Filhos da PUC: Bloco universitário traz pegada do Carnaval de Salvador para BH

bloco de carnaval filhos da puc
Filhos da Puc surgiu da união de universitários belo-horizontinos (Divulgação/Lucas Morandi)

Inspirado em bloco do Rio de Janeiro com pegada do Carnaval de Salvador, o bloco Filhos da PUC se formou em 2018 e caiu no gosto dos foliões, tanto que em seu terceiro desfile pelas ruas de BH arrastou cerca de 300 mil foliões atrás do trio elétrico.

O bloco, que traz a pegada baiana para o Carnaval BH 2023, é formado majoritariamente por universitários da PUC Minas. Mas a ideia surgiu de um rapaz que nem mesmo estudava na instituição.

Inspirado pela ideia de um bloco universitário, Patrick Cesário chamou a atenção para o bloco Filhos da PUC Rio, ativo no Rio de Janeiro. Em 2017, quando as primeiras discussões sobre a criação do bloco surgiram, o grupo de amigos de Patrick decidiu fazer a versão belo-horizontina do Filhos da PUC.

Estudantes unem forças para criar o Filhos da PUC

Os alunos se juntaram às associações e grupos de alunos para construir o bloco universitário. “Esse rapaz deu a ideia e a gente começou a se reunir, e convidamos o DCE, que passou a organizar junto com a gente. Em 2017, começamos a discutir esse bloco”, relembra Fernanda Souza, cofundadora.

“Na época, eu era do DCE do Barreiro e a gente tinha esse vínculo com o DCE do Coração Eucarístico, então a nossa ideia era unir todo mundo para conseguir promover essa festa”, conta Fernanda. “Sem essa união, o bloco não seria possível, tendo em vista que toda mão de obra veio diretamente dos alunos dos mais diversos cursos e tribos”.

A partir dessa união e da vontade de construir um bloco universitário, o Filhos da PUC reuniu 1 mil pessoas em um evento de pré-carnaval, e estimava que 5 mil pessoas acompanhariam o bloco. “Para a nossa grande surpresa, em fevereiro de 2018, a gente estava com cerca de 30 a 40 mil pessoas na rua”.

Filhos da PUC surgiu da ideia de um jovem que não estuda na universidade
Primeiro desfile do Filhos da Puc, em 2018 (Divulgação/Rafael Gaia)

Público cresce vertiginosamente

O público que participa do bloco foi crescendo nos anos seguintes, chegando a cerca de 100 a 150 mil foliões em 2019, e 300 mil, em 2020. Por causa do número de pessoas, o Filhos da PUC passou a fazer o trajeto na avenida Getúlio Vargas com Professor Moraes, até a altura da Praça da Savassi.

“Continuamos a fazer o que a gente já fazia, e, ao mesmo tempo que o bloco para a gente é uma manifestação cultural, a gente aproveita para trazer temas importantes, como o combate ao racismo, à homofobia, a qualquer forma de preconceito e a inclusão de todos, que eu acho que é disso que o Carnaval é feito”.

Público do Filhos da Puc no Carnaval de 2020 (Divulgação/Lucas Morandi)

Repertório do Filhos da PUC

O bloco toca ritmos variados para representar a diversidade do público. “A ideia é ser diverso, então tocamos funk, sertanejo, axé, hits de 1990, dos anos 2000, variedade é o que não falta. Importante frisar também a cultura afro, que traz essa origem do tambor e da bateria”, completa.

Dificuldades no percurso

Por ser um bloco universitário formado por muitos alunos, o Filhos da PUC encontrou dificuldades para ter seu nome firmado e não sofrer com as idas e vindas dos estudantes. “Por mais que seja um bloco de Carnaval, a gente tem essas responsabilidades sociais e fiscais com o poder público”, diz Fernanda.

O Filhos da PUC já teve cerca de 400 integrantes, incluindo alunos e ex-alunos da universidade. Por causa da pandemia de Covid-19, a cofundadora do bloco conta que o número diminuiu para aproximadamente 100 pessoas.

“Existe uma harmonia show e geralmente são alunos. Como são estudantes e esse tipo de trabalho não é remunerado – todo mundo ajuda e todo mundo constrói o bloco –, esse ano a gente ainda não teve a confirmação dos mesmos alunos”, aponta Fernanda.

Pegada de ‘Carnaval de Salvador’

Apesar das inevitáveis dificuldades, o Filhos da PUC tem a garantia de ser um dos blocos mais queridos do Carnaval de BH. Fernanda Souza acredita que o motivo de tanto sucesso é pelos formadores terem conseguido criar a vibe “Carnaval de Salvador” dentro do bloco belo-horizontino.

“A gente conseguiu trazer um pouco dessa pegada de Carnaval de Salvador, de juntar todo mundo, várias tribos, e, ao mesmo tempo, nós temos essa vertente de bloco universitário. A gente junta todo esse público universitário e nossa ideia é conseguir juntar mesmo todos os universitários e universidades”.

Zona Sul também é lugar da periferia

O fato do bloco desfilar na região Centro-Sul da capital gerou algumas críticas, segundo Fernanda. “Pediam para mudar o lugar do bloco e eu falava que a questão não é mudar o lugar do bloco. Por que a zonal Sul não é o lugar da periferia frequentar? É o lugar sim, temos que trazer esse conforto”.

“Esse é o nosso lugar, é o lugar de gente que quer respeito, que quer promover ações de significância social, que quer realmente chamar a atenção para aquilo que não concordamos, e para essas questões sociais que vem esmagando principalmente a juventude”, pontua Fernanda.

No Carnaval de 2023, a concentração do Filhos da PUC acontecerá na esquina da avenida Getúlio Vargas com a rua Professor Moraes, às 10h. O desfile vai começar às 12h, e às 16h, a folia do bloco se encerra.

Bloco se dividiu em dois

Em 2023, o Filhos da PUC se dividiu em dois por causa de discordâncias entre gestores atuais e antigos do DCE (Diretório Central dos Estudantes). Agora, os dois desfilam no mesmo dia, no domingo (19) de Carnaval, com diferença de uma hora. A briga está na Justiça.

Confira as informações dos blocos, de acordo com a programação oficial da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte):

Filhos da PUC (da atual gestão do DCE)
Endereço: avenida Olegário Maciel, 1801, Lourdes
Horário: 9h

Bloco Filhos da PUC MG
Endereço: avenida Getúlio Vargas, 792, Savassi
Horário: 10h

Edição: Pedro Rocha Franco
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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