Como já aconteceu em eventos anteriores, os pré-candidatos a governador trocaram as promessas por advertências e preveem apenas mais sacrifícios e cortes. Foi assim na 9ª edição do Conexão Empresarial, realizada em Tiradentes, entre os dias 14 e 17 de junho, e no 35º Congresso Mineiros dos Municípios, realizado em BH, entre os dias 19 e 20 de junho. Agora, no encontro dos municípios da Grande BH, iniciado, nessa quinta (12), na capital mineira, a estratégia se repetiu.
Em vez de promessas de melhorias, eles falam em cortes de cargos, de contratações e de investimentos. Além disso, expõem um quadro desanimador para o ano que vem em função do déficit fiscal do estado, que deverá ser um dos principais temas da campanha deste ano.
O governo estadual divulga, desde janeiro de 2015, que herdou um déficit de R$ 8 bilhões numa arrecadação de cerca de R$ 100 bilhões. Os antecessores e rivais tucanos sempre contestaram, dizendo que deixaram as finanças arrumadas. Agora, os pré-candidatos falam em déficit de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões para 2019, juntando todas as dívidas e atrasos do governo, com prefeituras, fornecedores, servidores e até com o poder Judiciário.
O encontro com os pré-candidatos é promoção da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel), em parceria com a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig). Nessa quinta, se apresentaram o tucano Antonio Anastasia e o pessebista Marcio Lacerda. Na próxima terça (17), será a vez do governador Fernando Pimentel (PT) e Rodrigo Pacheco (DEM).
Campanha cobra dívida com municípios
Os números da dívida do estado com os municípios já chega à R$ 6,8 bilhões, entre repasses constitucionais (ICMS e IPVA) e convênios atrasados. Por isso, a Associação Mineira de Municípios (AMM) vem apoiando os prefeitos em cobranças judiciais contra o governo e, nesta semana, lançou a campanha “Governo de Minas, pague os municípios mineiros!”.
A campanha foi resultado de deliberação entre os prefeitos mineiros durante o 35º Congresso Mineiro de Municípios, promovido pela AMM. O objetivo é mostrar para a sociedade a situação real que os municípios vêm enfrentando com a falta de repasses do governo mineiro. De acordo com o presidente da associação e prefeito de Moema, Julvan Lacerda, a falta de recursos no caixa municipal está impedindo os municípios de prestarem serviços de qualidade para os cidadãos.
Hora da verdade para o MDB mineiro
Chegou a hora da verdade para o MDB mineiro. Até então, ninguém sabia quem mandava ali, quem tem liderança de fato, especialmente depois que o presidente estadual e vice-governador Antônio Andrade rompeu com o governador Fernando Pimentel (PT) e, mais recentemente, o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, outra forte liderança do partido, também afastou-se do petista.
No entanto, diante de nova disputa eleitoral, com risco de o partido sair menor do que é hoje, os seis deputados federais e 13 estaduais se rebelaram contra Antônio Andrade e pediram a cabeça dele para a direção nacional, que pode decidir a qualquer momento pela intervenção. O que significa isso? É uma medida antipática, de força para atender ao apelo da bancada. O que os deputados mais querem é garantir a reeleição deles, a sobrevivência política deles e, para isso, querem uma aliança que os ajude a se reeleger nesse cenário de descrédito e de raiva do eleitor.
A bancada federal é, hoje, a instância mais forte de um partido, porque é, a partir do número de integrantes dela, que se define o tempo de televisão na campanha eleitoral e o tamanho do fundo partidário e do fundo eleitoral, que, com o fim do financiamento eleitoral por empresas, passou a ser a principal fonte de dinheiro de um partido. Daí a importância de ter bancada cada vez maior.
As bancadas gostariam de manter a aliança, já rompida, com o PT do governador Fernando Pimentel, que deverá tentar a reeleição. Hoje, a bancada estadual se diz fechada com a candidatura própria a governador de Adalclever Lopes, que poderia atrair outros partidos para uma boa composição, mas suas chances eleitorais não são animadoras. A bancada federal prefere reeditar a aliança com o PT. Antônio Andrade diz também que quer candidatura própria e que ele seria o candidato. Divulgou convocação para esta segunda (16), a fim de marcar da convenção que escolherá os candidatos. Enfim, uma torre de babel; por isso, o partido admitiu a incompetência pra resolver e apelou a Brasília que ganhou amplos poderes para intervenção. Está nas mãos de Romero Jucá, senador e presidente nacional do MDB.
TCE notifica Assembleia Legislativa e outros 44
O Tribunal de Contas do Estado vai notificar o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, e outros 44 prefeitos e gestores de órgãos públicos e entidades por omissão de informações obrigatórias em atraso sobre a folha de pagamento desde o ano passado. Os dados, que deveriam ser enviados mensalmente, são usados pelo Tribunal para detectar irregularidades, como acúmulo ilegal de cargos públicos. A advertência foi aprovada durante análise do processo 1.047.594 (Assunto Administrativo), relatado pelo presidente do TCE, conselheiro Cláudio Terrão.
Caso continuem inadimplentes após a notificação, o TCE irá aplicar multas aos responsáveis pelas contas públicas. Aparecem na lista, além de Adalclever, os gestores da Fundação Artístico Cultural de Betim e da empresa de transporte e trânsito da mesma cidade, entre outros.
Veja a lista completa AQUI.
Jornalista político; leia mais no Blog do Orion