Com o lançamento de sua pré-candidatura presidencial, o ex-juiz federal e ex-ministro de Bolsonaro, Sérgio Moro (Podemos), empacou o processo eleitoral ao ocupar o espaço da terceira via. Ele será ou não candidato a presidente pra valer? Será candidato ao Senado, o que seria uma eleição fácil?
Essas são as perguntas que fazem os demais concorrentes à terceira via, como Ciro Gomes (PDT), o governador paulista, João Dória (PSDB). E mais, especialmente, o presidente do Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco (PSD), o governador gaúcho, Eduardo Leite (ainda no PSDB), a senadora Simone Tebet (MDB).
Muita gente não acredita que o ex-juiz poderá ser candidato presidencial lá na frente, mas, cada vez mais, Moro vai fazendo um caminho sem voltas. Ele costuma dizer “não serei candidato ao Senado”. Por conta dessa possibilidade, essas outras pré-candidaturas subiram no muro, para não dizer no telhado, de modo a enxergar melhor o quadro.
Desistência é aguardada com torcida
Eles esperam, com ansiedade, pela desistência de Moro para tentar, depois, viabilizar a chance de ser a terceira via ocupada pelo ex-juiz. A expectativa é de que lá pra abril, Moro reavalie suas chances, ao perceber que a parada é dura e que não irá crescer mais do que desejava, levando-o a desistir.
Se assim for, os outros poderão pensar em alianças e nos próprios riscos de enfrentar a polarização ainda forte entre Lula (PT), que lidera as pesquisas, e Bolsonaro (PL), que patina na 2ª colocação.
Fora das estocadas que dá em seu ex-chefe (Bolsonaro), o alvo preferido de Moro tem sido Lula, até porque, como estratégia, a receita é mirar o primeiro para crescer junto e ser o contraponto. O ex-juiz só teria chances se ocupar o lugar que, hoje, está com Bolsonaro, para encarar o petista no segundo turno. Por isso, volta e meia provoca o petista e o chama ao debate e para briga. Lula finge que não é com ele, mas precisa começar a pensar porque sua estratégia toda está voltada para um único adversário, que é o atual presidente.
Primeiro bate-boca nas redes
Tanto é que, nesta quarta (19), Lula cedeu às provocações e trocou farpas com ele. O ex-presidente chamou o adversário de “canalha”, que respondeu usando o mesmo termo nas redes sociais. Ambos também usaram o termo “quadrilha”.
“Eu tive sorte que o povo brasileiro me ajudou a provar a farsa que foi montada contra mim em vida. Consegui desmontar o canalha que foi o Moro no julgamento dos meus processos. O (Deltan) Dallagnol (ex-procurador da Lava Jato), a mentira, o fake news, o PowerPoint da quadrilha. Tudo isso, eu consegui provar que quadrilha eram eles”, disse Lula ao abordar a condenação que sofreu na Lava Jato, mas depois anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O pré-candidato do Podemos reagiu nas redes sociais. “Canalha é quem roubou o povo brasileiro durante anos e quem usou nosso dinheiro para financiar ditaduras. E quadrilha é o nome do grupo que fez isso, colocado por você, Lula, na Petrobras. Você será derrotado. Só ofende pois não tem como explicar a corrupção no seu governo”, disparou Moro.
Outras estratégias
Dos outros nomes da terceira via, apenas Ciro ataca Moro, que ocupa o espaço que antes era dele. Volta e meia, Ciro o chama para debates. Aí, é Moro que finge que não é com ele, fixado que continua em Lula. Bolsonaro, de sua parte, bate em Lula e em Moro, para mostrar que ainda está vivo e garantir passagem para o segundo turno, na esperança de fazer o duelo dos extremos.