o terceiro andar do Mercado Novo fosse concluído, a construtora responsável pela obra faliu.

“Ela começou a leiloar lojas muito baratas no meio do Centro, mas o prédio não tinha sido concluído. O Mercado Novo nunca foi inaugurado oficialmente, então tem essa coisa que é uma doideira. Quando você aprende isso, você entende porque o Mercado Novo é o que ele é, porque ele tem essa característica mais dos serviços e dos ofícios”, avalia Rafael.

Novos ares

E foi justamente dessa história do Mercado Novo que, depois de anos tido como o lugar “das gráficas”, que vários empreendedores de BH tiraram os ativos que deram valor ao espaço e o transformaram em um dos rolês favoritos dos belo-horizontinos.

“Quando a gente chegou e entendeu essa história, a gente começou também a entender: poxa, tem uma história muito legal para ser contada aqui. Então como a gente pode contar essa história?”, lembra Quick. A partir daí, surgiu a narrativa do Mercado Novo.

“Do ponto de vista de quem não faz parte dessa empresa, eu estou adicionando uma coisa na cidade, é quase um presente, então eu tô contando uma história muito legal ou então inaugurando um lugar novo na cidade, uma experiência nova que antes você não tinha e hoje você tem. Isso é uma coisa que, no geral, devolve muito bem em conversa, da galera falando do lugar, em movimento”, afirma o dono do Cozinha Tupis.

Além dele e dos sócios, vários outros empreendedores conseguiram entrar na narrativa da história do Mercado Novo e transformá-la em dinheiro e sucesso para as empresas. O segundo andar do mercado segue sendo um dos mais disputados e o rolê cultural atrai muitos belo-horizontinos, transformando radicalmente a história do espaço.

Para conhecer mais sobre os novos passos e a história do Mercado Novo, confira o papo na íntegra:

Arreda pra Cá

Se tem duas coisas que o mineiro gosta de verdade, elas são: Minas Gerais e uma boa conversa. Se juntar os dois então, já viu… E foi exatamente isso que o BHAZ fez: o Arreda pra Cá, nosso podcast, recebe personalidades mineiras e figuras importantes que têm tudo a ver com a história do nosso estado. Tem esporte, internet, arte e uma bebidinha que não pode faltar, né!?

Pra conferir tudo sobre o podcast e assistir os papos com os demais convidados, acompanhe aqui.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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