Arthur Nory lamenta repercussão após episódio de racismo contra Ângelo voltar à tona

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Arthur Nory se pronunciou sobre assunto que veio à tona com sua participação nas Olimpíadas de Tóquio (Reprodução/@arthurnory/Instagram)

O ginasta Arthur Nory se pronunciou no Twitter a respeito da repercussão sobre o episódio de racismo que protagonizou contra o atleta Ângelo Assumpção, em 2015. Prestes a disputar as Olimpíadas de Tóquio, o ginasta teve o passado relembrado por internautas, que trouxeram à tona os ataques racistas praticados contra o então colega. Nesta quarta-feira (21), Nory lamentou a repercussão e disse estar “pagando pelos erros até hoje”.

Em 2015, Arthur Nory postou em seu antigo Snapchat vídeos em que aparecia fazendo comentários racistas sobre Ângelo Assumpção, ao lado dos colegas de seleção Fellipe Arakawa e Henrique Flores. “Seu celular quebrou, a tela quando funciona é branca… Quando ele estraga é de que cor?”, dizia Nory, em meio a risos, nas imagens.

“Preto!”, responderam os outros. “O saquinho do supermercado é branco. E o do lixo? É preto!”, continuaram. Com a má repercussão dos vídeos à época, Nory os excluiu de sua rede social e gravou um pedido de desculpas ao lado de Ângelo e dos demais atletas que participaram, e alegaram ter sido “uma brincadeira”.

Ângelo segue afetado pelo episódio

O episódio acabou sendo traumático para Ângelo Assumpção, e o desempenho dele como atleta sofreu as consequências. Em 2019, ele foi demitido e ainda segue sem um clube para disputar. Isso faz com que os internautas culpem Arthur Nory pelo fracasso da carreira de Ângelo, e se revoltem com os rumos distintos que cada um teve depois do ocorrido.

Com o assunto de volta à tona, Nory questionou, em seu Twitter: “É normal tanto xingamento, ódio e desejar o mal aqui no Twitter?”. A funkeira Valesca Popozuda respondeu: “Não é! Mas quando a gente erra, é melhor assumir o erro e pedir desculpas. Porque aqui no Twitter ninguém passa pano mais não. Vamos melhorar o discurso e assumir os erros. Beijos e boa sorte”.

Arthur se defendeu, dizendo que assumiu seus erros e que continua pagando por eles: “Eu errei e eu assumi. Paguei por ele e, até hoje, pago por isso! Nunca escondi meu erro e sempre busquei conhecimento para me tornar uma pessoa melhor. Eu não sou o mesmo de 5 anos atrás. Veja meu canal do YouTube, veja minhas postagens no Instagram…”.

Web discute situação de Arthur e Ângelo

O nome do ginasta artístico da seleção brasileira ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter nesta quarta-feira (21), com internautas ainda debatendo sobre o racismo de Arthur e a carreira de Ângelo Assumpção. “Arthur Nory, vou torcer contra em todas as ocasiões, racista não devia nem estar competindo”, disse uma pessoa.

“Esse é o país da ‘democracia racial’, enquanto Ângelo Assumpção teve sua carreira promissora na ginástica destruída, o racista Arthur Nory não sofreu nada, hoje ele está nas Olimpíadas representando muito bem o Brasil racista em que vivemos e ainda se faz de vítima. Só sinto ódio!”, comentou um internauta. Confira um pouco da repercussão:

Racismo é crime

De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é classificada como crime de racismo – previsto na Lei n. 7.716/1989 – toda conduta discriminatória contra “um grupo ou coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”.

A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, negar ou obstar emprego em empresa privada, além de induzir e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.

Já a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica, também é crime. Trata-se de injúria racial, crime associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima – é o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos. Quem comete injúria racial pode pegar pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la.

Edição: Giovanna Fávero
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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